Dois dias haviam se passado desde aquela conversa no sofá, e Melissa ainda se pegava pensando se deveria ou não aceitar a proposta absurda de Carter Black. No entanto, como sempre, o hospital não dava trégua.
O corredor do quinto andar estava silencioso, exceto pelo bip constante dos monitores cardíacos e o som distante de um carrinho de medicação sendo empurrado por uma enfermeira. O cheiro de antisséptico era tão familiar para Melissa que ela mal o percebia.
— Meg, checou o curativo do senhor Smith?
Perguntou, folheando um prontuário com a atenção de quem queria se concentrar em qualquer coisa que não fosse um certo homem de terno preto e olhos cinzentos.
Megan surgiu da outra ponta do corredor, usando o jaleco aberto e segurando uma prancheta.
— Já, doutora. E antes que você pergunte, também passei no quarto da senhora Tracee, verifiquei a medicação dela e dei bronca no filho dela por trazer hambúrguer escondido.
Melissa ergueu os olhos do prontuário, arqueando uma sobrancelha.
— Você é a única pessoa que consegue ser amada e odiada ao mesmo tempo pelos pacientes.
— É um talento natural. — Megan deu de ombros com um sorriso malicioso.
— Mas e você? Vai continuar fingindo que aquele homem não existe ou já decidiu que cor vai querer no convite de casamento?
Melissa suspirou, fechando o prontuário com força controlada.
— Meg, eu tô no meio do plantão. Não começa.
— Plantão ou não, Mel... — Megan se apoiou no balcão da recepção, inclinando-se para ela.
— Você já pensou nisso muito mais do que quer admitir. E, pelo jeito, ele tá dentro da sua cabeça de um jeito que nem um turno de 12 horas consegue tirar.
Melissa ficou em silêncio por um instante, olhando para os papéis, mas vendo mentalmente o rosto de Carter, impassível e calculista.
Ela odiava admitir, mas Megan estava certa.
Enquanto as duas conversavam elas ouviram murmurinhos, quando ambas se virarão pra ver o motivo era nada mais nada menos que Carter vestindo um terno preto caríssimo que deixava bem explícito seus músculos...os cabelos penteados pra trás e os olhos, ah aquele malditos olhos acinzentados, Carter também segurava um buquê de Flores...
— O que diabos ele tá fazendo aqui?
Melissa sussurrou pra Meg que tava comendo carter com os olhos.
— Não faço ideia...mas vou descobrir.
— Meg....
Melissa chamou mas já era tarde, Megan já estava perto de Carter.
— Procurando alguém?
Meg perguntou.
— A doutora Ashford.
Carter disse friamente... fazendo Meg apontar pra melissa que tava parada feito estátua.
— Ali tá ela...o buquê são pra ela né, boa escolha.
Megan disse lançando um olhar pra melissa que sussurrou vou te matar...
— Obrigado.
Carter disse caminhando na direção de melissa.
— Esse não é o Carter black?
Uma enfermeira perguntou mordendo o lábio o que fez Megan lançar um olhar de deboche pra ela.
— É o noivo de melissa.
Megan disse fazendo as enfermeiras ali presentes ficarem chocadas...
Satisfeita com a reação que causou Megan se retirou....
— Senhorita Ashford, estava esperando sua resposta.
Carter disse entregando o buquê a ela, melissa olhou ao redor observando todos olhando .
— Não vai pegar?
Carter perguntou dando um leve sorriso maroto, Melissa sem saída estendeu os braços e os pegou.
— Obrigada...eu acho.
Melissa mordeu o lábio nervosa.
— Quer tomar um café???
Ela perguntou nervosa e Carter sorriu.
— Porque não?
Melissa assentiu e começou a caminhar....
Minutos depois estavam em uma cafeteria do outro lado da rua do hospital...
— Porque apareceu no hospital? E porque o buquê?
Carter apoiou o cotovelo na mesa, como se estivesse perfeitamente à vontade, e olhou para ela com aquela intensidade desconfortável como se pudesse desmontá-la só com o olhar.
— Porque queria a sua atenção — respondeu simplesmente, como se fosse óbvio.
— E flores costumam facilitar isso.
Melissa piscou algumas vezes, confusa.
— Facilitar…?
— Você estava me evitando, senhorita Ashford.
Ele disse, inclinando-se levemente para frente.
— Então decidi aparecer no único lugar que sei que você não pode fugir.
Ela soltou uma risada nervosa, desviando o olhar para a xícara de café fumegante à sua frente.
— Isso parece coisa de… — ela parou, mordendo o lábio — …stalker.
— Ou de um homem que não gosta de esperar.
Carter deu de ombros, tomando um gole do próprio café sem tirar os olhos dela.
— A propósito, as flores são peônias. Dizem que simbolizam prosperidade… e sorte no amor.
Melissa arqueou a sobrancelha, descrente.
— Amor? Você nem acredita nesse tipo de coisa.
— E você acredita? — ele rebateu no mesmo tom calmo, quase provocador.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos, percebendo que, de alguma forma, ele estava conduzindo a conversa para um terreno perigoso — um onde ela não tinha mais o controle.
— Não sei mais — respondeu por fim.
Carter se recostou na cadeira, cruzando as pernas.
— Então aceite minha proposta. E descubra.
Melissa o encarou, tentando decifrar se havia uma ponta de charme naquela frieza ou se ele simplesmente era assim o tempo todo.
— Você não é normal.
— Possivelmente. — Ele sorriu de canto, e dessa vez não foi um sorriso frio, mas um daqueles que deixava claro que Carter Black sabia exatamente o efeito que tinha sobre ela.
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Atualizado até capítulo 64
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