Capítulo 3
Isabela desceu as escadas com cuidado, o coração ainda acelerado pelo breve reencontro com Lucas. O aroma de comida caseira preenchia a casa, misturando-se ao cheiro das flores do jardim. Ela abriu a porta da sala de estar e foi recebida por sorrisos acolhedores.
— Isa! — exclamou Clara, a prima mais nova, correndo até ela e a abraçando com entusiasmo. — Que bom que você chegou! Você vai adorar morar aqui.
— Obrigada, Clara — respondeu Isabela, sorrindo de leve, sentindo-se mais calma.
Do outro lado, Marcos, o tio, levantou-se da mesa e a cumprimentou com um aperto de mão firme, típico de quem gosta de demonstrar segurança e proteção.
— Seja bem-vinda, Isa. Amanhã iremos juntos fazer sua matrícula na faculdade, está bem? Quero garantir que tudo seja perfeito para você.
Isabela assentiu, agradecida, sentindo-se um pouco mais à vontade.
— Obrigada, tio Marcos. Fico feliz por poder contar com vocês.
Ela se acomodou à mesa e começou o almoço. A conversa familiar fluía naturalmente: Helena comentava sobre a cidade, Clara fazia perguntas sobre os estudos, e Marcos contava histórias da própria juventude. Tudo parecia perfeito… até que Lucas abriu a boca.
— Então… a garota do interior acha que a cidade grande vai conseguir aturá-la? — disse ele, com aquele sorriso torto e provocador. — Porque eu já duvido.
Isabela sentiu o rosto esquentar.
— Lucas… — começou, tentando soar firme. — Por favor, me deixe em paz por alguns minutos.
— Ah, eu só estou sendo educado — respondeu ele, inclinando-se levemente para frente, como se pudesse atravessar qualquer barreira física entre os dois. — Mas não posso prometer que vou conseguir resistir a provocá-la quando estiver tão perto.
O clima carregado misturava frustração e desejo. Cada comentário dele era como um fio elétrico que atravessava o corpo de Isa, fazendo-a lutar para não perder a compostura diante da família.
Enquanto isso, muito distante dali, na fazenda do interior, Mateus descobria a verdade. O garoto, que sempre guardara sentimentos por Isabela, ouvira rumores de vizinhos e amigos da família: ela havia partido para a cidade.
O choque foi imediato. O peito doeu. Seus pais não haviam contado a verdade sobre a mentira que fizeram para afastá-la — sobre dizer que Mateus não a queria. Agora, tarde demais, ele se via impotente.
— Ela se foi… — murmurou Mateus, incapaz de acreditar. Ele pegou o celular, discou para ela diversas vezes, mas todas as tentativas caíam em vazio. Mensagens de WhatsApp bloqueadas, ligações sem resposta. Era como se o mundo estivesse conspirando para mantê-lo distante.
Desesperado, ele correu até a casa dos pais de Isabela, batendo na porta com força.
— Por favor, me digam o endereço dela! Eu preciso falar com ela! — implorou.
— Mateus… — disse a mãe dela, firme, olhando-o nos olhos. — Entendemos seu desespero, mas não podemos. Para o bem dela, ela está em um lugar onde precisa se reerguer, longe de tudo que a machucou aqui.
— Mas… mas ela não sabe a verdade! — Mateus insistiu, a voz quase quebrando. — Ela precisa saber que eu sempre a quis!
— Não agora — cortou o pai de Isa, severo, mas com uma ponta de dor na voz. — Ela precisa desse tempo. Vocês não entendem que estamos tentando protegê-la?
Mateus caiu em silêncio, o coração apertado, incapaz de lutar contra a realidade. A distância entre eles parecia maior do que qualquer estrada ou cidade, e a raiva e culpa pelos pais dela o consumiam.
Enquanto isso, Isabela na cidade tentava ignorar o turbilhão de emoções, mal sabendo que o passado ainda a perseguiria. E Lucas, por sua vez, continuava ali, na mesma mesa de almoço, provocando-a a cada palavra, a cada olhar… deixando claro que seu desafio e seu desejo não tinham intenções de ceder.
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Atualizado até capítulo 37
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