Capítulo 2 - Desastre no Café

Mal havia me acomodado depois do concerto, e a sensação estranha que Dom Blake provocava ainda queimava no meu peito. Tentei focar no chá que estava à minha frente, mas, como sempre que meu coração disparava, minhas mãos pareciam ter vida própria.

Em um movimento desastrado, a xícara escorregou dos meus dedos e caiu sobre meu colo, espalhando chá quente pela minha camisa branca. Um calor intenso subiu ao meu rosto. Meu coração não só disparou como parecia queimar por dentro.

- A-Alexander! - eu gaguejei, tentando secar o líquido com um guardanapo, mas cada tentativa só piorava a bagunça. - Isso... não... eu...

Alexander caiu na risada imediatamente, inclinando-se para frente, os olhos brilhando de diversão.

- Evander! - disse entre risadas, tentando se controlar. - Você é impossível! Olha só... você conseguiu se molhar inteiro! Nem o concerto poderia te preparar para isso!

Eu mal consegui respirar, meus pensamentos embaralhados. Meu rosto ardia de vergonha enquanto sentia os olhos de Dom Blake sobre mim. Ele continuava ali, silencioso, elegante, imóvel, mas sua presença era sufocante. Eu quase podia sentir que ele estava rindo de mim por dentro, mesmo sem dizer uma palavra.

- Preciso... preciso ir... - murmurei, sem conseguir olhar para ninguém, e me levantei rapidamente, derrubando um pouco mais de chá no caminho. Corri para o banheiro, desejando desaparecer por completo.

Alexander continuou rindo, sacudindo a cabeça com diversão:

- E eu pensei que o concerto tinha sido o ápice do seu desastre! Quem diria que um simples café seria ainda mais perigoso para o nosso Evander!

Fechei a porta do banheiro atrás de mim, tentando me recompor, ainda sentia o calor da vergonha queimando nas bochechas. E mesmo lá dentro, sozinho, podia sentir algo incontrolável: aquela presença silenciosa e intensa do homem ao lado da minha mesa ainda ocupava cada canto da minha mente.

Ainda tentando secar a camisa encharcada de chá. Meu rosto ardia, minhas mãos tremiam, e meu coração batia acelerado como sempre que a adrenalina subia demais.

Peguei rapidamente o frasco de remédios do bolso do calça, engoli a dose diária necessária para controlar o ritmo do meu coração e, antes que alguém visse, escondi o frasco de volta. Minha mente tentava se recompor, mas o calor da vergonha e da tensão ainda queimava no peito.

E então ele entrou. Dom Blake. Calmamente, silencioso, fechou a porta atrás de si e me encarou por um instante. Meu peito disparou ainda mais rápido.

- Você toca muito bem - disse ele, a voz baixa, firme, carregada de intensidade. - Cada nota... é perfeita.

Eu engasguei com minhas próprias palavras, tentando me recompor, mãos ainda trêmulas. - O-obrigado... - murmurei, ainda sem coragem de encará-lo.

Ele sorriu levemente, como se percebesse o efeito que causava. - Eu quero te contratar - continuou, entregando-me um cartão elegante, simples, mas com a seriedade de quem falava sério.

Peguei o cartão com mãos trêmulas, sentindo minhas bochechas queimarem ainda mais. - Q-que...? Você... sério? - consegui balbuciar, minha mente ainda tentando absorver tudo.

- Sim. Quando terminar de se recompor, entre em contato - disse ele, a voz baixa e intensa. - Você tem talento. Quero que ele seja visto.

Ele deu um passo atrás, mantendo distância, mas a presença dele continuava esmagadora, quase sufocante. Meu coração ainda disparava, e a combinação do choque, da vergonha e da minha condição física me deixava tonto. Eu respirei fundo, sentindo o efeito do remédio começar a estabilizar meu corpo, mas a sensação estranha e intensa que ele provocava continuava queimando no peito.

E então, tão silencioso quanto entrou, ele saiu, deixando o banheiro com um ar de mistério que me acompanharia pelo resto da noite. Eu fiquei ali, parado, encarando o cartão e tentando recompor-me, sentindo o calor da vergonha, a adrenalina ainda pulsando e algo mais profundo que eu não conseguia nomear.

Saí do banheiro ainda corado, tentando recompor o cabelo e a camisa molhada, e escondendo rapidamente o frasco de remédios no bolso. Meu coração ainda batia acelerado, não só pelo chá derramado e pela vergonha, mas... pela lembrança do homem que acabara de me abordar.

- Então? - Alexander perguntou assim que me viu voltar, já arqueando as sobrancelhas com curiosidade. - O que aconteceu aí dentro? Você parece... vermelho como um tomate!

Eu sentei rapidamente, tentando respirar fundo, ainda segurando o cartão que Dom Blake me entregara. - N-nada demais... só... preciso me recompor. - Tentei sorrir, mas só consegui parecer ainda mais desajeitado.

Alexander notou imediatamente o cartão em minha mão e seus olhos brilharam. - Espera... é isso que eu acho que é? - Ele pegou o cartão e olhou para ele, incrédulo. - Evander... você conhece Dom Blake? O Dom Blake! O dançarino mais famoso da Inglaterra!

Eu senti minhas bochechas queimarem ainda mais, quase explodindo de vergonha. - A-alguma coisa assim... - murmurei, tentando não chamar atenção. Mas Alexander não deixou.

- Meu Deus, você falou com ele? Ele te elogiou? Ele te entregou um cartão? - Alexander quase gritou, batendo na mesa de empolgação. - Cara, você não tem ideia de quem ele é! Ele é perfeito! E você... sentado ao lado dele, corando feito uma criança! Isso é hilário!

Eu tentei esconder o cartão sob a toalha, tropeçando na própria mão. - Alexander! Por favor... - gaguejei, os olhos desviando da empolgação dele, morrendo de vergonha.

Ele não se conteve, rindo alto: - Não posso acreditar! Evander, você está tão vermelho! Que situação! - e continuou a falar, apontando para mim e rindo da minha desastrada tentativa de disfarçar.

Enquanto isso, lá fora, o café estava iluminado suavemente, e eu podia imaginar, só por instinto, que o homem que me entregara o cartão - Dom Blake - já havia partido, silencioso e misterioso, deixando apenas a marca daquela estranha e intensa sensação no meu peito.

E, mesmo com toda a confusão e vergonha, algo dentro de mim insistia em se apegar à lembrança daquele encontro breve. Algo silencioso e inevitável começava a nascer, embora eu não entendesse completamente o porquê.

 

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