A verdade começa a aparecer

Walter Campbell ficou muito preocupado vendo o Estello Schneider chorando daquele jeito, então sentou ao lado dele, passou a mão sobre as suas costas e perguntou:

- O que aconteceu Estello, pra você está desse jeito?

O Estello Schneider respondeu:

- Hoje eu fui na casa do César Bellini, e lá vi uma menina de uns dez anos de idade, ela era igualzinha a minha irmã, só que em versão menor. Depois vi outra garota um pouco mais nova que a Marinny e que também parecia com ela, só que essa tinha os olhos mais claros iguais aos meus. Será que a minha mãe Estella teve um caso com o pai daquelas garotas?

E o Estello Schneider continuou dizendo:

- Eu e a Marinny nunca conhecemos o nosso pai, a minha mãe sempre falou que ele morreu quando éramos bem pequenos e nunca nos mostrou nada sobre ele nem se quer uma foto. Mais agora depois que vi aquelas duas garotas eu não consigo parar de pensar que talvez o nosso pai ainda esteja vivo. É muita coincidência que aquelas garotas sejam parecidas com a Marinny, principalmente a Mariane foi assim que ela me falou que se chamava.

O Walter Campbell ficou em silêncio ouvindo essas palavras vindas do Estello Schneider, depois falou para ele:

- Estou surpreso com tudo isso que você acabou de me contar. E eu não sei nem o que dizer sobre isso, são tantas coisas que estão acontecendo nesse momento, mais se você quiser nós podemos ir agora na casa desse César Bellini para esclarecer-mos essa história de uma vez por toda, talvez o fato dessas garotas serem parecidas com a sua irmã seja apenas uma coincidência.

O Estello Schneider olhou para o Walter Campbell por alguns segundos e depois perguntou:

- O senhor está disposto a ir mesmo até lá comigo?

O Walter Campbell respondeu:

- Mais é claro que sim, você é meu filho e nunca vai deixar de ser, você sabe que aqui nos sempre o consideramos o nosso filho não é?

O Estello Schneider respondeu enquanto abraçava o Walter Campbell:

- Mais é claro que eu sei, e eu amo o senhor e a Cláudia como se fossem os meus verdadeiros pais.

O Walter Campbell sorrindo falou:

- Vamos lá então esclarecer essa história!

O Estello Schneider respondeu:

- Vamos então.

E assim que o Walter Campbell trocou de roupa os dois foram para a casa do César Bellini, não falaram nada sobre isso para a Cláudia Campbell apenas disseram que iam sair para resolver uma coisa e voltariam mais tarde.

Quando chegaram na casa do César Bellini, uma empregada abriu o portão, eles deixaram o carro estacionado lá fora mesmo e entraram andando, os dois estavam um pouco nervosos. Assim que a Sílvia viu os dois convido-os para entrar e se acomodarem no sofá. O Walter Campbell e a Sílvia não se conheciam ainda e o Estello Schneider os apresentou. O Walter Campbell que era um homem que prestava atenção nos pequenos detalhes viu de imediato uma foto de família numa moldura com a Sílvia e outras pessoas e na foto ele percebeu as duas garotas que realmente eram parecidas com a Marinny Schneider e achou também que o Estello Schneider se parecia muito na aparência com alguns homens daquela foto. O Walter Campbell ainda continuou olhando de longe para a foto quando o César Bellini apareceu e ficou mais uma vez surpreso com a visita do Estello Schneider novamente. A Sílvia apresentou o Walter Campbell ao seu marido César Bellini que logo se sentou num sofá de frente para eles dois, a Sílvia foi até a cozinha buscar café e biscoitos. E na sala ficou apenas os três sem graça olhando um para o outro sem saber como dar início a uma conversa. Para sair dessa situação constrangedora o Walter Campbell foi logo perguntando ao César Bellini sem rodeios:

- Essas pessoas na foto são da sua família?

O Estello Schneider olhou depressa para o Walter Campbell de um jeito meio envergonhado com a pergunta direta que ele fez.

O César Bellini gentilmente respondeu:

- Sim, mais nessa foto tem apenas alguns, a minha família é muito grande.

O César Bellini foi até o móvel, pegou a moldura com a foto e entregou nas mãos do Walter Campbell que recebeu sem nenhuma cerimônia e ficou olhando para cada rosto naquela foto.

Nessa altura o Estello Schneider estava com muita vergonha daquela situação pois o Walter Campbell era um homem muito direto nas palavras e não resolvia as coisas de maneira mais cuidadosa.

Ainda segurando a moldura com a foto nas mãos, o Walter Campbell apontou o dedo para uma senhora que estava abraçada com a menina que era o clone perfeito da Marinny Schneider e perguntou ao César Bellini:

- Quem é essa senhora abraçada com essa menina, é a mãe dela?

O César Bellini já estava entendendo o rumo daquela conversa, pois percebeu que o Walter Campbell também estava curioso devido o Estello Schneider e a sua irmã serem muitos parecidos com as pessoas da família Bellini, então o César Bellini sentou ao lado do Walter Campbell pegou a foto da mão dele e respondeu:

- Sim, essa é a minha cunhada Helena, e esse é o meu irmão Marlon são os pais da Mariane e da Marina. Eles também tiveram outros dois filhos antes, o primeiro foi um menino que nasceu quando a minha cunhada estava na companhia de uma amiga de infância e a bolsa dela estourou de repente, ela já estava com oito meses de gravidez mais mesmo assim o bebê não resistiu e morreu durante o parto. A minha cunhada ficou muito arrasada, foi um período muito difícil pra toda a família. Dez anos depois ela engravidou novamente, dessa vez era uma menina, o meu irmão ficou muito feliz com essa nova oportunidade de se tornar pai, ele mesmo pintou o quarto todo de rosa e estava cuidando muito da Helena para que dessa vez tudo desse certo. Quando chegou a hora da bebê nascer tudo estava normal, assim que a criança nasceu uma médica disse que a bebê precisa de cuidados especiais e a levou para uma outra sala, minutos depois voltou dizendo que infelizmente a bebê não resistiu, que havia morrido de alguma complicação logo após o parto, e perguntou se a minha cunhada queria ver a criança. Ela recebeu uma criança morta nos braços e ficou destroçada mais uma vez, vi pessoalmente o sofrimento do meu irmão e da Helena. Foi o período mais difícil que tivemos que enfrentar. Quatro anos depois eles resolveram tentar de novo, se mudaram para um outro país e ficaram por lá e a Marina nasceu trazendo uma nova alegria para todos nós. E depois de muitos anos tiveram a Mariane, ela já tem dez anos.

O Estello Schneider e o Walter Campbell ouviam atentamente tudo o que o César Bellini estava falando. Depois a Sílvia chegou com o café e biscoitos serviu a cada um deles e depois sentou ao lado do marido e perguntou:

- Do que vocês estão conversando?

O seu marido César Bellini respondeu:

- Estou contando a eles sobre a morte dos bebês do meu irmão e da Helena.

Ela falou:

- Foi uma época muito difícil.

O César Bellini também aproveitou a ocasião para perguntar ao Estello Schneider se a sua mãe Júlia Belmont conhecia alguém da família Bellini.

O Estello Schneider respondeu um pouco sem jeito:

- A Júlia Belmont não é a minha mãe.

A Sílvia então perguntou:

- Você e a Marinny são filhos apenas do Oswaldo Belmont?

O Estello Schneider respondeu mais uma vez:

- Não, os Belmont não são pais biológicos da Marinny, eu ganhei uma bolsa de estudo na melhor universidade dessa cidade e vim pra cá para estudar, eu era colega do Wando e logo nos tornamos bons amigos. E como eu estava ficando sem dinheiro o Wando me chamou para morar na casa dele. E tanto o Walter como a Cláudia se tornaram meus pais de coração. A minha irmã foi adotada pelos Belmont quando ela já estava com doze anos. A Júlia não podia ter filhos, a Marinny se tornou a filha que ela sempre desejou ter.

O César Bellini estava surpreso com aquela história e perguntou:

- E os seus pais Estello, onde estão agora?

O Estello Schneider respondeu:

- Nunca conheci o meu pai, a minha mãe falava que ele morreu quando eu e a Marinny éramos ainda pequenos.

A Sílvia perguntou:

- E a sua mãe, conhecia alguém da família Bellini?

O Estello Schneider respondeu:

- Eu não sei, ela não nos falava muita coisa, não tenho mais nenhum contato com ela há muitos anos, sei que é errado falar isso mais eu a odeio tanto, não queria nem que ela fosse a minha mãe.

A Sílvia muito curiosa perguntou mais uma vez:

- Mais porque você diz isso da sua mãe?

O Estello Schneider respondeu:

- Você não conhece a dona Estella, ela é uma pessoa horrível e tem uma mente muito doentia.

O César Bellini ao ouvir o nome Estella, ficou com o rosto vermelho e perguntou olhando nos olhos do Estello Schneider:

- Mais a sua mãe por acaso não se chama Estella Duarte não é?!

O Estello Schneider respondeu:

- Sim, o nome dela é esse Estella Duarte nunca entendi de onde veio o sobrenome "Schneider" que eu e a minha irmã recebemos, talvez tenha vindo do nosso pai.

Ao ouvir aquelas palavras do Estello Schneider a Sílvia deixou a xícara com o café cair ao chão e começou a tremer e a chorar perguntando ao marido se tinha como a Estella Duarte ter trocado os bebês e ter ficado com os bebês da Helena enquanto ela ainda chorava pelas mortes deles.

O Walter Campbell e o Estello Schneider não sabiam o que fazer, estava tudo confuso, a Sílvia estava como se estivesse em choque e chorava como se sentisse uma dor profunda.

A Sílvia e a Helena tinham uma forte amizade, foi a Sílvia que estava ao lado dela ouvindo o lamentável choro por causa da morte prematura do filho, e depois chorou com a Helena a morte de mais um bebê. Agora a Sílvia tinha descoberto a verdade, não sabia como, mais a Estella Duarte trocou o bebê vivo da Helena por um bebê morto, e dez anos depois conseguiu fazer essa troca novamente, deram uma bebê morta a Helena enquanto levaram a bebê viva para a Estella. A Sílvia estava com um turbilhão de pensamentos e emoções, não se contendo desmaiou.

O Estello Schneider e o Walter Campbell estavam paralisados, tentando colocar em ordem com os pensamentos todas as palavras ditas pela Sílvia. Só voltaram a si para ajudar o César Bellini a prestar socorro a Sílvia que desmaiou devido a intensa emoção.

A empregada telefonou para o médico da família, o Estello Schneider ajudou o César Bellini a acomodar a Sílvia desfalecida no sofá. Nessa hora o Walter Campbell não sabia se tinha sido uma boa idéia ter vindo aquela casa com o Estello Schneider. Às vezes a verdade é muito surpreendente e dolorosa.

Aos poucos a Sílvia foi acordando, depois que ela já estava mais corada o César Bellini quiz levá-la para o quarto, mais ela se recusou segurou na mão do Estello Schneider e disse que não o deixaria ir embora, falou que ia levá-lo até o Marlon e a Helena que eram os seus verdadeiros pais. O Estello Schneider não sabia o que dizer, tentou soltar a mão dela mais ela não o soltou.

As coisas pareciam confusas, então o César Bellini pegou um álbum de fotografia antiga, mostrou umas fotos da Estella Duarte de muitos anos atrás ao lado da Helena e disse que as duas eram grandes amigas de infância. O Estello Schneider reconheceu a sua mãe Estella imediatamente apesar dela estar muito jovem naquela foto, e começou a acreditar que ele e a sua irmã foram tirados da sua verdadeira mãe. Ao descobrir essa dolorosa verdade, ele abraçou a Sílvia e os dois choraram bastante.

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