Luna já estava em casa. Tomou café e depois foi tomar banho. Colocou o celular para despertar às 4 horas, o horário em que precisava buscar os filhos na casa da mãe de Aurora. Depois de tanto chorar, acabou capotando.
Dormiu tanto que, mesmo com o celular alarmando, não acordou.
Acordou no susto: já eram 18h50. Vestiu a primeira roupa que encontrou e desceu para o estacionamento às pressas.
Deu partida no carro e seguiu rumo à casa da mãe de Aurora.
Mas, no caminho, começou a chover. O trajeto que normalmente levava 20 minutos estava demorando muito mais. Luna já estava impaciente no trânsito. Os filhos dormiam cedo; provavelmente, quando chegasse lá, já estariam dormindo.
Ligou para Aurora e, no segundo toque, a outra atendeu.
— Oi, Luna. — falou Aurora, seca.
— A Hellena e o Lorenzo estão dormindo? Tá um trânsito da porra! E tá chovendo! Eu acordei atrasada, Aurora, coloquei o celular pra despertar e nada! — Luna falava apressada, tentando se explicar.
— Já sim, e tudo bem. Amanhã você vê eles, então. — respondeu Aurora, firme.
— Mas eu já tô quase chegando, Aurora! Daqui a pouco eu chego! Posso ir aí? — insistiu Luna.
— Eles já estão dormindo, Luna. Então amanhã você vem, ok? — disse Aurora, tentando encerrar a conversa.
— Mas… eu queria ir! Amanhã eu vou dobrar… — falou Luna, a voz embargada, cheia de frustração.
— Luna… — Aurora suspirou, a voz firme, mas carregada de cansaço. — Eu sei que você quer vê-los, mas já estão dormindo. Não adianta insistir.—
— Mas… — Luna começou, tentando conter o choro. — Eu só queria passar um tempinho com eles, Aurora! Eu não quero perder nenhum momento… — a voz falhou, cheia de culpa e desespero.
— Eu sei, Luna… — respondeu Aurora, com a voz mais suave agora, mas ainda distante. — Eu também quero que você esteja presente, mas precisamos respeitar o horário deles. Amanhã você terá tempo.—
Luna fechou os olhos, respirando fundo, tentando controlar a raiva e a frustração que cresciam dentro dela. Cada minuto longe dos filhos parecia um peso no peito.
— Tá… tá bom… amanhã eu venho. — murmurou, finalmente cedendo, embora o aperto no peito não diminuísse.
— É melhor assim… — disse Aurora, suspirando novamente. — Agora você precisa se acalmar e descansar, tá?—
Luna desligou o telefone, apertando o volante do carro com força. A chuva caía pesada, refletindo o turbilhão de sentimentos que sentia: culpa, frustração, raiva e desespero.
Ela sabia que deveria ir para casa, tentar descansar e se recompor… mas a vontade de esquecer tudo por alguns instantes era mais forte. Sem pensar muito, virou o carro e seguiu para o bar mais próximo.
Ao entrar, o ambiente já familiar lhe trouxe uma sensação estranha: um conforto perigoso misturado ao desespero. O cheiro de bebida e fumaça parecia abraçá-la como uma velha amiga — mas uma amiga cruel.
— O de sempre… — murmurou, sentando-se no balcão, os olhos vermelhos e marejados.
O garçom a olhou com preocupação, mas não disse nada. Luna pegou o copo, sentindo o líquido gelado escorrer pela garganta. Por alguns segundos, o alívio veio — a dor e a culpa desapareceram, substituídos pela falsa sensação de escape.
Mas, no fundo, ela sabia: aquilo não resolvia nada. Cada gole apenas empurrava o problema para debaixo do tapete. Cada gole a afastava mais de Aurora, de Hellena, de Lorenzo… e de tudo que ainda poderia salvar.
Luna fechou os olhos, apoiando a cabeça no balcão, enquanto lágrimas silenciosas escorriam. O vício estava ali, firme e cruel, e ela sabia que, se não enfrentasse de frente, poderia perder tudo que amava para sempre.
Enquanto isso, Aurora, ainda abalada após a conversa, pegou o celular e ligou para Lisa, Alice e Annie.
— Oi,meninas…a Luna chegou no apartamento?— perguntou, a voz embargada.
— Não, Aurora… ainda não. — respondeu Lisa, hesitante.
— Ela não deu notícias… — completou Alice, preocupada.
Aurora suspirou, o peito pesado. No fundo, já sabia a resposta.
— Então… ela deve estar no bar. — murmurou, mais para si mesma do que para as amigas. — Sempre que não consegue lidar… ela foge para a bebida.—
O silêncio tomou conta da ligação. Aurora segurou o celular com força, tentando controlar as lágrimas. Cada recaída de Luna a magoava mais, cada passo errado parecia empurrá-la para ainda mais longe.
— Eu só queria que ela mudasse… que percebesse o quanto isso dói… — sussurrou, a voz trêmula. — Mas parece que ela ainda não está pronta.—
O coração de Aurora se apertava com a lembrança do amor que ainda sentia, das crianças que precisavam dela, e do casamento que se despedaçava diante dos vícios e das brigas.
Ela desligou o celular, impotente e ainda mais magoada. Luna precisava perceber sozinha que estava arriscando tudo… antes que fosse tarde demais.
No bar, Luna girava o copo nas mãos, encarando o líquido âmbar que prometia alívio, mas só trazia vazio. A chuva lá fora batia contra o vidro, refletindo o caos dentro dela.
— Mais um, por favor… — pediu, sem perceber que a voz tremia.
O garçom a olhou com pena, mas não insistiu. Luna não queria conversa. Queria apenas fugir da culpa, do medo e da dor que a consumiam.
Enquanto isso, Aurora, em silêncio, chorava. Cada minuto longe de Luna a dilacerava. Pensava em Hellena, em Lorenzo, no futuro que poderia se perder. E mesmo assim, Luna escolhia o bar.
— Por que você faz isso comigo, Luna? — murmurou, lágrimas caindo. — Por que não luta por nós?
No balcão, Luna já não percebia o tempo. Cada gole anestesiava por segundos, mas a dor sempre voltava. Mais pesada.
Ela olhou para o copo, o líquido brilhando sob a luz fraca do bar, e sentiu o coração se apertar. Cada dose só lhe trazia mais culpa, mais consciência de tudo que havia falhado.
— Talvez… talvez seja melhor assim. — murmurou, trêmula. — Aurora… Hellena… Lorenzo… vocês seriam mais felizes sem mim.—
A ideia começou a se enraizar como uma lâmina: se ela se afastasse de verdade, talvez os poupasse de suas recaídas, de sua fraqueza, de toda dor que carregavam por causa dela.
Apoiou a cabeça nas mãos, deixando as lágrimas rolarem. Imaginou Aurora sorrindo, Hellena e Lorenzo crescendo longe de seus erros. Aquilo a cortava, mas ao mesmo tempo lhe trazia uma estranha sensação de alívio.
— Eu só… quero que eles sejam felizes. — sussurrou, tentando se convencer. — Mesmo que isso signifique me perder completamente.
O bar desapareceu em meio ao turbilhão de pensamentos. A chuva seguia lá fora, mas nada acalmava a tempestade dentro dela. Luna sabia: por mais doloroso que fosse, tinha que aceitar. Aurora, Hellena e Lorenzo estariam melhor sem ela.
E assim, com o coração pesado e a alma dilacerada, Luna tomou a decisão silenciosa: afastar-se, mesmo que isso significasse perder tudo que amava.
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Atualizado até capítulo 26
Comments
CLAUDIA
faz isso com elas não/Sob/, faça ela vê o amor que elas sentem uma pela a outra, e Tem as crianças também, já é complicado manter uma relação assim com filhos, imagina com vício desse.
vc tem que salvar a Luna 🙏
elas se amam.
2025-09-28
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Maria
Eita que situação coitada da Luna e as amigas nesta hora não tem uma pra dar força é Aurora em vez der ajudar ainda afasta elas das crianças 💔🤣
2025-09-27
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