Seu Jeito De Ser

Seu Jeito De Ser

Capítulo 1

Eu mal conseguia ficar em pé naquele altar, a igreja estava cheia de familiares e amigos, meu melhor amigo Roy estava um pouco atrás de mim com sua namorada Amanda, eles faziam parte dos meus padrinhos, assim como Suzana e Arthur, meu coração estava simplesmente acelerado a espera de minha amada, Emily, minha melhor amiga desde sempre, crescemos juntos, minha primeira e única namorada, e agora estava prestes a se tornar minha esposa.

A mãe de Emily, tia Cássia, estava ao lado esquerdo do Padre, ela sempre foi como uma mãe para mim, perdi meus pais aos doze anos e fui morar com meu tio ao lado da casa da senhora Cássia, foi ali que nos conhecemos, a princesa do bairro, a garota mais linda.

Nosso primeiro beijo foi aos 15 anos, estávamos de baixo de um pé de manga que havia no meio da pracinha, ela estava linda com aquele vestido azul florido, cabelos loiros e longos, olhos verdes brilhantes, estava com um sorriso que eu amava, sempre foi sincera nas suas emoções, não conseguia esconder seus sentimentos.

Desde aquele dia nós não nos separamos mais, estudamos juntos no mesmo lugar até o ensino médio, depois ela foi para faculdade de Engenharia da cidade mesmo, e começou um estágio numa empresa, se formou, um ano depois a pedi em casamento num churrasco de família, e aqui estou, aguardando-a no altar.

Quando a marcha nupcial foi iniciada, Emily começou a entrar, todos da igreja se levantaram, quando eu a vi, ela estava como a princesa do bairro que eu havia conhecido, seu vestido era perfeito, seus cabelos estavam soltos e ela estava com aquele sorriso que eu conhecia bem.

Se aproximando de mim, Emily me olhou e de repente seus olhos se tornaram escuros e sombrios, seu sorriso desapareceu, olhei em volta e a igreja estava vazia, o padre, os padrinhos e todos os convidados haviam sumidos. Estava apenas nós dois.

Voltei meus olhos para Emily, ela chorava, chorava sangue, jogou desesperadamente o buquê no chão e saiu correndo, tentei segurá-la, mas inutilmente, então antes de chegar a porta ela caiu, dura e fria, fui até ela chorando sem entender nada, me ajoelhei e implorei para   Deus mandá-la de volta, sem respostas, a abracei chamando seu nome e nada, nenhuma reação, nenhum sorriso.

Olhei ao meu redor e a igreja começou a pegar fogo, a fumaça era grande e entrava em minhas narinas, quando ouvi alguém falando meu nome, então acordei.

Eu estava suando frio e desesperado, sentei na cama e olhei ao meu redor, meu coração parecia que iria sair pela boca, mas não era a primeira vez que eu sonhava com ela, Emily, a minha princesa.

Sentado naquele quarto pequeno, vazio, com uma cama de solteiro, comecei a pensar nos seus últimos dias, e quão doloroso foi ficar naquela casa sem ela, por isso resolvi vender, não iria aguentar viver na mesma casa em que Emily e eu vivemos nove meses incríveis, aluguei um apartamento pequeno e simples, perto do meu serviço e comprei um celta antigo duas portas.

Tentando esquecer aquele pesadelo que sempre tenho desde que ela se foi, pensei no meu dia, era aniversário do Roy, ele iria me procurar hoje o dia todo, com medo de eu perder mais uma das suas grandes festas. Meus pensamentos foram interrompidos com alguém batendo a porta.

- Lucas, meu filho, está aí?

Era a voz da tia Cássia, me trouxe um pouco de paz ouvi-la, ela vinha pelo menos duas vezes na semana para ver como eu estava, em dois anos desde que Emily se foi, tia Cássia nunca me deixou, mesmo morando do outro lado da cidade. Abri a porta e ela estava com o cabelo penteado e cheio de presilhas, tinha um olhar sempre gentil, entrou em casa, me deu um beijo na bochecha e foi até a cozinha.

- Já tomou café? Vou preparar para você.

Disse ela suavemente.

- Acabei de acordar, na verdade, estava indo para o banho.

- Meu querido, hoje é domingo, você precisa sair um pouco, o dia está lindo. A propósito, não esqueceu do aniversário do seu amigo Roy hoje né?

- Não, tia! Apesar de não querer ir, eu irei – gritei antes de fechar a porta do banheiro.

- Ótimo!

Após um banho de vinte minutos, abri a porta do banheiro, senti o aroma do café, que também me trazia um pouco de paz, vesti minha camiseta cinza de sempre e um jeans batido e fui para cozinha, tia Cássia estava sentada no meu sofá marrom velho, lendo uma revista e tomando café, peguei uma xícara para mim e sentei ao seu lado, ficamos em silêncio por uns cinco minutos, para mim era reconfortante, mas para ela...

- Ah! Pelo amor de Deus, Lucas! Estou de luto a dois anos, mas nem por isso deixei de viver, você tem vinte e sete anos, você não sai mais, não namora mais ninguém, você está vivo Lucas e ainda é muito novo, Emily não iria gostar de te ver assim.

Eu apenas fiquei olhando para ela por alguns segundos, não sabia o que dizer, as pessoas quando dizem essas palavras geralmente estão certas, mas eu não estava preparado para isso ainda.

- Ela é insubstituível, tia Cássia. – Consegui dizer depois de algum tempo, e tomei um gole de café.

- Eu sei, meu querido, eu sei.

Ficamos em silêncio por alguns minutos até ela se levantar e ir até meu quarto.

- A senhora não precisa arrumar nada, pode deixar que eu cuido disso depois.

- Até parece, você me disse o mesmo terça-feira.

Me levantei para começar a organizar tudo, ajudando a limpar as prateleiras da sala com alguns livros que Emily gostava, pude sentir lembranças boas percorrendo meus pensamentos.

- Está animado para hoje?

Olhei para ela sem entender.

- O aniversário, esqueceu? – disse tia Cássia com tom de preocupação.

- Ah! Não esqueci, eu vou dessa vez, se não ele me mata, mas sabe o que me irrita?

- As garotas que Roy empurra para você?

- Exatamente. – Eu disse ao ajeitar o último livro. – Eu não sei por que ele não me entende, eu não quero conhecer ninguém agora, estou bem assim.

- Ah! Meu filho, ele só está preocupado com você, mas vai, veste sua melhor roupa, e aproveite a festa, você merece. – Então tia Cássia foi para a cozinha lavar as xícaras que usamos.

O restante da manhã foi tranquilo, terminamos tudo, ela perguntou se queria que preparasse o almoço e eu disse que não, não queria abusar dela, pois já tinha um pouco de idade, precisava descansar. Tia Cássia se despediu e foi para seu carro.

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Comments

Maria Iria Trevisan

Maria Iria Trevisan

comecei a leitura

2021-12-12

6

Bruu

Bruu

começando!!🤩

2021-03-29

6

Ver todos

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