O dia havia passado lentamente para Helena, cada minuto arrastando-se como se o tempo estivesse deliberadamente se estendendo. Desde a manhã, sua mente oscilava entre a razão e o desejo de reviver o momento em que Dante Salvatore havia entrado em sua vida. O simples pensamento de que ele poderia aparecer novamente a deixava inquieta, como se seu corpo inteiro antecipasse algo que não poderia controlar.
Ela tentou concentrar-se na rotina da livraria, mas cada detalhe parecia perder importância. As prateleiras, antes tão reconfortantes, agora a lembravam do vazio que sentia em sua vida cotidiana. Cada livro, cada romance de amor que passava por suas mãos parecia um aviso sutil de que o mundo que ela conhecia estava prestes a mudar.
Quando o sino da porta soou, seu coração quase parou. Ela ergueu os olhos e lá estava ele.
Dante Salvatore.
Impecável, com o terno negro ajustado ao corpo perfeito, os ombros largos que transmitiam poder e domínio, e aqueles olhos cinzentos, intensos e afiados como lâminas. O ar parecia vibrar ao redor dele, uma presença magnética que tornava impossível desviar o olhar. Helena sentiu um arrepio subir pela espinha. Cada detalhe dele era calculado, cada gesto carregava autoridade e sedução.
Os dois clientes que ainda estavam na livraria perceberam a tensão no ar e, quase instintivamente, saíram, deixando Helena e Dante sozinhos naquele espaço pequeno e silencioso. O tilintar do sino se apagou, e o silêncio que se seguiu era quase ensurdecedor.
— Senhorita Helena… — A voz dele soou baixa, rouca e envolvente, fazendo o coração dela disparar. — Imaginei que nos encontraríamos novamente.
Ela engoliu em seco, incapaz de pronunciar algo coerente.
— Senhor Salvatore… — disse por fim, a voz saindo como um fio de ar. — Não esperava vê-lo aqui.
Ele caminhou lentamente pela livraria, os dedos deslizando sobre as lombadas dos livros com cuidado, como se estivesse analisando cada objeto, mas sem realmente tocá-los. Era um predador em meio a flores delicadas, e ela se sentiu vulnerável de uma maneira que nunca havia experimentado antes.
— Eu nunca faço nada sem motivo — disse, parando a poucos passos dela, aproximando-se até que a distância fosse mínima. — Quero convidá-la para jantar esta noite.
Helena sentiu o estômago gelar. O convite era inesperado, ousado e intimidante.
— J-jantar? — gaguejou, os olhos arregalados. — Eu… eu não posso.
Dante inclinou ligeiramente a cabeça, estudando seu rosto com atenção. Cada traço, cada gesto, cada rubor parecia fasciná-lo.
— Pode — disse, firme, como se não admitisse possibilidade de recusa. — Não costumo aceitar negativas, Helena.
Ela engoliu em seco, sentindo a adrenalina subir pelo corpo. Havia uma mistura de medo, fascínio e excitação, sentimentos que se misturavam de maneira confusa. Parte de si queria recuar, escapar imediatamente da presença dele. Mas outra parte — mais profunda, mais intensa — implorava para ceder àquele magnetismo irresistível.
— Eu… não sei se é uma boa ideia — tentou dizer, a voz trêmula.
Dante deu um passo em sua direção, e o aroma amadeirado que o envolvia atingiu Helena como uma onda. Era masculino, sofisticado e perigoso, e a fez estremecer da cabeça aos pés.
— Confie em mim — disse ele, quase sussurrando, mas a firmeza na voz fazia com que ela sentisse que não havia escolha. — Não vou machucá-la. Mas não vou desistir de você.
O silêncio se prolongou por um instante que pareceu durar uma eternidade. Dante então retirou um cartão preto do bolso do paletó e colocou sobre o balcão. Helena o encarou, fascinada e assustada ao mesmo tempo. O cartão era elegante, simples, sem logotipos, apenas um número gravado em prata. Uma promessa silenciosa de que a noite reservava algo além de sua compreensão.
— O motorista estará aqui às oito — disse Dante, a certeza na voz tão intensa que Helena sentiu seu corpo reagir involuntariamente.
Antes de sair, ele inclinou-se levemente, aproximando os lábios de sua orelha. Sua respiração quente roçou a pele dela, enviando um arrepio instantâneo.
— Vista algo bonito, principessa.
E, com isso, desapareceu, deixando Helena imóvel, o coração martelando, as mãos ainda tremendo. Ela respirou fundo, tentando se recompor, mas sabia que sua vida jamais seria a mesma. A tensão e o fascínio que Dante provocava eram mais poderosos do que qualquer lógica ou razão.
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As horas que se seguiram antes do jantar foram um tormento doce e agoniante. Helena se trancou no quarto, respirando fundo, vestindo o vestido que escolhera com cuidado. Era elegante, mas ainda conservador; algo que refletia sua personalidade e ao mesmo tempo o magnetismo de Dante, que ela sabia que não a veria como a moça simples de sempre.
Ela olhou para o espelho e quase não se reconheceu. Sentiu uma mistura de vulnerabilidade e força estranha. Pela primeira vez, percebia que não era mais apenas a garota da livraria; havia alguém a chamando de outra forma, alguém que via nela algo que ela mesma ainda não compreendia.
A cidade de Nova York lá fora vibrava com luzes, sirenes e o ritmo incessante que a fazia sentir-se pequena diante de tudo aquilo. E, no entanto, dentro de si, Helena sentia que havia um espaço crescendo, um espaço reservado apenas para Dante.
À medida que a noite avançava, o carro preto de luxo apareceu exatamente na hora marcada. O motorista desceu com um gesto cortês, abrindo a porta traseira. Helena engoliu em seco e respirou fundo.
— Vamos, principessa — disse Dante, a voz firme, mas com um toque de suavidade que a fez estremecer.
Ela entrou no carro, os olhos fixos na cidade que passava, tentando absorver cada detalhe. O interior era luxuoso, cheio de couro negro, madeira polida e luzes sutis, criando um ambiente intimista. O perfume de Dante a envolvia, tornando impossível desviar o olhar dele.
— Para onde estamos indo? — perguntou ela, a voz baixa, quase temerosa.
— Para o meu mundo — respondeu Dante, olhando para ela com intensidade, o rosto sério, mas a expressão carregada de algo que só poderia ser desejo e proteção. — Onde você verá quem eu realmente sou.
O carro deslizou pela cidade iluminada, e Helena sentiu que estava entrando em algo muito maior do que ela jamais imaginara. Um mundo de luxo, poder e perigo, um mundo onde Dante Salvatore era soberano, e ela, pela primeira vez, estava prestes a ser cativa não apenas do seu olhar, mas de sua presença.
E, no fundo, uma parte de Helena sabia: dali não havia mais retorno.
Ela já era prisioneira de Dante.
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Atualizado até capítulo 31
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