Capítulo 5

5 - A Dúvida

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Naomi me fez um chá de camomila e eu tomei enquanto ela limpava a cozinha. Depois do chá acabei cochilando no sofá, e algumas imagens vieram na minha cabeça. Eu estava em um estacionamento, perto de um carro vermelho conversível. Charlie estava na minha frente, ele segurou meu braço, e eu puxei de volta. Ele me olhava como se estivesse decepcionado comigo. Um olhar diferente, talvez até triste. Enquanto eu ainda estava de frente para ele, eu não me incomodava com a sua reação, muito pelo contrário, aquilo me fez me sentir bem. Eu me virei e toquei no peito de uma pessoa atrás de mim. Era um homem, eu não olhei para o rosto dele, apenas disse, "vamos, eu preciso ir para casa agora."

Naomi: Menino? Ei! Estou falando com você.

Naomi tocou no meu braço e eu acordei.

Naomi: É sua mãe no telefone, quer falar com você. Porque não aproveita e vai prestar uma queixa? Ela te acompanha.

- Não Naomi, nem pensar. Eu não vou passar vergonha, e preocupação para minha mãe. De uma certa forma, acho que esse safado só entrou na minha casa, por que eu deixei.

Naomi: Como assim?

- Me lembrei que estava com alguém, e disse que precisava ir para casa. Bem, deixa eu falar com ela primeiro... Não vá para o meu quarto tá? Deixa que... Eu mesmo vou limpar ele.

Naomi: Se que sabe, eu já estou finalizando aqui.

Peguei o telefone azul, que ficava fixo na parede, perto da porta.

- Oi Mãe.

[Filho, tudo bem querido? Não nos falamos há uma semana já. E aí? Conseguiu a promoção?]

- Não Maezinha, não foi dessa vez. eu prometi te dar um carro se eu conseguisse né? A Promessa fica de pé ainda.

[Eu não ligo para isso. Só quero que venha me ver. Pode ser no próximo final de semana, vou fazer carne de porco com nabo.]

- Tá, eu vou sim. A Senhora fazendo uma armadilha dessas, nem dá para dizer não.

[Tá tudo bem mesmo? A Sua voz parece estranha, pode falar!.]

- Não está. Eu tinha certeza que as coisas pelas quais lutei dariam certo, mas parece que não vai ser tão cedo quanto eu gostaria... Como não dá para te enganar, é isso. Estou lidando com uma grande frustração no momento. Mas agora, é só aguentar mais uma semaninha, e me curo, com colo e carne de porco com nabo. Te amo mãe!

[Também te amo filho, te aguardo aqui então. Se cuida!]

Eu desliguei e respirei fundo.

Naomi: Mariano! Que Garrafa de água mais chique é essa aqui?

- Garrafa?

Ela voltou para a cozinha, segurando uma garrafa de vidro de água mineral com a marca Terrano.

- É do evento. O Dono da empresa tem umas frescuras. Tem que ser a melhor água nos eventos, uma garrafa dessas, custa quarenta e poucos.

Ela me deu a garrafa na mão.

Naomi: Céus! prefiro beber água da chuva que é grátis. Vou indo, só ficou seu quarto então, até Quarta!

- Tchau, obrigada, até.

De repente eu olhei para a Garrafa, e me lembrei de outra coisa. Era a voz daquele homem esquisito, que acompanhava o senhor Humberto, ele me deu a garrafa na mão, e disse que era melhor eu tomar um pouco de água.

- Talvez ele estivesse me ajudando, em algum momento, ele viu que eu precisava beber água. Suspeito? Por me dar água? Acho que não, eu trouxe isso na mão. Mas o Charlie... Eu falei com ele ontem. Céus!! Eu deveria ir só na Polícia... Amanhã, eu vou resolver isso amanhã.

O Restante do meu Domingo passou amargo, eu fui me deitar porém tinha que limpar a bagunça do meu quarto. Peguei as taças, a garrafa, levei para a cozinha, limpei o chão e finalmente fui para a cama. Peguei tudo e soquei na lavadora. Por fim, me deitei e dormi poucos minutos depois. Mesmo quando queremos que nossa mente apague, e não pense em coisas ruins, que acordados queremos esquecer, ela não obedece. Mas o bom disso, é que naquele caso, ela estava trabalhando para me ajudar a lembrar daquela noite.

...****************...

Lá estava eu, encostado no braço de alguém. Eu não estava com medo dessa pessoa, estava confortável. Ele acariciava os meus cabelos, enquanto estávamos sentados no degrau de alguma escada que eu não reconheci. Era como se estivéssemos esperando alguma coisa.

- Se continuar fazendo isso, eu vou dormir aqui mesmo. Seu braço é bem aconchegante...

De repente, a pessoa me respondeu:

"Acho melhor você só dormir quando chegar em casa. E até no carro, tente ficar acordado. Você pode me ligar se quiser, se precisar. Você ainda não está bem. Tem certeza que ele vem?"

- Sim, ele vem. Ele disse... Mas, não me deixa sozinho ainda... Não sei se consigo não dormir. Quando eu abro os olhos, a tontura volta. Preciso dos seus braços por enquanto... Só não me interprete mal, por favor. Eu bem que queria ser um tarado, mas nem consigo. Aquele idiota... Estava me traindo... E ele terminou tudo, porque eu não consegui ir para cama com ele antes. Eu só queria um clima sabe? Todas as vezes que ficávamos à sós, ele me olhava com um olhar esfomeado, e se fechasse a porta do quarto, eu entrava em pânico. Mas agora... Eu acho que se eu tivesse... Exagerado na bebida....

Eu ri alto.

- Eu teria tomado coragem.

" Só que aí talvez, ele seria a pessoa que iria se assustar."

- Está falando que eu sou assustador bêbado?

" Um Pouco."

- Eita, que vergonha!

"Vou ficar com você até ele vir. Só quero que fique confortável tá bom?."

- Obrigada.

...****************...

Pela manhã, aquele momento que me lembrei, como em um sonho ficou um bom tempo na minha cabeça. Mesmo não conseguindo me lembrar quem era aquele homem, ele parecia bem legal, pelo que conversamos. Alguém que eu me senti confortável para falar até sobre algo intimo, como os motivos do término do meu namoro. Após me arrumar, antes de ir para a Terrano, eu queria mais respostas. E a chave delas estava com Charlie. O único rosto que eu me lembrei.

Cheguei no condomínio que ele morava, e apertei a campainha feito um louco. Um cara de roupão aberto apareceu. Era magro, os olhos negros, e a boca avermelhada, o cabelo, era azul, parecia um cantor pop.

- Você é o Kevin?

"Não. Eu sou o Yuri"

- Céus! o Charlie é o canalha mais descarado que já conheci na vida! Se eu fosse você, nem investia.

"Isso nem me importa para mim. É o meu trabalho. Só foi uma noite, estou esperando ele sair do banho para me pagar. E espero que ele me pague agora, para não ter que ficar cobrando igual a outra vez. Entra aí"

Eu entrei atrás do rapaz, menos incomodado. De repente, vi a carteira do Charlie em cima da mesa.

- Quanto você cobra pela noite?

Yuri: Duzentos normalmente, dependendo do que a pessoa quer.

- Quanto foi, a noite de ontem?

Yuri: Duzentos mesmo.

- Ok, pega mais cinquenta pela simpatia. Mas você é muito novo para essa vida.

Eu peguei as notas da carteira do Charlie, e entreguei ao jovem.

Yuri: Obrigada.

Ele pegou as notas e guardou na calça prateada, que pegou em cima do sofá.

Yuri: Todos falam isso. Posso ter cara de Dezesseis, mas já tenho trinta.

- Caraca! Me conta o segredo.

Yuri: Sei lá. Olha, aqui está meu cartão, se precisar.

- Ah.. Tá bom.

Eu peguei o cartão do garoto, e guardei no bolso, só para não jogar fora na frente dele. Charlie saiu do banho, e me olhou no mesmo instante.

Charlie: O que está fazendo aqui?

- Eu vim... Eu...

Charlie: Desaparece Mariano! Estou farto de você!

- Ah é? Então porque aceitou vir me buscar no sábado?

Charlie: Porque... Quando você me ligou, eu tinha acabado de terminar com o Kevin. Estava.... arrependido de tudo. Do que eu fiz com você, de ter insistido em uma coisa que...

Ele se sentou na mesa, ainda enrolado na toalha de banho. " O desgramado era muito gato. Difícil não olhar."

Charlie: Eu sabia que não ia dar nada certo com o Kevin. Mas eu não podia todas as vezes que ficava com vontade, arrumar outra pessoa para transar, ao envés do meu namorado. Aquilo... Acredite ou não, estava me fazendo mal. Eu queria parar. Queria ficar só com você.

- Porque nunca me disse isso? Preferiu ir me traindo? Desde quando?

Charlie: O que isso importa agora? Porque você está aqui? Veio rir de mim mais um pouco?

- Como assim, rir?

Charlie: Você é impressionante! Seus padrões, são altos demais, não é? É aquele o tipo de vida que você quer? Para um daqueles caras, você abre as pernas sem pensar duas vezes! E eu me sentindo mal, por estar pisando na bola, com uma pessoa boa, integra, decente... Tudo que você... NÃO É! VAI EMBORA!

Ele abriu a porta para mim, e apontou a rua. Aquela sensação foi horrível.

- Espera, Por favor! Tá... você me levou para casa, então... o que aconteceu? O que eu disse para você?

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Comments

LUCIMAR LOPES

LUCIMAR LOPES

mais por favor 🙏🙏agora que está esquentando 🤭

2025-09-10

1

Edivania Gomes

Edivania Gomes

autora por favor viu

2025-09-10

0

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