Capítulo 3.

Melissa olhou ao redor, procurando uma câmera escondida. Aquilo só podia ser algum tipo de pegadinha elaborada.

— Seja lá qual for esse tipo de brincadeira, saiba que não me interessa. — Sua voz era firme, cortante.

Ela se levantou, ajeitando a bolsa no ombro, pronta para sair dali.

— Sente-se. — A ordem veio baixa, mas carregada de autoridade, como se ele estivesse acostumado a ser obedecido.

Melissa girou a cabeça lentamente na direção dele, incrédula.

— Com todo respeito, senhor Black, eu tenho pacientes de verdade para atender.

— E eu tenho uma solução de verdade para o seu problema. — Ele cruzou os braços, o olhar inabalável.

— Se sair por aquela porta, vai passar as próximas semanas correndo atrás de dinheiro que não tem, enquanto o estado da sua mãe piora.

O impacto daquelas palavras foi como um soco seco no peito. Melissa deu um passo à frente, encarando-o.

— Não ouse falar da minha mãe.

— Então sente-se. — A voz dele não se alterou, mas havia algo naqueles olhos cinzentos, um peso, que a fez hesitar por um instante.

Melissa ficou parada, dividida entre o orgulho e a necessidade. Por fim, soltou um suspiro irritado e voltou a sentar, mantendo o corpo rígido como uma barra de ferro.

— Cinco minutos.

Carter voltou para trás da mesa, como se tivesse acabado de vencer uma batalha silenciosa.

— Ótimo. — Ele abriu novamente a pasta.

— Eu não acredito em coincidências, senhorita Ashford. Um ano atrás, você salvou uma vida que me é... importante. E agora, eu posso salvar a sua situação.

— Está dizendo que isso é... o quê? Uma retribuição?

— Não. — Ele fechou o arquivo.

— É um negócio. Você se casa comigo por um período determinado, cumpre as cláusulas do contrato, e em troca, sua mãe terá todo o tratamento que precisar.

Melissa soltou uma risada breve, sem humor.

— E qual seria a parte “vantajosa” para o senhor?

Carter apenas a observou, o silêncio preenchendo a sala. Quando respondeu, a voz era mais baixa e cortante.

— Você não precisa saber disso. Não ainda.

Melissa o encarou mortalmente, os olhos azuis faiscando.

— Tá pensando que eu sou quem? — Ela deu um passo à frente, o queixo erguido.

— Acha que vou mesmo cair nesse papinho? Duvido muito que um homem como você precise se casar. Muito menos com uma mulher como eu... simples, maluca e bagunçada.

Não havia humor algum na voz dela.

Carter sustentou o olhar por alguns segundos, como se estivesse analisando cada palavra, cada micro expressão. Então, falou, com a calma de quem já tinha a resposta antes mesmo de ouvir a pergunta.

— Justamente por isso.

Melissa franziu o cenho.

— Por isso o quê?

— Porque você não se encaixa no meu mundo. — Ele deu de ombros, como se fosse um fato óbvio.

— E isso a torna... útil.

Ela soltou um riso incrédulo.

— Útil. É assim que você define pessoas?

— Defino alianças. — Ele se inclinou levemente para a frente.

— Não quero alguém que me adore, nem que me entenda. Quero alguém que assine um contrato, cumpra seu papel e, quando o prazo acabar, siga a própria vida sem olhar para trás.

Melissa piscou lentamente, absorvendo cada palavra.

— Bom... nesse caso, fique tranquilo, senhor Black. Não vai ser difícil para mim não olhar para trás.

Ela se levantou de novo, decidida a ir embora.

Carter não tentou detê-la dessa vez. Apenas disse, com aquela voz baixa e firme que parecia gravar-se na pele.

— Pense bem, senhorita Ashford. A minha proposta tem prazo de validade. E a saúde da sua mãe também.

Melissa congelou por um segundo na porta, as mãos cerradas. Não olhou para trás. Saiu sem dizer mais nada.

Carter ficou sozinho, um leve traço de satisfação nos lábios. Ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, ela voltaria.

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