Capítulo 4 – Notas Dolorosas

— MAIS! — o grito do meu pai reverberou pelo quarto, ecoando nas paredes e em cada fibra do meu corpo. — Você acha que isso é suficiente? Cada nota errada é fraqueza! Fraqueza! Você é um inútil!

A cada palavra, minhas mãos tremiam ainda mais, cada movimento se tornando doloroso. O violino parecia pesado demais, quase impossível de controlar. Eu tentava manter a respiração estável, mas a pressão era sufocante.

— Olhe para mim quando toca, sua vergonha! — ele avançou, chicoteando minhas costas novamente. — Cada falha sua me enoja! Você acha que nasceu para alguma coisa além de me decepcionar?

Senti lágrimas ameaçando cair, mas não podia deixar que ele percebesse. Cada chicotada queimava, mas não podia quebrar minha determinação. A dor física e verbal se misturava, um turbilhão impossível de escapar.

Mesmo no desespero, minha mente buscou uma fagulha de calor, um alívio silencioso: a lembrança do cartão, do breve encontro com Dom Blake, o brilho intenso nos olhos dele, a voz calma e firme. Aquilo não podia ser real agora, mas de alguma forma, ainda existia como um fio invisível, me lembrando de que talvez houvesse algo mais além da fúria do meu pai.

— VOCÊ É FRÁGIL! — ele berrou, avançando mais uma vez, chicoteando minhas costas com precisão cruel. — FRÁGIL E PATÉTICO! Cada nota sua é uma humilhação!

Segurei o violino com força, tentando que a música falasse por mim. Cada nota que conseguia extrair era uma pequena vitória, um grito silencioso contra o medo e a dor. Meu corpo doía, meu coração ameaçava explodir, mas a música era minha única defesa, meu único refúgio em meio à brutalidade.

Mesmo entre lágrimas não derramadas, cada som tocado era resistência. Cada acorde, uma promessa silenciosa de que, apesar de tudo, eu ainda podia existir, ainda podia respirar, ainda podia sonhar — mesmo que apenas com a lembrança fugaz de Dom Blake.

A cada chicotada, meu corpo estremecia mais, mas eu continuava, segurando o violino como se ele fosse a única coisa que me mantivesse vivo. O peito queimava, o coração disparava, e a dor parecia atravessar cada fibra do meu corpo.

— Você é patético! — meu pai berrou, avançando novamente, chicoteando minhas costas. — Frágil e inútil!

Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, misturando-se ao suor, à vergonha e à dor. Minhas mãos tremiam, o violino pesava, e a pressão dentro de mim crescia como uma tempestade.

— M-mãe… me ajude… por favor… — sussurrei entre soluços, o som quase inaudível. Mas ninguém respondeu. Só percebi, no canto do meu quarto, uma sombra. Minha mãe estava ali, parada, observando. Eu nem tinha notado antes. Seus olhos eram frios, distantes. Não havia socorro ali, apenas o peso do silêncio.

Minha visão começou a embaciar. As notas que saíam do violino soavam distantes, como se eu estivesse mergulhando em um abismo. O mundo girava, cada chicotada fazia meu corpo estremecer ainda mais.

E então, antes de perder completamente a consciência, ouvi um sussurro gelado, vindo da sombra:

— Você é fraco e patético…

O som perfurou minha mente, e meus olhos começaram a se fechar. O violino caiu dos meus braços, e minha respiração falhou. Tudo se apagou.

 

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