Sem dizer uma palavra, ela se virou na cadeira e ambos se encararam. Lucy agora era uma mulher mais bonita e determinada do que antes, ela não estava ali para reconquistá-lo, mas para ter a vingança tão merecida — a que ela achava necessária. Ela depositou toda a confiança e amor nele, que com uma única frase acabou tudo — ainda assim, para ela, ele era o homem ideal em todos os aspectos.
Um homem maduro, determinado, sexy. Ela adorava quando ele deixava a barba por fazer, a camisa com alguns botões abertos — era uma tentação.
Ele podia ver no olhar dela, não era como antes, e isso não o surpreendia, ele sabia o que estava fazendo e as consequências de seus atos. Ele não se arrependeu de ter feito, pois foi pelo amigo, era necessário. Se ela soubesse o que realmente aconteceu para ele ter que deixá-la daquela forma — ele balançou a cabeça na intenção de expulsar esses pensamentos que à muito, estavam adormecidos.
— Você sabe que metade da empresa é minha, certo? — ela parecia uma mulher de negócios falando com um completo estranho
— Sim. — ele continuava no mesmo lugar, impassível
— Ótimo. — ela deu um sorriso sarcástico — Então, quando você iria se dignar a convocar uma reunião para resolvermos essa questão?
— Temos uma questão a resolver? Isso não é com seu advogado? — ele não estava entendendo onde ela queria chegar
— Só vamos precisar dele se não entrarmos em acordo. — retrucou — Como somos os únicos acionistas, não acha injusto você ser o único CEO? — ela o encarou enquanto apoiava a cabeça nas mãos, analisando ele de cima a baixo
— Você quer ser o CEO desta empresa? — ela acenou com a cabeça e ele não pode conter um largo sorriso brincalhão e zombeteiro — Olha, você ser formada em arquitetura não faz de você uma expert em gerenciamento de empresas…
— Adam, eu não estou perguntando. É isso que eu quero, simples. — disse, levantando da cadeira e olhando fixo para ele
— Não é assim que funciona. Eu criei essa empresa sozinho, quando tinha 22 anos, seu pai entrou como sócio 4 anos depois. Ele concordou que eu continuasse com tal cargo mesmo ele tendo 50 por cento…
— Eu não sou meu pai. — ela alterou a voz e se aproximou mais até ficar de frente para ele, senti-lo tão perto, mexeu com ela pois ainda o amava, ela queria que as coisas pudessem ter sido diferentes e ele também. — Não quero você como meu chefe. De novo.
— Somos sócios. — disse entre os dentes, estava tentando controlar a raiva que estava sentindo
— Ainda assim, eu quero ser a sua chefe. — disse, sentando em cima da mesa
— Então essa é a questão? — ele franziu o cenho e passou a mão pelos cabelos — Eu não vou ser seu chefe, iremos trabalhar juntos. Eu nunca mandei no Liam, CEO é só uma posição.
— Uma posição acima da minha. — retrucou — Você sempre fez o que quis comigo. Agora é minha vez. — a nostalgia em sua voz era notável, ele sabia que era verdade, ela sempre esteve lá mas não foi suficiente, assim ela pensava
— Como pretende me tirar do cargo? Não temos outros acionistas. É entre mim e você. — sua voz era suave, com uma ameaça contida, ele não estava disposto a entregar o jogo tão fácil, mas ela não podia deixar se intimidar — Tenha certeza de uma coisa, você não vai conseguir isso de mim. Não espere que eu te entregue isso de mão beijada.
— Nunca consegui nada de você, além de algumas horas do seu seu precioso tempo, quando não estava com sua família feliz. — o deboche era evidente, mas por dentro ela estava destruída — Existem duas opções — ela levantou e foi até ele, olhando em seus olhos desabotoou os três primeiros botões da camisa que ele usava e voltou a sentar na mesa —, mas eu não quero ser sua amante de novo. — a expressão dele ficou rígida — Se não me der o que estou pedindo, irei vender a minha parte para empresas rivais, e não só para uma pessoa mas para várias. O que acha? Temos um acordo ou não?
Ele não podia acreditar que ela estava falando sério — mas estava —, ele se sentiu encurralado. Não sabia o que responder ou a quem recorrer, estava sozinho nessa e ela não estava disposta a cooperar.
— Você não vai fazer isso. — era uma afirmação vaga, ele estava com receio — Não faz sentido algum.
— Não acredita em mim? Não sou como você. O que eu digo, eu faço. E faz sentido sim, se não me der o que estou pedindo, eu tiro o que você já têm. — Lucy estava decidida
O olhar de decepção dele deveria causar alegria, mas não, ela estava sentindo o oposto. Não podia parar agora, quantas vezes ela caiu nas expressões tristes que ele demonstrava e não passava de uma mentira.
— Porquê? Depois de todos esses anos, o que pretende com tudo isso? — questionou
— Quero que você perca algo que realmente têm apreço. Essa é minha vingança pra você.
— Acha que a empresa é tudo pra mim? Porquê quer se vingar de mim?
Por alguns segundos ele estava perdido, mas então entendeu. A questão era que, ele a deixou da pior forma, disse que não a amava. Foi um idiota.
— Sim. Já que se separou da sua amada esposa. Sim, deve ser isso que te motiva todos os dias. — exclamou — Além do seu único filho, claro.
— Deixa eu te dizer uma coisa. Você já não faz parte da minha vida, da mesma forma que eu não faço da sua. Então por favor, vamos tentar resolver isso como adultos. Isso aqui é uma empresa, não nossa vida pessoal. — ele tentou ao máximo diminuir o tom da voz
— Você que está se comportando feito criança, não quer perder o brinquedinho. — ela levantou e encarou ele com um olhar de decisão
— Isso não é um brinquedo. Essa é minha vida, quem sou. — Adam se aproximou e ela sentiu que todo o ar havia se dissipado — Eu sei que o que fiz, não foi certo. O que vivemos não foi uma mentira, mas como todo relacionamento, existe a possibilidade de acabar.
O cheiro amadeirado do perfume dele era embriagante. O olhar de mágoa que Adam vinha em seus olhos, fazia com que ele se sentisse mais culpado.
— É exatamente por isso que eu quero tirar de você. Da mesma forma que tirou o que eu mais amava.
— Eu… eu não…— ele não havia entendido de que ela falava
— Qual o nome do seu filho? — seus olhos se encheram de lágrimas
— Thomas. — respondeu confuso pela mudança de assunto
— Eu vi a foto que você têm dele em cima da mesa e…
— Você pegou o retrato? — Adam sentiu seu coração pular do peito
— Não, porquê? — Lucy franziu a testa, a reação dele não era normal
— Foi só uma curiosidade. Continue. — ele deu um suspiro de alívio
— Ele não parece nem um pouco com você.
— Deve ter puxado algum parente distante. — ele a analisou por alguns minutos e continuou — Mas é meu filho.
— Sim. Seu único filho.
Sua frase carregava amargura e segredos, mal sabia Adam que tinha uma mini cópia exata dele de quatros anos de idade.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 22
Comments