11 anos antes…
Quando descobri que estava grávida, fiquei completamente apavorada. Eu tinha apenas dezenove anos e sentia o mundo inteiro desabar sobre mim. Minha mãe foi a primeira a saber e me apoiou de imediato, dizendo que eu não estaria sozinha. Já meu pai… demorou um pouco mais para aceitar. Para ele, eu ainda era a menina da casa, e me imaginar mãe parecia impossível.
Mesmo com o medo, preparei uma surpresa para Cassian. Coloquei o teste positivo dentro de uma caixinha simples e escrevi um bilhete tremido: “A nossa família está crescendo.” Meu coração parecia querer saltar pela boca quando entreguei o presente.
Ele abriu, encarou o teste por alguns segundos, em silêncio, e então levantou os olhos marejados para mim.
CASSIAN WHITMORE — Valerie… é sério? — sua voz saiu embargada, quase um sussurro.
VALERIE BLAKE — É sério… — respondi, sentindo as lágrimas escorrerem sem conseguir conter. — Eu tô grávida, Cassian.
Ele sorriu, um sorriso tão puro que me fez esquecer o medo. Num impulso, se ajoelhou diante de mim, ainda segurando o teste com a mão trêmula.
CASSIAN WHITMORE — Eu não quero só ser pai do nosso filho. Eu quero ser teu marido, tua família, tudo o que você precisar. Casa comigo, Valerie.
Chorei tanto que mal conseguia falar, mas entre soluços e um riso nervoso, consegui balbuciar:
VALERIE BLAKE — Sim… mil vezes sim!
Nos casamos jovens, contrariando quem dizia que era cedo demais. Foi arriscado, foi intenso, mas foi a melhor decisão da minha vida. Cassian e eu abrimos juntos uma pequena empresa de tecnologia que, com o tempo, começou a crescer e se tornar algo sólido.
O Nascimento de Ethan
O quarto do hospital parecia pequeno demais para conter toda a avalanche de sentimentos que me dominava. Entre contrações, suor e lágrimas, eu mal conseguia respirar direito. A cada incentivo da enfermeira, sentia como se meu corpo estivesse no limite — mas no fundo, eu sabia que o maior limite era o medo.
Cassian estava ao meu lado o tempo inteiro, segurando firme a minha mão, como se pudesse transferir parte da força dele para mim. Eu nunca tinha visto aquele olhar antes: preocupado, mas ao mesmo tempo tomado por uma ternura que me arrancava coragem do nada.
CASSIAN WHITMORE — Você consegue, amor… eu tô aqui. Eu não vou soltar sua mão — ele dizia, com a voz embargada.
E eu acreditava. Porque se Cassian estava ali, então nada poderia dar errado.
Quando o choro do nosso bebê ecoou pelo quarto, tudo parou. O mundo, as dores, o tempo… tudo. Eu só conseguia chorar, soluçar de alívio e de amor, enquanto via aquele ser minúsculo, envolto em cobertores, ser colocado nos meus braços.
CASSIAN WHITMORE — Valerie… ele é perfeito… — Cassian murmurou, e pela primeira vez vi lágrimas escorrerem livres pelo rosto dele.
Olhei para o bebê, tão pequeno e frágil, e senti meu coração se expandir de um jeito que nunca imaginei ser possível.
VALERIE WHITMORE — Bem-vindo ao mundo, Ethan… — sussurrei, beijando a testa dele.
Cassian se aproximou, tocou o rostinho do filho com delicadeza, como se tivesse medo de quebrá-lo.
CASSIAN WHITMORE — Nosso menino… nosso milagre.
Naquele instante, percebi que nada mais importava. O medo, as dúvidas, o futuro incerto… tudo se dissolveu. Éramos nós três. Uma família.
Cassian sempre foi um pai presente na infância de Ethan. Ele não perdia uma apresentação da escola, uma consulta médica ou sequer um aniversário. Sempre encontrava um jeito de estar lá, mesmo nos dias mais corridos.
Quando Ethan completou dez anos, descobri que estava grávida novamente. A notícia me pegou de surpresa, mas, dessa vez, não havia medo, apenas a alegria de expandir ainda mais nossa família. Cassian, ao saber, me envolveu num abraço tão apertado que parecia querer proteger a mim e ao bebê ao mesmo tempo.
CASSIAN WHITMORE — Mais um pedacinho de nós vindo aí… — ele sussurrou, emocionado.
Nada mudou entre nós. Na verdade, tudo só ficou ainda mais forte. Liam chegou para multiplicar nossa felicidade, trazendo uma nova luz para dentro de casa. Durante toda a gestação, Cassian foi ainda mais presente: me acompanhava em cada consulta, atendia a todos os meus desejos estranhos da madrugada e ficava horas conversando com a minha barriga, como se Liam pudesse ouvi-lo.
Foi nesse período que percebi que, apesar de todos os desafios, Cassian não era apenas meu marido. Era meu porto seguro.
Minha relação com Cassian sempre foi intensa. Nós nos entendíamos com um olhar, e na cama… nossa química era inegável, algo que nos unia ainda mais. Parecia que nada poderia nos afastar, que o tempo só reforçaria o que tínhamos.
Mas cinco anos depois, tudo mudou. Aos poucos, a paixão deu espaço ao silêncio, os toques se tornaram raros e a distância começou a se infiltrar entre nós. O que antes era fogo, virou brasa. O que era cumplicidade, virou rotina.
E eu me peguei me perguntando: em que momento deixamos de ser nós dois?
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Atualizado até capítulo 29
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