Adam avançava pela floresta com os sentidos aguçados, o cheiro de sangue e maldição pairando no ar como uma promessa sombria. Seu olhar era de puro ódio. Cada passo seu esmagava as folhas secas no chão, o vento ao seu redor parecia fugir do próprio predador.
Ele voltou à clareira onde tudo havia começado. O ar ali era diferente... mais denso... carregado de algo antigo.
De repente, um som o fez parar.
Galhos quebrando. Um rosnado grave, como o trovão rasgando o céu noturno.
Adam girou o corpo, pronto para o ataque, os olhos vermelhos brilhando em fúria.
Então ele o viu.
O lobo.
Não era mais o mesmo que ele havia enfrentado dias atrás.
Agora, sua forma era maior... mais grotesca... os pelos negros pareciam cobertos por uma sombra viva, os olhos amarelos pulsando com uma fome quase sobrenatural. O chão ao redor dele parecia murchar, como se a própria terra temesse sua presença.
— Você deveria estar morto... — Adam rosnou.
O lobo deu um passo à frente, com um sorriso animalesco estampado em seu focinho.
— Eu voltei... por ela... — a voz ecoou na mente de Adam, como um sussurro sombrio, invadindo sua cabeça sem que a criatura sequer movesse os lábios.
Adam sentiu o ar faltar por um segundo. Não era uma comunicação física... era mental... espiritual. Algo que ele conhecia bem, mas não esperava vindo de uma fera como aquela.
— Ela é minha responsabilidade. — Adam falou entre dentes, as presas aparecendo, num tom ameaçador.
O lobo riu, um som grave e distorcido.
— Responsabilidade? Não seja ingênuo, vampiro. Ela é... minha presa. Minha caça. O cheiro dela... o sangue dela... está marcado para mim.
Adam sentiu seu próprio instinto de predador reagir. Uma onda de possessividade o atravessou como fogo.
— Eu não vou permitir... — Adam avançou num movimento rápido, lançando-se sobre o lobo.
Mas a criatura não recuou. Ao contrário, se manteve firme, bloqueando o ataque de Adam com uma força inesperada. Suas garras cortaram o ar, e o choque entre os dois fez o chão tremer.
Por um breve instante, os olhos de Adam e do lobo se encontraram de perto.
Naquele olhar... não havia só fome... havia desejo de disputa. O lobo queria a mesma coisa que ele... mas por motivos diferentes.
Adam entendeu ali que a luta não seria apenas física... seria uma guerra de territórios... de vontades... de desejo.
Com um salto ágil, o lobo recuou, desaparecendo entre as árvores tão rápido quanto havia surgido. Mas antes de sumir completamente, sua voz ecoou de novo... como uma ameaça sem forma:
— Isso... está apenas começando... Vampiro.
Adam permaneceu imóvel por alguns segundos... sentindo a raiva pulsar nas veias.
"Ele marcou ela... Como um caçador marca sua presa... Mas ela... Ela não é dele... Não enquanto eu respirar."
Com os punhos cerrados e a respiração pesada, Adam olhou para o céu ainda escuro, e então partiu de volta para o castelo.
Uma promessa queimava em seu peito:
"Se ele quer guerra... ele vai ter."
E dentro do castelo, enquanto dormia, Mei se mexia inquieta... como se sentisse, mesmo inconscientemente, que dois monstros estavam prestes a lutar por ela.
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Atualizado até capítulo 24
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