Mais tarde, Melissa estava na casa onde morava com a mãe, largada no sofá, uma taça de vinho na mão. Megan estava ao lado, de pernas cruzadas, equilibrando um pacote de batatas no colo como se fosse um prêmio.
— Meu Deus, ele realmente te propôs isso?
Megan perguntou, eufórica, quase cuspindo o gole de vinho que acabara de tomar.
Melissa revirou os olhos.
— Não só propôs, como falou como se fosse a coisa mais normal do mundo. “Oi, sou Carter Black, vou casar com você, assine um contrato e seja útil”.
— Uau... — Megan colocou o pacote de batatas de lado e arregalou os olhos.
— O homem mais rico de Seattle pediu você em casamento e você disse “não”. Isso é... icônico.
— Isso é loucura. — Melissa tomou um gole generoso de vinho.
— Ele é arrogante, frio, presunçoso... e ainda acha que pode comprar pessoas.
— Bom... — Megan ergueu a sobrancelha.
— Ele pode. Literalmente.
— Meg.
— O quê? — Megan deu um sorriso malicioso.
— Amiga, se eu estivesse no seu lugar, já estaria escolhendo a cor do vestido, a mansão pra lua de mel e o modelo do carro que ele ia me dar.
Melissa soltou um riso sem humor.
— Não é engraçado. Ele só apareceu porque sabe que eu preciso de dinheiro. É chantagem emocional disfarçada de proposta de negócios.
— E você vai recusar? — Megan perguntou, com aquele tom provocador que Melissa conhecia bem.
— Claro que vou. — Ela respondeu rápido demais, mas desviou o olhar.
Megan estreitou os olhos.
— Você tá dizendo isso com muita convicção... pra alguém que não tem ideia de como vai pagar o tratamento da mãe.
Melissa afundou no sofá, sentindo o peso daquela verdade. Ficaram em silêncio por alguns segundos, até que Megan deu um sorriso torto.
— Olha... não tô dizendo pra você casar com o lobo mau, mas... se ele é o dono da cesta de remédios, talvez valha a pena ouvir mais uma vez a história dele.
Melissa suspirou, bebendo mais vinho. No fundo, sabia que Megan tinha plantado uma semente que ia ficar ali, crescendo, até que ela fosse obrigada a tomar uma decisão.
Melissa afundou ainda mais no sofá, a taça de vinho descansando na mão. O abajur ao lado projetava uma luz amarelada, criando um contraste suave com o céu escuro além da janela. Do outro lado, Megan mordiscava distraidamente um pedaço de chocolate, as pernas esticadas sobre a mesinha de centro.
— Acha que devo aceitar? — Melissa perguntou, quebrando o silêncio.
Megan balançou a cabeça em um gesto rápido e convicto, como se a resposta fosse óbvia.
— Deve sim. Olha, Mel, o cara é praticamente uma mina de ouro ambulante. E você sabe melhor do que ninguém que não vai conseguir arranjar esse dinheiro tão cedo.
Melissa soltou um suspiro longo, mexendo o vinho na taça como se pudesse encontrar uma resposta no movimento do líquido.
— Eu não sei, Meg...
Megan largou o chocolate e se virou para ela, apoiando as mãos nos ombros da amiga com uma expressão séria, o que era raro.
— Mel, você não tem muita escolha. Precisa continuar pagando o tratamento da sua mãe.
A voz dela suavizou.
— E olha, não é como se vocês fossem transar nem nada assim. É só um papel, um contrato.
Melissa arqueou uma sobrancelha, empurrando a amiga de leve e rindo.
— Cala a boca.
Megan riu junto, balançando a cabeça.
— Sério, Mel. Pensa com carinho nessa proposta. Não por você... mas pela sua mãe.
Melissa ficou em silêncio por um momento, encarando a amiga. Megan sempre soube encontrar o ponto exato para derrubar suas defesas. E, naquele instante, Melissa sabia que ela estava certa. Lentamente, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.
— Tá bem... vou pensar.
Megan bateu palmas, empolgada.
— Maravilha, Não vejo a hora de ser sua madrinha.
Melissa riu, pegou uma almofada e jogou contra ela.
— Fica quieta.
A almofada atingiu Megan no braço, mas ela apenas ergueu o queixo com ar de superioridade.
— Pode jogar quantas quiser. Eu já tô escolhendo o vestido.
Melissa revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o sorriso. Pela primeira vez desde a proposta absurda de Carter, a ideia não parecia tão ruim assim.
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Atualizado até capítulo 64
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