Ano atual
Acordo e estendo a mão para o lado vazio da cama. O lençol ainda está quente, mas o espaço está deserto. O som do chuveiro no banheiro me lembra que Cassian já está de pé. Sento na cama e encaro o despertador: seis horas da manhã.
Poucos minutos depois, o barulho da água cessa e ele aparece. Sempre tão impecável, tão lindo, como no primeiro dia em que nos apaixonamos. E é justamente isso que me dilacera por dentro: o medo de que ele não me deseje mais. Já se passaram cinco meses desde a última vez que me tocou, cinco meses desde a última vez que fizemos amor.
Eu tentei conversar, tentei me aproximar, mas sempre surge uma emergência no trabalho, uma desculpa pronta. E isso me corrói, porque a cada dia sinto que ele coloca o trabalho acima da nossa família… acima de mim.
CASSIAN WHITMORE — Oi, querida — ele diz, a voz calma como se nada estivesse errado.
VALERIE WHITMORE — Oi, amor… você já vai sair? — pergunto, tentando esconder a decepção na minha voz, mas meus olhos o seguem, famintos por atenção.
CASSIAN WHITMORE — Sim, tenho alguns assuntos pendentes para resolver — responde de forma breve, ajustando a gravata diante do espelho.
Ele atravessa o quarto em direção à porta. Espero, como sempre, por um beijo, um toque, qualquer gesto que me diga que ainda sou dele. Mas nada. Cassian sai sem olhar para trás.
Fico ali, imóvel, com um nó preso na garganta. Isso tem que acabar. Ele precisa me ouvir. As crianças não merecem crescer com a ausência de um pai que só pensa no trabalho. E eu… eu não posso continuar vivendo com esse vazio dentro de casa.
Levanto da cama e vou até o banheiro para fazer minha higiene. Minutos depois, já pronta, desço as escadas em direção à cozinha. O silêncio da casa é cortado apenas pelo barulho dos utensílios enquanto preparo o café da manhã, do jeitinho que meus filhos gostam.
Assim que termino, volto para o andar de cima. Primeiro passo no quarto do Ethan. Entro devagar, me aproximo da cama e cubro o rosto dele de beijinhos até vê-lo abrir os olhos.
VALERIE WHITMORE — Bom dia, meu amor… vamos acordar — digo, com a voz carinhosa.
Ele esfrega os olhinhos e sorri.
ETHAN WHITMORE — Bom dia, mamãe!
Vou até o closet, separo a roupa dele e volto a olhar para meu menino, ainda sonolento, tentando se manter desperto. Dou mais um beijo em sua testa.
VALERIE WHITMORE — Vai lá tomar um banho, filho. A gente já se encontra na cozinha.
Saio do quarto do Ethan e sigo para o do Liam. Entro devagar e o encontro dormindo profundamente, com o dedo na boca. Sorrio diante daquela cena. Liam tem apenas cinco anos e, para mim, continua sendo o meu bebê.
Aproximo-me da cama e começo a encher o rostinho dele de beijinhos.
VALERIE WHITMORE — Vamos acordar, meu amor.
Ele se remexe, abre um olho e murmura baixinho:
LIAM WHITMORE — Só mais cinco minutinhos, mamãe…
VALERIE WHITMORE — Querido, você tem aula — respondo, rindo da manha.
Liam então se senta na cama e me estende os bracinhos, pedindo colo. Como resistir? Pego-o no colo e caminho até o closet para separar a roupa dele. Poucos minutos depois, já estamos no banheiro, e eu o ajudo a tomar banho, ouvindo suas risadinhas enquanto a água escorre.
Talvez você se pergunte por que não tenho uma babá ou uma cozinheira. A resposta é simples: eu amo cuidar deles. Amo cozinhar, acordá-los com carinho, participar de cada detalhe da rotina. Ser mãe é, para mim, a maior e melhor parte da vida.
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Atualizado até capítulo 29
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