capítulo 11

Estava nervosa, minhas pernas não paravam de tremer, estava me controlando para não roer as unhas de tão ansiosa que estava.

Marcelo e eu estávamos distantes de novo, depois que voltamos para casa o antigo Marcelo também voltou, ficando ocupado demais para mim e para qualquer outra coisa, fiz de conta que nada estava acontecendo, não queria me aborrecer de novo.

Ele queria conversar sobre nosso futuro filho, e eu não queria mais brigar com ele sobre isso, iria fazer os exames mesmo que ele não quisesse, e se eu estivesse okay, ele teria que fazer algo, iria me dar esse filho não importava a forma que fosse.

Era por isso que depois e três semanas em casa tive coragem de marca uma consulta com um médico na clinica que Regina me indicou, era uma segunda feira as sete e meia, e eu estava nervosa, odiava médicos ou qualquer coisa relacionada a eles.

Estava com medo dos exames, e dos resultados basicamente com medo de tudo, mais tinha ser corajosa, ao menos por mim mesma.

Olhei a mensagem de Regina no celular, e sorri com a foto mandada por ela de Melinda sorrindo com a boquinha banguela. A cada foto, a cada aproximação da minha afilhada na minha vida, eu ficava ainda mais ansiosa por um filho, queria viver tudo que Regina estava vivendo.

R\= já te chamaram? - perguntou ela ansiosa igual a mim, se fosse por ela estaria aqui segurando minha mão, mais Melinda era novinha demais para estar passeando por aí.

C\= ainda não, demora demais! Estou tão nervosa Regina, com medo na verdade do que pode acontecer.

R\= não fique, pense nisso como um desenvolvimento de uma gravidez, é o começo de tudo, seu bebê está próximo, se pensar assim o medo vai passar.

Regina era tão sabia, sabia dar bons concelhos, por mais que as vezes eu não a escutasse mais ela insistia em abrir meus olhos.

C\= vou tentar pensar dessa forma, quando eu sair daqui vou passar aí quero aproveitar minha bonequinha

R\= vamos adorar sua visita, Cecília Pedro perguntou novamente sobre a vaga na empresa, você já pensou a respeito, seria uma boa ideia nesse momento.

Pedro não tinha desistido, e eu havia esquecido disso, queria trabalhar ocupar minha cabeça com outras coisas que não fossem casa e Marcelo e seus problemas.

C\= ainda estou pensando, mais acho que você tem razão.

R\= eu sempre tenho, boa sorte #vemlittlebaby

Regina havia criado uma # para meu bebê, estávamos na torcida a tanto tempo que nem me lembrava mais disso, sorri comigo mesma e guardei o celular pois meu nome foi chamado.

♡♤♡♤♡♤

Entrei na sala do médico, doutor Daniel Romano, ele era obstetra e também era especialista em reprodução humana. Fiquei a espera dele, mais o mesmo iria demorar mais um pouco pois estava terminando uma inseminação numa paciente.

Enquanto esperava o médico voltar, dei uma boa olhada no consultório dele, os diplomas pendurados nas paredes, de cada especialização que ele havia feito. Até de prêmios que ele havia ganho, parecia ser mesmo um médico renomado e famoso demais para o meu gosto.

Suspirei um pouco entediada, ele estava demorando demais e meu nervosismo quase me fez desistir e ir embora, mais respirei fundo e fiquei esperando. Talvez a imponência grande desse médico me deixasse com receio, ele era especialista de infertilidade de pessoas famosas, não que eu não tivesse dinheiro, tínhamos, mais o caso não era esse, mais sim ele se interessar pelo meu problema.

Estava pensando demais, tinha que relaxar ou iria enlouquecer. Continuei espionando o consultório e olhei os desenhos nas paredes, coisas que crianças iriam adorar, e algumas fotos, se aquele homem das fotos fosse o médico eu tinha ido parado no paraíso, ele era muito bonito até mais do que meu próprio marido, que iria me perdoar por achar outro homem mais bonito do que ele, mais afinal ele era.

A porta se abriu bem na hora que eu estava colocando o porta retrato do médico no lugar, o médico me encarou com um olhar de curiosidade, pois devia estar se perguntando em sua mente o que uma completa estranha estava a admirar sua foto. Senti meu rosto esquentar e me afastei da mesinha de fotos e me mantive parada no lugar.

O doutor Daniel vestia uma roupa hospitalar azul marinho escuro, a camisa estava passada por dentro da calça que deixava suas pernas apertadas e mostrava demais o que não devia, ele usava um óculos que tinha louco grau, pois seus olhos verdes ficavam do tamanho certo neles. Os cabelos dele estavam um pouco bagunçados mais mantinham alguns fios no lugar o deixando com charme necessário.

Ele mantinha os braços fortes cruzados ainda sem entender o que se passava em seu consultório, tinha um relógio grande e que era bastante caro no pulso, ele marcava não somente o horário local, como também o de outras duas cidades.

Seu rosto mantinha o tom firme e sério, mais ao entrar mais no consultório fechou a porta atrás de si e soltou um sorriso que iluminou o ambiente inteiro, pois seus dentes eram tão brancos que deixava seus lábios carnudos ainda mais encantadores no sorriso.

_ bom dia senhora gomes, desculpe pela demora, mais tive que colocar um bebê na senhora Sampaio. - explicou ele indo para sua mesa, parecia tão espontâneo e tão íntimo que nem se importou muito com minha presença.

Virei meus calcanhares de encontro a mesa e acompanhei seus passo, ele agia naturalmente em tudo que fazia, organizou os papéis que estava em sua mesa colocando tudo em ordem de maneira rápida, pegou o jaleco branco que estava em sua cadeira e o colocou pegando também o estetoscópio no pescoço. Ele tinha enfeites infantis. Sorri de lado por isso.

Antes de se sentar veio até mim e estendeu a mão na minha direção.

_ desculpe a correria, hoje tem muitos bebês a caminho, sou doutor Daniel Romano obstetra e especialista em reprodução humana, pediatra nas horas vagas e nos estudos da fertilização assistida, é um prazer conhece-la - ele falou tão rápido que sua voz entrou pelos meus ouvidos mais eu só conseguia olhar para os lábios dele e mexendo.

Sua voz tinha um timbre suave, não era grave demais, mais sim rouca e masculina, mostrava bem sua virilidade para quem quisesse ouvir. Acordei do transe com ele me chamando.

_ a senhora está bem? Esperou demais? - apertei a mão dele em resposta e sorri de volta.

_ um pouco, mais entendo o quanto o senhor é bastante ocupado. - agora eu parecia uma tonta, ele pareceu não notar ou fingia bem isso.

_ as vezes sim, bom sente-se, temos muito o que conversar quero que me conte tudo antes de começamos - ele deu a volta nos calcanhares e se sentou em sua cadeira que girava para onde ele quisesse ir. Me sentei a sua frente e cruzei as pernas, ele estava focado em meu rosto, nem piscava apenas me dava atenção que não recebia.

_ bom nem sei por onde começar.

_ comece me dizendo a quanto tempo está tentando engravidar! - ele pegou um tablet que era maior que meu celular e muito.

Tentei me lembrar de quando realmente comecei a contar de quanto tempo fazia que eu e Marcelo estavamos de fato tentando ter um filho, será que o começo do nosso casamento contava? Ou eu deveria contar apartir da viagem ao Rio? Suspirei e parei de sorrir, pois me dei conta de que nunca tentamos de verdade Marcelo nunca teve tempo para que agente tentasse mesmo uma Família.

Olhei para o médico e tive vontade de ir embora novamente, pois estava ali sozinha Marcelo não me acompanhou porque para ele isso era bobagem e perda de tempo.

_ então, a quanto tempo estão tentando? - ele perguntou novamente esperando minha resposta, eu não sabia o que dizer.

_ eu e meu marido tentamos pouco, então não sei ao certo o tempo correto. - responde com vergonha. O médico digitou em seu tablet e seus dedos longos eram ágeis na digitação.

_ entendo, bom para ser considerado infertilidade é preciso de exatamente um ano de tentativas sem prevenção alguma do casal, a quanto tempo estão casados?

_ sete anos!

_ e durante esse tempo todo não aconteceu nenhuma tentativa de conceber?

_ sim algumas vezes, meu esposo é muito ocupado e ele pouco fica em casa, a decisão de ter um filho é mais minha do que dele. - expliquei e ele me encarou confuso, acho que não esperava por essa resposta.

_ isso é incomum, geralmente os casais vem aqui e a decisão sempre é conjunta, mais tudo bem desde que ele esteja em parte de acordo no tratamento e nos exames, pois os dois vão passar por esse processo.

_ sim ele está de acordo.

_ okay. Você tem 32 anos e é casada a sete anos, seu esposo qual a idade dele?

_ Marcelo tem 37.

_ certo, vou prescrever os exames iniciais para ele, se não for encontrado nada passaremos para os mais específicos.

_ certo.

_ já você eu recomendaria um ganho de peso, muitos casos de infertilidade na mulher é por causa do peso muito baixo ou muito alto. - olhei bem para ele querendo rir, Marcelo ia adorar ouvir isso é brigar com o médico sobre o meu peso, para Marcelo eu tinha que perder mais, pois era sempre bom ter um corpo magro do que com gorduras.

_ meu marido iria adorar saber disso. - rir contida e o médico tirou os óculos não acompanhando meu riso.

_ porque? Ele discorda de que a senhora esteja magra demais?

_ sim, ele acha que devo perder mais, ele iria discordar plenamente do senhor.

Ele não respondeu apenas fechou a cara e digitou mais algumas coisas e voltou sua atenção para mim.

_ você fará os exames de rotina inclusive uma prevenção ginecológica preciso saber se está tudo bem com a senhora, dependendo dos resultados dos exames passaremos para o tratamento. Mais devo ser bem sincero com a senhora, sua idade está avançando e conforme isso acontece a quantidade dos óculos diminui.

_ isso dificultaria as minhas chances?

_ sim, mais não vamos pensar nisso por agora quero saber os exames primeiro.

A impressora fez barulho imprimindo as guias dos exames, o médico pegou e me entregou tudo em ordem, tinha exames que nunca vê ou fiz, me deixou um pouco assustada.

_ são muitos, são mesmo necessários? - imaginava como Marcelo iria fazer, e se ele iria fazer mesmo.

_ sim são, tenho que saber como anda a saúde dos dois e se tem algum problema impedindo a vinda de um bebezinho, quando eu souber o que está acontecendo vou poder seguir adiante. - ele levantou e veio até mim me ajudando a levantar da cadeira. O aperto de sua mão fez a minha esquentar e isso ele percebeu pois logo a soltou.

_ bom espero a senhora daqui a um mês com os resultados.

_ obrigada - sorri me despedindo e indo em direção a porta mais antes de sair ouvir ele dizer.

_ não tem nada de errado com seu corpo, seu marido devia perceber melhor isso. - fiquei com o rosto queimando de vermelho e o médico apenas sorriu encostado na mesa. Tratei de sair logo daquele consultório antes que a coisa ficasse ainda mais seria.

♡♤♡♤♡♤

Enquanto dirigia a caminho da casa de Regina fiquei pensando nos detalhes do médico, do sorriso ao corpo inteiro. Sorri ao lembrar do tratamento dele comigo, tão natural, e atencioso sem falar no seu comentário no final, apertei o volante com força querendo parar meus pensamentos, não podia pensar em homem nenhum, meu Deus ele era meu médico e eu tinha marido, o que estava acontecendo comigo.

Abri a janela e senti o vento em meu rosto, fiquei mais aliviada e soltei o ar preso em minha garganta. Existia pessoas que tinham mais atenção do que outras, Marcelo foi meu primeiro em tudo, nunca conhece outro que não fosse ele, então devia ser normal meu fascínio pelo médico, ele era bonitão e normal eu perceber isso. Só não iria esquecer que meu vínculo com ele seria apenas médico paciente. Que isso já estava pensando demais.

Estacionei no estacionamento do prédio de Regina e subi pelo elevador dele mesmo. Assim que cheguei na porta de Regina conseguia ouvir os choros de reclamação de Melinda, ela devia estar irritada com alguma coisa. Apertei a campainha e Regina atendeu com minha florzinha no colo, o rostinho zangado reclamando.

_ o que você está fazendo com a Minha florzinha? - perguntei entrando e já pegando Melinda em meus braços, a pequena já me conhecia e adorava meu colo se encaixava perfeitamente neles.

_ está reclamando porque vai tomar banho, ela está assim agora uma casção - explicou Regina dando risada pois Melinda já não reclamava mais.

Cheirei o pescoço da bebê e ela deu gargalhada a coisa mais gostosa de se ouvir.

_ banho, mais pra que se estou cheirosa mamãe, ela não entende você não é meu amor - limitei voz de criança e Melinda me olhava com os olhinhos arregalados e prestes a rir.

_ você deixa ela mimada assim. - retrucou Regina colocando o paninho de Melinda em meu ombro.

_ eu posso tá, você fez ela para que eu pudesse mimar bem muito, não é meu amor - Melinda fez barulhinhos concordando comigo, éramos duas cúmplices e Regina fazia rir disso.

_ então como foi a consulta? - perguntou Regina sentando no sofá, eu não podia me sentar pois Melinda reclamava.

_ foi tão natural, o médico me deixou muito confortável até demais, ele pediu alguns exames e me fez perguntas na hora fiquei envergonhada, senti como se ele pudesse ler a minha alma foi estranho. - contei tudo como foi, Regina riu da forma como eu explicava claro, não foi com ela.

_ e o médico, era novo ou velho?

_ ah o médico é novo, e muito bonito eu até fiquei com vergonha de estar perto dele fiquei sem jeito sabia. Será que é errado achar outro homem bonito além do meu marido? - estava com essa dúvida, precisava de uma opinião.

Regina começou a rir alto, achando graça das minhas dúvidas.

_ você é tão pura Cecília, que me faz rir sabe. Não Cecília é normal achar outro homem bonito afinal você é mulher e não é cega, eu já achei outros homens bonitos além e Pedro, não se sinta culpada por isso. Mais o médico é tão bonito assim que deixou você molhada? - ela riu ainda mais e fiz careta não gostando dessa pergunta.

_ menos né, não fiquei molhada com ele, apenas achei ele bem interessante e bonito fiquei constrangida na presença dele.

_ nossa, qual nome dele mesmo? - perguntou Regina curiosa já pegando o celular para uma breve pesquisa.

_ Daniel Romano, acho que ele não é daqui. - deduzi pelo sobrenome e também por causa do relógio. Melinda reclamou pois eu estava parada, a balancei e andei pela sala com ela.

_ nossa, agora entendo sua admiração por ele, esse médico é um Deus grego de bonito, gente nem sabia que existia homem assim tão bonito, Pedro que me perdoe mais esse Daniel é um gato - dizia Regina babando no médico, me senti incomodada e continuei andando com Melinda para ignorar.

_ ele é um gato mesmo, estou dizendo a você.

_ gato, rico e bem estudado viu fez várias especializações e ganhou alguns prêmios pelas suas pesquisas. Nossa ele é o homem dos sonhos, gosta de bichos, de praia e de viagem.

_ onde você está vendo isso tudo em?

_ ele tem conta nas redes sociais, é fácil descobrir. Mais não diz se ele é solteiro ou casado, que pena.

_ porque o interesse, você e eu somos casadas, vamos parar de fusar a vida dele. - me irritei ao saber demais da vida desse completo estranho.

_ calma, está com ciúmes? - Regina riu e desligou o celular olhando pra mim de novo.

_ ele é meu médico apenas, nada demais vamos nos concentrar apenas nisso okay.

_ está bem, estava apenas brincando contigo. Marcelo vai fazer os exames não é?

_ vai ser difícil, mais ele tem que fazer ao menos uma vez ele tem que fazer algo de bom para mim.

_ também acho isso, bom vamos comemorar logo será você gravíssima até já imagino - Regina sorriu já imaginando, eu também imaginava e una lágrima descia dos olhos.

_ sim, está perto. - me senti mais confiante, o que era bom.

_ agora mudando de assunto, pensou na proposta de Pedro? - perguntou Regina toda empolgada.

_ não conversei com Marcelo sobre isso Regina, já foi difícil fazer ele concordar com o tratamento do bebê que nem sei se vamos ir a frente ou não, pedir pra trabalhar fora de casa acho que vai ser demais pra ele. - Marcelo ia surtar quando soubesse, ele não queria que eu ficasse andando por aí, ainda mais que trabalhasse pois ele ia dizer que eu não iria precisar que ele já me mantinha de tudo.

_ isso não é justo Cecília, Marcelo não tem o direito de proibir você de nada ainda mais se vai ser algo que vai te fazer feliz, poxa você precisa ser independente dele e tem que mostrar isso.

_ eu sei, mais sei lá...não me sinto preparada para enfrentar a fúria dele agora que vamos passar por um tratamento para engravidar.

Regina suspirou, sabia o que ela estava pensando que eu era uma completa medrosa que não tinha coragem de enfrentar meu marido. E ela estava certa.

_ espero que um dia amiga, você consiga enfrentar o Marcelo e parar de ter medo dele, você merece muito mais do que ele dar a você, merece ser livre para fazer suas próprias escolhas. - disse ela por fim encerrando o assunto.

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