Lucy estava em frente a empresa, já fazia mais de quatro anos que ela não chegava perto deste lugar. A lembrança de seu pai e saber que o homem que a despedaçou estava ali, feliz — não ia durar —, era frustrante.
Ela havia feito uma promessa, nunca mais acreditar em ninguém. Estava ali para ter sua tão merecida vingança, o amor que ela sentia iria usar como ódio para destruir o homem que a destruiu.
Com o pé direito ela entrou, todos da empresa a conheciam, cumprimentava e davam seus pêsames — mesmo que a perda foi a anos atrás —, pois era a primeira vez depois de quatro anos que ela entrava novamente naquela empresa. Ela estava feliz pelo lugar continuar do mesmo jeito que era antes — Adam preferiu não mudar nada.
— Você ainda é a assistente do Adam? — perguntou para uma senhora de 54 anos de cabelos grisalhos — Como vai?
— Sim, senhorita. Estou bem, obrigada por perguntar. E a senhorita, como está? — perguntou Mary
— Bem na medida do possível.
— Sinto muito, pela perda. O senhor Liam era um grande homem.
— Sim, ele era. — sua voz falhou mas ela se recompôs — Adam deve estar preso em alguma reunião importante, certo?
— Sim, mas na verdade é só uma revisão do projeto que ele já finalizou. — explicou — Ele está bem animado com isso, é um grande feito para empresa. Claro, graças a ele.
— Sim, eu fiquei sabendo. Ele é realmente inteligente. — ela sentiu uma nostalgia que precisava expulsar antes que mudasse de foco
— Quer que eu vá chamá-lo?
— Não, só daqui a dez minutos. Você avisa a ele que estou esperando em sua sala. — Lucy sentiu seu coração acelerar, vê-lo, mesmo depois de todo esse tempo em que ela se preparou, ainda assim, se sentiu frágil só de pensar em estar perto dele de novo — Antes disso, vou dar uma passadinha na sala do meu pai.
— Claro, como quiser. Quer um café ou algo? — Mary se ofereceu para servir
— Não precisa, obrigada. — disse com um sorriso forçado se afastando dali
Ela foi em direção a sala do pai, tudo estava limpo, era como se ele só estivesse viajando. Ela tocou na mesa e ficou do lado da cadeira, puxou e ficou de joelhos em frente dela.
— Obrigada por tudo. — lágrimas ameaçaram cair, mas ela segurou — Me desculpe por ter ficado brava com você. Devia ter te escutado desde o início. Eu te amo muito pai.
Na mesa ela viu que ainda tinha uma foto dos dois e também do Adam, ele estava sorrindo, o mesmo sorriso que a conquistou, mas não passou de uma mentira. Não queria ficar emocionada, via as fotos dele basicamente todos os dias e a reação era de dor, mas pessoalmente, ela ainda tinha receio do que poderia sentir.
Não podia sentir, tinha que agir. A repetição dessa frase era sufocante mas necessária, não podia ceder a seus encantos. Se recompôs, Lucy saiu e viu Mary.
— Estava indo falar com o senhor Adam. A senhorita precisa de algo? — perguntou gentilmente
— Não, obrigada. Estarei à espera em sua sala, diga a ele que é urgente.
Mary concordou com a cabeça e foi em direção à sala de reuniões enquanto Lucy entrou na sala de Adam. Como toda a empresa, aquele lugar estava igual, ali foi onde ela o seduziu a ponto dele errar uma apresentação. Essa lembrança a fez sorrir, era difícil lembrar daqueles momentos porque ela sentia que tudo era possível, sendo que não foi bem assim.
Lucy puxou a cadeira e se acomodou, a mesa estava organizada como sempre. Seu olhar parou em um retrato, uma criança de cabelos castanhos cacheados.
— Seu filho. — foi uma afirmação dolorosa — Não se parece nada com você. — a criança não tinha nenhum traço dele, principalmente quando pequeno. — será que…? Não.
Ela tentou dispersar essas ideias estranhas que invadiram sua mente e devolveu o retrato, virou a cadeira e começou a olhar os prédios pela grande janela. Ela não podia perder o foco, estava ali para ver ele — não como antes.
Adam estava imerso no trabalho, precisava terminar um grande projeto para o presidente dos Estados Unidos, era uma honra, em meio a tantas empresas de arquitetura, ele foi escolhido por seu excelente desempenho na carreira. Mesmo com a morte do melhor amigo, ele teve que tomar as rédeas e continuar a vida. Em parte, era uma homenagem.
— Alice, devemos rever isso aqui — ele apontou para uma parte do desenho —, essa torre deveria estar mais para o lado direito, assim a sala principal vai estar mais ampla e mais arejada…
— Era exatamente isso que precisávamos. — exclamou Alice, marcando o ponto que devia ser refeito — Sobre as janelas, o que acha? Deveríamos ampliar?
— Então, vai depender muito do… — Adam foi interrompido por uma batida na porta de vidro da sala de reuniões
— Senhor Adam? — era Mary que vinha a mando de Lucy
— O que ouve Mary? — perguntou, mas ainda dando atenção ao projeto
— A senhorita, Lucy Lockwood está aguardando o senhor em sua sala. — ela sabia que não podia deixar ninguém entrar, mas ela era filha do falecido dono da metade da empresa — Ela disse que era um assunto urgente, por isso deixei que esperasse em sua sala.
Quando ele entendeu de quem ela estava falando, sentiu todo o seu mundo virar de cabeça para baixo, ele estava tentando viver a vida sem ter ela por perto, mas agora, com certeza ele iria vê-la mais do que o necessário.
Não é como se ele fosse o anjo da história, mas ele a amava. Se ela soubesse o porque ele terminou com ela daquela forma, as coisas seriam diferentes. Tentando se recompor ele olhou para a secretária e tentou pensar em algo para falar mas ele não sabia.
— Posso dizer que o senhor vai poder se reunir com ela em cinco minutos? — opinou, após não ter resposta
— Claro, eu já vou. — a voz dele saiu mais grossa que o normal
Assim que Mary saiu, ele deu todas as instruções para a equipe e respirou fundo para sair de lá e ficar de frente para a sua sala. Já fazia anos que eles não se viam, ela tinha motivos de sobra para não querer ter ele por perto, mas agora estava ali, a poucos centímetros de distância.
Ele saiu da sala de reuniões e se viu em frente à uma grande porta de madeira, pensou em bater mas era sua sala, não devia mostrar o quanto tudo isso estava afetando seu ego — se ele ainda pudesse chamar assim. Abriu a porta e trancou com força demais, porém isso não assustou Lucy, que estava sentada de costas para a porta — na cadeira dele.
— Você queria falar comigo? — disse impassível, ele sempre teve controle nos sentimentos, esconder sempre foi fácil, mentir principalmente, e agora não seria diferente.
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Atualizado até capítulo 22
Comments
Curtis
Envolvente demais.
2025-09-08
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