Brotheragem porque?

Na manhã seguinte, Joo chegou à escola mais cedo que o normal, ainda com a cabeça confusa pela noite anterior.

Assim que atravessou o portão, avistou Haruka sentado no muro em frente, jogando no celular, os fones pendurados no pescoço.

Haruka ergueu os olhos quando o viu e guardou o celular no bolso.

Jin Haruka

— Ah, até que enfim, porra. Achei que ia ter que te arrastar de casa.

Joo sorriu, tentando parecer normal, mas o coração acelerou. Haruka cruzou os braços.

Jin Haruka

— Agora fala, caralho. Que merda foi aquela ontem?

Joo sung

— Que merda? — Joo desviou o olhar, coçando a nuca. — Eu só passei mal, relaxa.

Jin Haruka

— Passou mal e gemeu na call? — Haruka ergueu a sobrancelha, desconfiado.

Joo sung

— Cala a boca, idiota. — Joo riu, tentando disfarçar, e passou o braço pelo pescoço do amigo, puxando-o pra dentro da escola. — Bora, deixa isso pra lá.

Haruka bufou, mas não insistiu. Ainda assim, a expressão dele deixava claro que não tinha engolido a desculpa.

Ao longo do dia, Joo percebeu algo diferente em si mesmo. Sempre que Haruka ria, falava alto ou se jogava na cadeira sem cuidado, o olhar dele acabava escorregando.

Para o rosto, para os braços, para as pernas. E, às vezes, até para lugares que ele não deveria olhar.

Aquilo deixava Joo inquieto, como se uma curiosidade perigosa crescesse dentro dele.

Como será que o Haruka era na cama?

Ele nunca tinha feito nada, mas a ideia não saía da cabeça.

Durante uma aula mais arrastada, Haruka percebeu o olhar fixo.

Jin Haruka

— Ô, acorda aí, punheteiro — cutucou, rindo. — Presta atenção na aula, porra.

Joo corou e virou o rosto rápido.

Joo sung

— Vai se foder.

No fim do dia, quando as últimas aulas tinham acabado, eles foram direto para as arquibancadas do ginásio.

Estavam só os dois, dividindo um refrigerante e alguns lanches comprados na cantina.

Jin Haruka

— Esse jogo de ontem ainda tá bugado — Haruka comentou, mordendo o pão. — Quase joguei o PC pela janela.

Joo sung

— Você é burro que não sabe buildar direito — Joo provocou, rindo.

A conversa seguiu sobre o jogo, até que, sem perceber, Joo deixou escapar perguntas mais pessoais:

Joo sung

— Mas e aí… você já ficou com alguém?

Haruka não estranhou.

Jin Haruka

— Já, ué. Duas vezes. Foi uma bosta, inclusive.

Joo sung

— E… você se imagina casando um dia? — Joo insistiu.

Haruka deu risada.

Jin Haruka

— Casar? Só se for com alguém que curta anime, jogo e basquete. Senão, nem rola.

Joo assentiu, tentando esconder a curiosidade real que borbulhava.

Joo sung

— Tá, mas e… sei lá… você é ativo ou passivo?

Haruka engasgou com o refrigerante e o encarou, rindo alto.

Jin Haruka

— Mas que porra de pergunta é essa, mano?! Tá achando que eu sou o quê, seu formulário do Tinder?

Joo ficou vermelho, nervoso.

Joo sung

— Tô zoando, caralho! — tentou rir junto, batendo de leve no ombro do outro.

Haruka gargalhava, balançando a cabeça.

Jin Haruka

— Tu não presta mesmo, velho…

Só que, no fundo, Joo sabia que não era brincadeira.

As perguntas saíram sem ele perceber, como se a curiosidade fosse maior que o medo de ser descoberto.

E isso só deixava tudo mais complicado.

Mais tarde O sinal finalmente bateu e os corredores se encheram de alunos saindo apressados.

Haruka jogou a mochila no ombro e logo se juntou a Joo, Andy e Yang no portão.

O quarteto costumava ir embora junto quase todo dia, sempre rindo alto e zoando de qualquer coisa.

Andy

— Mano, essa prova de história me destruiu — Andy reclamava, segurando uma lata de energético. — Se eu tirei dois já é milagre.

Yang

— Dois? — Yang riu. — Tu nem escreveu teu nome direito, certeza.

Andy

— Vai se foder, eu estudei! — Andy retrucou, mesmo sabendo que era mentira.

Haruka gargalhava, cutucando Joo com o cotovelo

Jin Haruka

— Olha a cara do moleque, nem sabe onde tá.

Joo fingiu rir, mas antes que pudesse responder, um garoto mais velho se aproximou.

Ele chamava atenção sem esforço: alto, uniforme ligeiramente desabotoado, postura confiante.

Era Leo, do terceiro ano, conhecido por ser capitão do time de hóquei no gelo da cidade.

Leo

— Haruka. — Ele parou bem na frente do grupo, ignorando os outros. — Pode vir cá um instante? Quero trocar uma ideia contigo.

Os três amigos se entreolharam. Andy fez até um assovio baixo, meio surpreso. Haruka franziu a testa, mas respondeu casualmente:

Jin Haruka

— Beleza.

Antes de seguir, olhou pros amigos.

Jin Haruka

— Vão indo na frente, eu alcanço vocês.

Yang

— Tá bom… — Yang respondeu, puxando Andy pelo braço.

Joo, no entanto, ficou parado alguns segundos a mais, encarando Leo com um incômodo que ele mesmo não entendia.

No fim, seguiu os outros, mas com o olhar ainda preso atrás.

Um pouco afastados, Leo cruzou os braços, observando Haruka de cima a baixo.

Leo

— Eu tava te vendo na quadra esses dias. Seus reflexos são bons, bem rápidos.

Jin Haruka

— Ah, valeu… — Haruka coçou a nuca, desconfiado.

Leo

— Já pensou em jogar hóquei? — Leo sorriu de canto. — Um corpo ágil como o teu seria perfeito no time.

Jin Haruka

— Eu nunca joguei isso, cara. Nem sei patinar direito.

Leo

— Isso a gente resolve. — O tom de Leo era firme, quase convidativo demais. — Além do mais… — ele deu um passo mais perto, abaixando a voz. — …você é incrivelmente lindo.

O coração de Haruka disparou, e ele desviou o olhar, constrangido.

Jin Haruka

— Para com isso… — murmurou, tentando rir. — Eu… vou pensar, tá?

Leo

— Ótimo. — Leo abriu um sorriso satisfeito. — Me passa teu número.

Sem pensar muito, Haruka entregou. Leo digitou rápido, salvando o contato. Antes de se afastar, inclinou-se perto do ouvido dele e sussurrou algo sujo, que fez Haruka arregalar os olhos e sentir o rosto pegar fogo.

Leo então se virou com calma e caminhou de volta pelo pátio, deixando Haruka parado, ainda processando.

Mais à frente, Joo caminhava com Andy e Yang, mas sua mente estava em outro lugar. Ele apertava a alça da mochila com força, a mandíbula travada. Não gostava da ideia de Leo ter chamado Haruka para conversar separado, nem do jeito que ele tinha olhado para o amigo.

O que aquele cara queria, afinal?

E, mais importante… por que isso estava incomodando tanto?