Entre Aulas e Sombras

Capítulo 2– Entre Aulas e Sombras

O som apressado dos passos ecoava nos corredores da Universidade de Milão. Jovens iam e vinham carregando mochilas, cadernos e sonhos. No meio daquela rotina acadêmica, Elisa Rossi se destacava. Seus cabelos loiros soltos caíam delicadamente sobre os ombros, e os olhos azuis intensos observavam tudo com curiosidade e certa desconfiança. Aos 22 anos, Elisa não era apenas mais uma aluna de Direito — era alguém que aprendeu desde cedo que a vida não tinha piedade. Não tinha o amor dos pais era apenas ela e o seu amado irmão

— Você está atrasada de novo — disse Rebeca Santini, surgindo ao lado dela com um sorriso discreto. Os cabelos negros longos da amiga contrastavam com sua pele clara, e os olhos azuis pareciam ainda mais brilhantes sob a luz do corredor.

— Eu sei, beca eu sei rsrs... — Elisa riu, ajustando os livros contra o peito. — Mas eu precisava terminar aquele artigo de Criminologia. Se eu não entregasse hoje, estaria perdida.

— Você se cobra demais — retrucou Rebeca, balançando a cabeça. — Mas no fundo eu sei que você adora isso.

Entraram juntas na sala ampla. O cheiro de café recém-preparado ainda pairava no ar, misturando-se ao burburinho dos alunos que ocupavam seus lugares. O professor, um homem grisalho de semblante severo, já escrevia na lousa, preparando o conteúdo da aula de Direito Internacional. Elisa e Rebeca sentaram-se lado a lado na terceira fileira.

Durante a explicação, Elisa não conseguiu evitar que sua mente vagasse. O mundo da lei e da justiça era fascinante, mas às vezes ela sentia que havia algo além dos livros, algo que jamais encontraria nas páginas. Ela observava os colegas rindo, trocando mensagens no celular, enquanto Rebeca, concentrada, anotava cada palavra.

— Terra para Elisa… — murmurou Rebeca, cutucando-a discretamente. — Quer voltar da viagem?

Elisa riu baixo. — Desculpa. Só estava pensando.

— Pensando ou sonhando? — Rebeca arqueou a sobrancelha.

— Talvez os dois kkkk

O riso abafado das duas se perdeu na sala, mas logo foram chamadas à atenção pelo olhar severo do professor. Elisa suspirou e forçou-se a concentrar-se. Ela queria ser grande, queria provar ao mundo que era capaz. O que ela não imaginava é que seu destino estava prestes a cruzar com forças muito maiores que qualquer diploma.

Enquanto isso, a alguns quilômetros dali, em um casarão afastado do centro, o clima era bem diferente.

No porão iluminado apenas por lâmpadas penduradas, Matteo, conhecido como Diablo, passava os olhos por relatórios e mapas espalhados sobre a mesa. Seu terno negro impecável contrastava com o ambiente rústico, e os olhos azuis refletiam frieza e autoridade. Cada movimento seu transbordava controle e perigo.

Atrás dele, de pé como um guardião, estava Mattheus Vitale, o braço direito e melhor amigo. Sua postura rígida, os músculos à mostra sob a camisa ajustada e o olhar calculista transmitiam a lealdade de um homem que não precisava de ordens para agir.

— Os fornecedores de Nápoles estão nos pressionando — disse Mattheus, a voz grave quebrando o silêncio. — Querem mais do que merecem.

Matteo tragou lentamente o charuto antes de responder. — Todos sempre querem mais, Vitale. O que eles esquecem… — ele apagou a ponta em um cinzeiro de cristal — é que comigo, querer pode custar caro.

Mattheus esboçou um sorriso discreto. Ele sabia que Matteo não tolerava fraquezas. No submundo, hesitar significava morrer.

De repente, o som de passos ecoou pela escada que levava ao porão. Um dos homens da máfia entrou apressado, suando frio.

— Senhor… temos um problema.

Matteo ergueu o olhar, os olhos azuis faiscando como lâminas.

— Eu odeio quando começam assim.

O homem engoliu em seco. Mattheus, silencioso, já havia levado a mão ao coldre na cintura. Nada passava despercebido por ele.

O homem engoliu em seco. Mattheus, silencioso, já havia levado a mão ao coldre na cintura. Nada passava despercebido por ele.

— Fale logo, antes que eu perca a paciência — a voz de Matteo cortou o silêncio como uma lâmina afiada. Ele não precisou levantar o tom; sua calma era mais ameaçadora que qualquer grito.

— S-senhor… houve uma falha na entrega em Gênova. Um dos carregamentos sumiu. — o capanga tremia, desviando o olhar. — Nossos homens não conseguiram contato com a equipe que deveria receber a mercadoria.

O silêncio que se seguiu foi sufocante. Matteo entrelaçou os dedos sobre a mesa e inclinou-se para frente, fitando o homem com seus olhos azuis gélidos.

— Sumiu… — repetiu, como se saboreasse cada sílaba. — E você vem até mim, com essa cara de idiota, sem respostas, sem culpados e sem solução?

O capanga gaguejou, tentando justificar-se. Matteo ergueu a mão, pedindo silêncio.

— Não me traga problemas. Me traga soluções. É para isso que pago vocês.

Ele se levantou lentamente, cada movimento carregado de controle. Caminhou até o homem, que já tremia como uma folha. Matteo parou tão perto que o outro podia sentir o cheiro do charuto misturado ao perfume caro.

— O que você faria, Vitale, se seu braço direito aparecesse diante de você sem respostas? — perguntou Matteo, sem desviar o olhar do capanga.

Mattheus sorriu de canto, tirando lentamente a mão do coldre.

— Eu cortaria fora o braço inútil.

Matteo deixou escapar uma risada baixa e perigosa, antes de dar dois tapinhas no rosto do homem.

— Escute bem… você tem vinte e quatro horas para me trazer nomes, rostos e respostas. Se não conseguir… — Matteo se afastou, voltando para sua cadeira com calma, como se tivesse acabado de falar sobre o clima. — Vai desejar nunca ter nascido.

Mattheus se aproximou do capanga e falou em tom baixo, quase cúmplice:

— Melhor correr, amigo. O Diablo já foi paciente demais com você.

O homem saiu apressado, quase tropeçando nos próprios pés, e o silêncio voltou a reinar no porão.

Matteo tragou o charuto, soltando a fumaça devagar. Seus olhos azuis ainda ardiam de frieza.

— A cada falha, Vitale, eu me pergunto se não é melhor limpar tudo de uma vez.

— E começar do zero? — perguntou Mattheus, cruzando os braços.

— Exato. — Matteo sorriu, sombrio. — Às vezes é preciso queimar o campo inteiro… para que cresça algo melhor.

As vinte e quatro horas passaram como um sopro. Quando o capanga voltou ao casarão, a tensão no ar já era insuportável. Ele entrou no porão com o suor escorrendo pela testa, os olhos vermelhos de exaustão.

— S-senhor… consegui algumas informações… — disse, tremendo, estendendo um envelope sobre a mesa.

Matteo não se apressou. Ele apagou o charuto no cinzeiro de cristal e, só então, pegou o envelope. Abriu-o com calma, examinando os papéis. Seu semblante não mudou — olhos frios, a expressão tão inexpressiva que era impossível adivinhar se estava satisfeito ou furioso.

— Isso é tudo? — perguntou, erguendo o olhar.

— É o que consegui… — o homem gaguejou. — Descobri que foi um grupo rival, mas não consegui identificar todos os envolvidos…

Um silêncio gelado caiu no porão. Mattheus, parado no canto, ergueu uma sobrancelha. Já sabia o que vinha.

Matteo fechou o envelope e jogou-o de volta na mesa.

— Você teve um dia inteiro. Te dei tempo, recursos e a chance de me provar que vale alguma coisa. — Sua voz era baixa, quase um sussurro, mas cada palavra soava como um veredicto.

Ele se levantou, caminhando devagar em direção ao homem.

— Quando eu falo em vinte e quatro horas, significa vinte e quatro horas com todas as respostas. Não com migalhas.

O capanga caiu de joelhos.

— Por favor, senhor! Preciso de mais tempo! Eu juro que vou conseguir—

O estalo do disparo ecoou antes mesmo de ele terminar a frase.

Mattheus, com a pistola ainda em punho, havia puxado o gatilho sem hesitar. O corpo caiu no chão, espalhando sangue pelo mármore antigo.

— Ele já estava nos fazendo perder tempo demais — disse Mattheus, com naturalidade, guardando a arma de volta ao coldre.

Matteo suspirou, ajeitando o paletó impecável.

— Exato. — Seus olhos azuis se voltaram para os demais homens que observavam aterrorizados no canto da sala. — Escutem bem: no meu mundo, quem falha, morre. Não existe meio termo.

Ele passou pelo corpo estirado como se fosse nada além de um obstáculo no caminho.

— Vitale, limpe essa sujeira. E quero o nome do responsável pelo carregamento perdido antes do amanhecer.

Mattheus assentiu, já discando um número em seu celular.

— Considere feito.

Matteo parou na porta, lançando um último olhar gélido para os homens que ainda estavam vivos.

— Que isso sirva de lembrete. — Um sorriso frio curvou seus lábios. — O Diablo não perdoa.

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Comments

Leitora compulsiva

Leitora compulsiva

ela é bem guerreira e ele é o vdd diabo 🤭🤣

2025-09-28

0

Elenir Dias

Elenir Dias

mas tem dois Mateu?

2025-10-09

0

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