Capítulo 4
A primeira noite de Isabela na casa dos tios foi tranquila, mas inquieta. Depois do almoço em família e das provocações constantes de Lucas, ela se recolheu ao quarto, tentando organizar a bagunça de sentimentos dentro de si.
O quarto era amplo, com janelas grandes que deixavam entrar a luz da lua. Ela se sentou na cama, segurando o travesseiro como se fosse um porto seguro. Pensou no interior, na fazenda, no que deixara para trás. O rosto de Mateus surgia em sua mente, e a raiva misturada com dor e saudade a fizeram engolir lágrimas em silêncio.
— Eu não posso chorar agora — murmurou, — tenho que seguir em frente.
O sono finalmente chegou, mas os sonhos eram interrompidos por flashes do rosto de Lucas, com aquele sorriso provocador que ela não conseguia tirar da cabeça.
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Na manhã seguinte, a rotina da cidade começou com energia. Helena preparou um café reforçado, e Marcos estava pronto para levar Isa à faculdade.
— Hoje faremos sua matrícula — disse ele, sério, mas com um sorriso discreto. — Quero garantir que você comece tudo certinho.
Isabela agradeceu, sentindo-se segura ao lado do tio. A viagem foi tranquila, e logo ela estava na secretaria da faculdade, escolhendo cursos e assinando papéis importantes. Marcos acompanhava tudo com atenção, certificando-se de que nada fosse deixado ao acaso.
— Parabéns, Isa — disse ele quando terminaram. — Agora você é oficialmente uma estudante da cidade grande.
— Obrigada, tio Marcos — respondeu ela, animada, apesar do nervosismo. — Estou ansiosa para começar.
Depois da matrícula, Clara a convidou para um passeio ao shopping, para comprar material de estudo e algumas roupas básicas. Isa não resistiu à animação da prima.
— Vamos escolher algumas coisas legais para você — disse Clara, segurando sua mão. — Quero que se sinta maravilhosa nessa nova fase.
Entre cadernos, canetas e mochilas, elas riam, conversavam sobre moda, faculdade, e finalmente Clara trouxe algumas roupas mais festivas. Vestidos bonitos, sapatos delicados e algumas blusas que combinavam com a personalidade de Isa.
— Olha só esses vestidos! — disse Clara, animada. — Você vai arrasar na primeira festa que formos juntas.
Isabela sorriu, sentindo-se mais leve do que há semanas. Confidenciou a Clara tudo o que aconteceu no interior, sobre Mateus, a decepção e a decisão de ir embora.
— Eu só… pensei que ele não me queria, e meus pais disseram coisas que me fizeram acreditar nisso. — Isa suspirou. — Agora está tudo tão distante… mas dói saber que ele sempre se importou.
Clara segurou a mão da prima com carinho.
— Eu sei, Isa… Mas agora você precisa pensar em você, no que te faz feliz. E essa cidade vai te dar muitas oportunidades.
No fim da tarde, já com sacolas cheias de compras, Clara virou-se para Isa com brilho nos olhos:
— Sabe o que seria perfeito? Hoje à noite tem uma festa na casa de um amigo. Vamos?
Isabela sorriu com entusiasmo.
— Vamos sim! Precisamos celebrar minha chegada, não é?
Quando chegaram à casa dos tios, carregando bolsas pesadas com roupas novas e materiais de estudo, o clima mudou instantaneamente. Lucas estava na sala, encostado no sofá, observando cada movimento delas. Assim que ouviu Clara falando sobre a festa, fechou a cara.
— Festa, é? — disse, a voz carregada de implicância. — Vocês vão se divertir sem mim, é isso?
Isabela apenas deu de ombros, ignorando o tom provocador dele.
— Sim, Lucas. Não é problema seu.
Ele estreitou os olhos, cruzou os braços e continuou a observá-la com ar de desaprovação. Mas Isa sentiu uma pontada de prazer secreto ao perceber que a reação dele, como sempre, só aumentava seu desejo de seguir a própria vontade.
— Vocês vão se arrepender de me deixar de fora — murmurou ele, mais para si mesmo do que para elas.
Isabela apenas sorriu, sentindo-se cada vez mais determinada a viver sua própria vida, mesmo sabendo que o Badboy da casa, Lucas, não facilitaria em nenhum momento.
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Atualizado até capítulo 37
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