capítulo 4

Acordei com os roncos de Marcelo do meu lado, pelo susto do barulho acordei atordoada me sentei de uma vez na cama e olhei para o meu marido, ele cheirava a bebida e estava com a mesma roupa de ontem.

Outra noite que ele me deixava para encher a cara, Marcelo no começo de nosso casamento dizia ser contra a bebida, mais com o tempo começou a beber socialmente e depois a bebida se tornou seu vício.

Levantei da cama já aborrecida. Fiz minha higiene matinal e depois e me vestir para dar uma corrida ouvi ele reclamar ainda dormindo.

...

Peguei meus fones e meu iPhone e sai para correr. Quando estava muito estressada e com os nervos à flor da pele fazia corridas pela minha rua, no meu bairro por ser um bairro nobre a segurança era dobrada, podia correr na rua sem medo, todo mundo era gentil, mais cada um na sua casa, e que casas. Todas enormes, casarões que valeriam milhões no mercado.

Marcelo fez a planta da nossa casa, e escolheu o bairro pela segurança, pois eu passaria mais tempo sozinha do que com ele. Dei cinco voltas correndo no parque e outra mulher também corria no parque, ela estava mais animada do que mesma na corrida.

_ olá bom dia! - ela parou a corrida e me cumprimentou, sorri por educação e me aproximei.

_ você é nova aqui? Sou Michele moro próximo ao mercado e você onde mora? - curiosa demais.

_ a duas quadras daqui, nunca te vê correr por aqui.

_ eu me mudei ontem, acho que conheço você, não seria a esposa de Marcelo Gomes o engenheiro que está na construção do Village? É você mesmo vê vocês dois numa revista ... - ela tagarelo sem parar elogiando meu marido que nesse momento eu estava odiando.

_ é ele causa essa impressão de primeira...

_claro que sim, afinal ele não seria o melhor no que faz se não desse tudo... foi ele me indicou esse bairro ao meu marido, por falar em marido ele trabalha com o seu de pertinho podemos marcar um jantar qualquer dia desses o que acha? - dei um sorrisinho de leve e tentei me sair dela.

_ vou ver, Marcelo tem uma agenda muito ocupada ele mal tem tempo pra mim e olha que sou mulher dele - Michele riu achando engraçado a minha verdade nua e crua.

Nos despedimos e voltei para casa ainda mais tensa de que quando sai. Assim que passei pela porta da sala dei de cara com Marcelo descendo as escadas já banhado e vestido para mais um dia e trabalho.

_ já foi correr tão cedo? - perguntou- o indo para a cozinha, o segui ofegante e abri a geladeira pegando o suco de laranja.

_ é precisava desse momento...não vê você chegar ontem, andou bebendo de novo?

_ sai com os meninos da obra, e acabei bebendo um pouco, mais eu mandei avisar você dizendo que ia chegar tarde... - ele sentou se servindo e café quentinho a cafeteira.

_ é sua secretária avisou, as vezes sinto falta da sua voz no telefone sabe, e não sabia que tarde seria a virada de noite...

_ a não começa Cecília, não fiz nada errado, e você sabe muito bem que não tenho tempo para telefonemas, você devia se ocupar em algo, inclusive você deu uma engordada, por isso estava correndo tão cedo!

Deixei o copo no balcão e olhei bem para ele.

_ não, não foi por isso, meu peso está ótimo Marcelo você devia saber disso, afinal vigia tudo que faço...

_ não vigio, quero apenas que você cuide do seu corpo, tem que ficar gostosa amor sua saúde também é importante...

_ até parece que você é importa... - zombei indo lavar o copo na pia. Marcelo levantou deixando a xícara dentro a pia.

_ se não me importasse não falava nada.

_ você só se importa com besteiras, o importante mesmo você não está nem aí Marcelo!

_ do que você está reclamando Cecília, eu não te dou tudo que você quer? O que mais você deseja eu faço !

_ eu quero um marido presente Marcelo você pode ser esse homem? -perguntei olhando bem para ele, Marcelo revidou os olhos e se afastou.

_ eu sou esse homem, você que só se importa com coisas pequenas demais. Tenho que ir, minha mãe quer que você passe lá hoje pode fazer isso, Esther está voltando da Holanda parece que vai ter o bebê aqui.

Ótimo, minha cunhada grávida para eu bancar a babá.

_ que ótimo, vou poder aprender com ela para quando o nosso bebê chegar um dia. - sorri na possibilidade.

_ Cecília sobre isso eu...

_ não Marcelo, não...você me prometeu e dessa vez vai ter que fazer. Estou cansada de ser enrolada por você.

Ele bugou passando a mão pelos cabelos nervoso.

_ está bem ! - ele se rendeu e saiu com mais dor de cabeça do que estava. Rir e subi para tomar banho.

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Cheguei na casa dos meus sogros depois do almoço, não queria fazer ela reclamar pela quantidade gasta em alimentos novamente.

Marcella estava no quarto onde a filha ficaria quando chegasse, Esther já estava com seus seis meses de gestação, já estava avançada pois só soubemos a pouco tempo de sua gestação. Ela sempre foi mais reservada da família, por isso nos dávamos tão bem, ela não se metia nas coisas como o restante da família.

Minha sogra mandou montar o quarto da neta que logo chegaria, sua primeira neta, a próxima a ganhar toda a atenção dessa família. Ao entrar naquele quarto senti a falta em mim, o berço ficava o meio do quarto e próximo à janela estava a cômoda com o trocador e os enfeites cor de rosa nas paredes e no teto.

Tinha também quadros de ursinhos e um com a primeira letra do nome da bebê. O nome escolhido foi Yasmin, nunca pensei em um nome para um futuro filho meu, pois essa realidade ainda estava tão longe de mim.

_ Marcelo e vocês estão tentando mesmo? - perguntou minha sogra arrumando o berço da neta, me sentei na cadeira de amamentação e suspirei ao olhar para ela.

_ sim estamos, talvez não seja a hora ainda, vamos ter que fazer algum tratamento especial para ter um filho, fico triste com isso! - confessei.

Marcella desdenho ao me ouvir, para ela e afinal para todos o problema era comigo, eu era infértil e Marcelo teve uma má sorte em casar comigo.

_ vai ter mais gastos com isso, meu filho é tão vigoroso você tem que descobrir o que tem de errado com você.

_ Marcelo pode ser vigoroso ou não ser, pois também nunca teve filho algum. - marcella mudou o olhar já não me encarando mais.

_ é...você tem razão, mesmo assim não deve duvidar de nada .

Fiquei com a pulga atrás a orelha por conta do comportamento dela, era meio duvidoso e ao mesmo tempo suspeito. Será que Marcelo tinha um segredo que estava escondendo de mim?

Um segredo que comprometia nossa família? Se ele estivesse escondendo algo de mim, não saberia como agir, ele iria mentir pra mim, não podia.

Descemos e na sala estava Victor sentado no sofá como se fosse o dono do mundo, era incrível como a semelhança nele e em Marcelo eram incomparáveis.

_ já chegou filho, pensei que iria para a reunião dos investidores do seu pai.

_ Será apenas a tarde mãe, tenho um tempinho ainda. Olá Cecília veio nos visitar ? - seu sorriso galanteador me deixava com ânsia.

_ olá Victor, vim ajudar marcella com o quarto de Esther, ela chega nos próximos dias.

_ é verdade, havia me esquecido que em breve teremos bastante choro e risos por aqui, tenho que me lembrar de dar o fora antes .

_ não diga isso filho, sua irmã precisa de nos nesse momento, devia se alegrar afinal ao menos um de vocês me dar um neto, Marcelo quer um filho mais a esposa não pode dar e você não decide o que quer da vida, é complicado demais esses meus filhos... - disse marcella resmungando, não gostei da forma com ela falou, e isso me incomodou, Victor percebeu mais ficou calado, Marcelo não queria um tanto assim, somente a família dele que não percebia isso ainda.

Marcella foi para a cozinha, tinha ordens a dar. Desce e me sentei um pouco no sofá bem longe e Victor mais ele fazia questão de proximidade entre nós.

_ minha mãe é mesmo ingênua, ou fala isso para irritar você.

_ deve ser os dois talvez!

_ falta de aviso para você é que não foi, Cecília ainda não ver o que está acontecendo?

_ se vocês tem algum segredo porque não me conta logo, estou farta de todos disserem que a culpa é minha...

Victor riu pois parecia que eu era uma palhaça para ele, me levantei com a bolsa na mão pronta para ir embora.

_ se você quiser eu faço um filho em você é ninguém vai saber - ele propôs de forma absurda.

Fiquei com mais nojo dele naquele momento, o ignorei e sai batendo a porta não me importando com os gritos da minha sogra reclamando.

Entrei em meu carro e esmurrei o volante com raiva, por mais que eu tentasse não me abalar com isso, mais a família e Marcelo me tirava do sério, derrubava minhas estruturas por completo.

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Cheguei em casa e encontrei Regina me esperando do lado de fora, sua cara era de confusão.

_ porque não me avisou que viria eu tinha te esperando! - travei o carro no alarme e fui ate ela.

_ você não atende o celular então fica difícil de se comunicar com você Cecília o que esta acontecendo?

_ vamos entrar, a conversa é longa .

Entrei com ela em casa e relaxei por estar no meu lugar e conforto tranquilidade. Regina se sentou ao meu lado e continuava esperando alguma resposta minha.

_ Marcelo e eu vamos tentar um bebê! - soltei logo o que estava preso na garganta. Regina deu um grito que doeu até em meus ouvidos, ela me abraçou feliz pela notícia.

_isso é maravilhoso ate que enfim ele se tocou, o que você fez para ele mudar de ideia assim?

_ ainda não sei a causa dessa mudança repentina dele, por mais que seja uma notícia que eu esperava a muito tempo, estou com uma pulga atrás da orelha, hoje fui na minha sogra e ela continua dizendo que a culpada sou eu, que Marcelo não tem problema algum, já Victor meu cunhado discorda. Será que Marcelo está escondendo algo de mim?

Regina segurou a minha mão em forma de conforto, eu estava tão confusa tão agoniada com tudo que estava acontecendo, que ela tentava me acalmar me passar a confiança que eu já não tinha mais.

_ não fique criando paranoias aonde não tem, Marcelo ama você ele nunca mentira sobre algo sério, se ele aceitou que vocês tentassem um filho é porque ele quer de verdade e isso é maravilhoso, você vai ter a sua chance de ter um bebê lindo amiga, estou tão feliz por você - ela me abraçou forte e me senti em paz, estava precisando disso a mais tempo do que imaginei.

_ vou tentar focar em outras coisas.!

_ isso mesmo, como vocês vão fazer, vai procurar a clínica que te indiquei?

_ vamos tentar da forma natural, se não conseguimos iremos tentar a clínica, mais ele pediu que eu desse uma pesquisada, depois que voltarmos do Rio vamos dar início a nossa família, aí Regina eu quero tanto que de certo, quero tanto ter um filho com Marcelo - coloquei meus sentimentos para fora, meus desejos mais íntimos, amava tanto Marcelo que nada mais justo que transbordar esse amor com um filho nosso, fruto do nosso amor.

_ eu sei como você se senti Cecília, estou torcendo por vocês. - ela estava sendo sincera podia sentir em seu olhar.

Fomos até a cozinha e preparei algo para comermos, enquanto prepara bolinhos com café ela me contava sobre as novidades da semana, sobre a viagem daqui a duas semanas o quanto não se aguentava mais de ansiedade.

No final da tarde fomos ao shopping comprar algumas coisas, passamos por uma loja de bebês e ela me arrastou para dentro.

_ você não já comprou todo o enxoval da bebê? - perguntei sendo puxada por ela com rapidez . Regina ria enquanto paramos numa sessão de roupinhas.

_ comprei você que precisa comprar alguma coisa, para dar sorte.

Eu meio sem entender olhei para as roupinhas e vê uns sapatinhos de crochê, eles eram brancos e tinham um emblema. Ao pegar eles senti a esperança dentro e mim crescer, nem estava grávida ainda mais já o amava.

Comprei os sapatinhos para uma surpresa futura a Marcelo. Não via a hora disso acontecer.

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