Lucas, você está bem? - Alexia dizia ao sentar-se do meu lado, estávamos do lado de fora do shopping, na calçada, escorados na parede, próximo ao estacionamento, eu estava com falta de ar e minha cabeça encolhida entre meus braços, meu coração estava acelerado, eu não conseguia falar e uma lágrima escorreu.
Senti a mão de Alexia acariciando meu braço, suas mãos eram macias. Conseguindo alcançar meu queixo tentou erguer minha cabeça.
- O que foi? Você estava rindo, de repente ficou assim.
Eu ainda não conseguia dizer nada mas meu coração estava se acalmando.
- Relaxa, não precisa me dizer nada, respira fundo. - Sua voz era doce, estava acariciando meu braço.
Depois de mais ou menos cinco minutos eu já estava melhor.
- Eu quero ficar sozinho, por favor.
- De jeito nenhum que vou deixar você assim sozinho, venha, quero te mostrar uma coisa. - Alexia estava em pé esticando seu braço pra me ajudar a levantar, eu não hesitei e aceitei sua ajuda. Ela me levou para dentro do shopping novamente, para o lado oposto de onde nós estávamos.
Passamos por várias pessoas, até o fim próximo aos banheiros, ao lado de um dos banheiros havia uma porta fechada com um papel escrito: Apenas Funcionários.
Alexia abriu a porta e me levou para dentro. Era um corredor pequeno e no fim havia uma saída para os dois lados.
- Você está louca? Não podemos entrar aqui. - Eu sussurrei mas ela me ignorou, viramos para a direita em direção a um corredor mais amplo, no fim havia um elevador, Alexia chamou e esperamos alguns segundos até ele abrir a porta. Pela primeira vez ela estava em silêncio, e eu até que estava gostando.
Subimos e a porta se abriu, saímos em frente a um corredor amplo com uma parede de vidro, onde dava para ver outros prédios e fomos em direção a uma pequena escada.
Estava tudo muito silencioso, vazio.
- Chegamos. - Disse Alexia ao subir até o que parecia ser o teto do shopping, ela segurou minha mão e me levou até a ponta do prédio. Respirei fundo, pude ver quase a cidade toda, a vista era incrível.
- Gostou? Eu amo vir aqui, a vista é linda, não acha?
- É, sim! - Eu disse ao virar para ela, ela estava começando a me fazer bem, eu já havia tido outras crises antes mesmo de Emily falecer, mas tudo agravou após sua morte. Era a primeira vez que eu conseguia me controlar em alguns minutos. Geralmente eu estava sozinho, dessa vez estava com ela.
- Estou com fome, já deve ser mais de meio dia. - Ela disse ainda olhando para a vista, eu não conseguia tirar os olhos dela. - Vamos almoçar?
Percebi meu estômago vazio.
- Eu topo.
Então voltamos pelo mesmo caminho que viemos, mas ao abrir a porta do elevador quando descemos, duas senhoras com uniformes que não consegui reconhecer gritou:
- Hey! Quem são vocês? Não deveriam estar aqui!
Alexia pegou minha mão e me puxou, começamos a correr para o último corredor antes da porta quando alguém a abriu, um homem com o mesmo uniforme das senhoras, empurramos ele, sem querer, e consegui soltar um "Me desculpa" antes de sair pela porta.
Quando conseguimos distância até o outro lado do shopping, eu e Alexia estávamos ofegante, ela não parava de rir, e eu por incrível que pareça também não.
- Você é louca.
- E você me adora.
- Vai sonhando. - Eu disse enquanto íamos direto para a praça de alimentação.
Comemos um lanche qualquer, enquanto falávamos de algo relacionado aos animais da África. Alexia estava começando a ser uma companhia bem agradável.
- Então - Disse ela enquanto estávamos bebendo o refrigerante. - O que você faz da vida, Lucas?
- Eu sou gerente de uma loja aqui no centro da cidade mesmo, loja de móveis, mas não como aqueles que a gente viu, os da loja sao um pouco mais simples, e você?
- Eu não gosto de falar de mim. - Ouvi um vibrado de celular, Alexia leu mensagem em seu celular e sorriu. - Tenho uma festa hoje, vamos?
- Primeiro, eu quero meu celular, segundo, eu não gosto de festas!
- E o que estava fazendo naquela festa ontem? Foi procurar a tal da Emily? - Parei por alguns segundos, eu não poderia culpa-la pela pergunta mas culpei - O que aconteceu? Ela realmente te traiu ou o que? - meu estresse veio a tona e eu percebi que ainda estava diante daquela garota infantil e irritante que conheci ontem.
- Chega de perguntas, obrigado pelo celular, eu não podia mesmo ficar sem, eu tenho que ir agora, tenho muitas coisas para fazer. - Eu disse de uma forma ríspida quando peguei meu celular de volta e levantei.
- Adeus. - Estendi a mão e a cumprimentei.
- Que coisa mais brega, até logo!
Saí sem olhar para trás, mas sei que ela ficou na mesa me encarando enquanto tomava seu refrigerante. Chegando no carro, liguei e saí, fui direto para casa ficar sozinho, sem aquela garota, sem ninguém.
Chegando em casa me joguei no sofá, comecei a mexer e a tentar entender aquele celular, não era tão difícil, foi quando cheguei na galeria, havia três fotos: uma sozinho olhando para alguns lustres, outra com ela um pouco a minha frente, sorrindo, e outra no sofá daquela loja, ela estava segurando minha mão.
Me peguei sorrindo ao olhar as fotos.
- Ótimo, agora eu tenho quinze anos de novo?- eu disse deixando o celular de lado e fechando os olhos.
***
- Você não tem o direito de me trocar por aquela garota estranha! - Emily disse enquanto estavamos deitados numa cama de casal, ela estava com um lençol enrolado em seu corpo, aparentemente estava nua. Era o dia da nossa primeira vez. Ela olhava para mim com um olhar de raiva.
- Eu te odeio, Lucas! Foi tudo culpa sua! - Emily gritou enquanto subia em cima de mim para de atacar. Em um susto, acordei.
***
Estava um pouco mais escuro, já era o entardecer, senti aquela dor que aquele sonhos me causavam, eu não suportava mais aquilo, era doloroso demais para mim, ouvir da boca de Emily que ela me odiava, eu sabia que tudo o que tinha acontecido era culpa minha, talvez se eu estivesse com ela, ela estaria viva, estaria comigo, aqui, agora.
Levantei e fui até a cozinha colocar água para ferver, queria fazer café, estava precisando.
Quando voltei para o sofá com meu café, tomei um gole e fiquei olhando para o nada por alguns instantes, até que alguém bateu na porta, de um jeito desesperado.
Levantei desesperado e para a minha surpresa, Alexia estava escorada na parede, ela estava com uma regata branca, e uma calça jeans, a maquiagem estava forte como sempre, e seus cabelos pretos estavam lisos e soltos.
- E aí, meu amor, está pronto?
- Meu o que? Pronto pra que? O que está fazendo aqui? - Eu estava realmente confuso.
Alexia passou por mim e entrou sem eu ao menos oferecer.
- Pra festa que te chamei, você ainda está com a mesma roupa? Não importa, vai assim mesmo.
- Eu não vou, Alexia. Já disse, não gosto de festas.
- Por favor, vamos um pouco, depois podemos ir a outro lugar se você quiser.
- Você não tem medo? Quero dizer, ontem um cara tentou... bem, você sabe!
- Não tenho, você vai estar lá pra me salvar, por favor, Lucas, só hoje, vamos? - Ela começou a insistir.
- Não sei, não!
- Olha prometo não falar muito. Por favor.
- Tá legal, você é insuportável!
Alexia comemorou com alguns pulinhos e batendo leves palmas.
Fui em direção ao balcão da cozinha para pegar minha chave, quando ela disse com um sorriso de canto de boca:
- Não precisa, eu vou levar a gente hoje.
...
Saindo do apartamento pude ver um porsche de algum ano qualquer, azul. Olhei para ela sem entender nada.
- Eu não roubei! É do meu padrasto, ele me emprestou.
- Agora sim estou aliviado. - Eu disse em tom de ironia. - Já me passa o endereço da sua casa, por que eu não quero trazê-la para a minha casa novamente.
- Eu não vou beber hoje, quer dizer, não muito!
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Cristina Lang
Ela é muito espontânea, estou com dó dele que fica tendo esses pesadelos.
Autora faça ele contar o que aconteceu quem sabe assim ele melhora.
2024-01-15
1
Priscila Alves
eu queria ser assim como ela,espontânea e determinada kkk
2021-12-13
6
Maria Iria Trevisan
ela parece bem legal
2021-12-13
1