Sementes de Amor e Liberdade O Legado de Elias e Camila

Sementes de Amor e Liberdade O Legado de Elias e Camila

Capítulo 1: O Cansaço da Mesmice

A chuva fina batia no vidro da janela do escritório, formando cortinas líquidas que distorciam o mundo cinza lá fora. Elias observava o relógio digital no canto inferior direito do monitor. 17:03. Mais setecentos e setenta e sete segundos até o fim do expediente. Era um ritual diário, uma contagem regressiva para uma pequena liberdade que sempre terminava com o cansaço do trânsito e a consciência de que o dia seguinte seria exatamente igual.

Seus dedos tamborilavam na mesa de formica, ouvindo o zumbido monótono do ar-condicionado e as conversas vazias de colegas sobre planos para o fim de semana que ele não tinha. Aos quarenta anos, sentia que estava numa esteira, correndo cada vez mais rápido para continuar exatamente no mesmo lugar. O salário de analista de logística sênior era bom, cobria as contas, o financiamento da casa, a faculdade dos filhos, mas não sobrava nada. Nada para imprevistos, nada para sonhos, nada para a tal liberdade financeira sobre a qual Camila tanto lia e falava com os olhos brilhando.

Ele se levantou para buscar mais café amargo da garrafa térmica comum e olhou para sua foto na mesa. Era sua favorita: ele e Camila na praia, no aniversário de dez anos de casamento. Ela, com um vestido branco simples, os cabelos crespos formando uma coroa gloriosa em volta do rosto, aquele sorriso que chegava aos olhos e um corpo que, mesmo após dois partos, continuava a fazer seu sangue ferver. Ele, com os braços em volta dela, feliz, completo. Uma felicidade que, ultimamente, parecia existir apenas em fotografias e nos fins de semana.

O sinal finalmente soou. 18:00. Elias engoliu o resto do café frio, pegou sua jaqueta e saiu sem se despedir de ninguém. O trânsito estava particularmente caótico. Dentro do Honda City, o cheiro de chuva e um leve aroma do ar fresquinho que Camila gostava. O rádio falava sobre inflação e desemprego. Ele desligou.

Chegou em casa já era noite. O aroma de feijão e carne assada o recebeu na porta, um cheiro que sempre significava "lar". Ele viu Camila na cozinha, de costas para ele, mexendo uma panela. Ela usava um shorts curto e uma camiseta velha, justa, que se moldava perfeitamente às suas curvas. A visão daquela bunda perfeita, da cintura fina e das pernas fortes fez um calor percorrer seu corpo, um calor que nada tinha a ver com o tempo.

— Cheguei, amor — disse ele, voz cansada.

Ela se virou, e seu rosto iluminou a cozinha. — Elias! Tudo bem? Estava ficando preocupada com a chuva.

— Trânsito infernal — ele resmungou, se aproximando e envolvendo sua cintura por trás. Enterrou o rosto no pescoço dela, respirando fundo o seu cheiro único, uma mistura de sabonete de mel e um pouco de suor da cozinha. Era o seu aroma, o seu porto seguro. Suas mãos deslizaram naturalmente para baixo, apertando levemente as nádegas firmes dela.

Camila riu, um som baixo e sensual. — Ei, ei, o jantar está quase pronto. Os filhos vão descer.

— Deixa eles esperarem — ele sussurrou, mordiscando levemente seu ombro. — Preciso de você agora.

Ela se virou dentro de seus braços, seus seios médios pressionando contra seu peito. Seus olhos escuros brilhavam com uma mistura de diversão e desejo. — Você está cansado, amor. Vamos jantar, tomar um banho e depois… a gente vê.

— Cansado do trabalho, não de você — ele corrigiu, capturando seus lábios em um beijo profundo e lento que sabia a tudo que ele precisava naquele momento: amor, casa, desejo. Camila correspondeu, seus dedos se enterrando em seus cabelos curtos.

O apito da panela de pressão os separou bruscamente. — O feijão! — ela disse, rindo enquanto se virava para desligar o fogo.

Elias suspirou, apoiando-se na bancada. — Eu não aguento mais, Cami.

Ela olhou para ele, séria agora, entendendo que ele não falava apenas do beijo interrompido. — Sei, amor. Eu sei.

Eles jantaram com Bruno e Letícia, conversando sobre a faculdade, os trabalhos. Elias observou sua família. Seus filhos, adultos, inteligentes, seguindo seus caminhos. Sua mulher, linda, inteligente, presa naquela rotina com ele. Algo precisava mudar.

Mais tarde, na cama, depois de um banho quente compartilhado que levou a muito mais do que apenas se lavar, Elias deitou de costas, com Camila deitada sobre seu peito, seus corpos ainda quentes e relaxados.

— Preciso te falar uma coisa — ele começou, sua voz um grave sussurro no quarto escuro.

Camila se apoiou no cotovelo, traçando círculos em seu peito. — O que foi, meu amor? Soou sério.

— Eu quero pedir demissão.

A mão dela parou. O silêncio pesou no ar por um longo momento. — Elias… você tem certeza? É um emprego estável, o seguro saúde…

— Estável para quê? — ele interrompeu, sentando-se na cama. — Para continuarmos sobrevivendo e não vivendo? Para eu te ver exausta no fim do dia e não termos energia nem para um filme? Eu tenho uma ideia. Uma pequena ideia.

Ele então despejou tudo. O plano de comprar produtos de limpeza atacado, de armazenar na garagem, de sair com o carro para fazer entregas rápidas, pronta entrega, um diferencial. De ela fazer a gestão, as redes sociais, os pedidos.

— Nós podemos fazer isso, Cami. Juntos. Como sempre fizemos tudo. Eu vendo, você administra. Você que é expert em educação financeira, podemos aplicar tudo. E eu… eu comecei a ver umas coisas sobre marketing digital, sobre ser afiliado. É uma renda extra, podemos fazer de casa.

Camila ficou em silêncio, processando. Ele podia quase ouvir o cérebro dela trabalhando, calculando riscos, oportunidades. Finalmente, ela falou, sua voz suave mas firme.

— É um risco enorme, Elias. Um risco que pode nos custar tudo o que construímos.

— Ou pode nos dar tudo o que sempre sonhamos — ele contra-atacou, pegando sua mão. — Confia em mim. Por favor.

Ela olhou para seus olhos, viu a determinação, o cansaço da mesmice e o lampejo de esperança. Um sorriso lento se formou em seus lábios. — Eu sempre confiei em você, Elias. Desde que você era aquele menino magricela que vivia aqui em casa com meu irmão e me roubou o primeiro beijo atrás da garagem. Se você acredita nisso, então eu acredito. Vamos tentar.

O alívio e a euforia que invadiram Elias foram mais intensos do que qualquer coisa que ele havia sentido em anos. Ele puxou Camila para outro beijo, desta vez lento, cheio de promessa e gratidão. O medo ainda estava lá, pairando no quarto, mas era ofuscado por uma centelha de excitação e pela união absoluta do casal. Naquela noite, o amor deles não foi apenas sobre paixão física, mas sobre a renovação de um pacto, a semente de um novo começo plantada no terreno fértil de uma confiança inabalável.

CAMILA, 38 ANOS.

ELIAS, 40 ANOS.

Mais populares

Comments

Ione barbosa

Ione barbosa

Eu acho que antes dele sair do emprego tem que fazer um pé de meia e ir fazendo propaganda e contatos primeiro

2025-09-16

1

Ver todos
Capítulos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!