Capítulo 4

Jéssica,

Fecho os meus olhos, respiro fundo, e me forço um pouco para frente. Não consigo de primeira, e volto um pouco para trás, pois aqui acaba tudo. Eu lutei tanto, me entreguei tanto, fiz e faço de tudo, mas o peso ainda fica nas minhas costas. É isso, vou tirar o fardo de mim desse jeito. Subo no parapeito da ponte, e coloco uma das penas para o outro lado, e quando eu vou colocar o outro, sinto alguém me tocando.

Eu me desespero, e começo a me debater, nem morrer em paz eu passo mais? Dou uma cotovelada no estômago de quem está me segurando, ele resmunga me puxando para trás. Me mexo mais ainda, fazendo nós dois cairmos no chão. Quando eu olho para trás, vejo o meu chefe, o senhor Forth, imóvel, de olhos fechados, e o desespero começa a tomar conta.

— Meu Deus, eu matei ele? — Coloco a mão em sua cabeça e a puxo um pouco para cima. — Senhor, fala comigo... Não faz isso, eu vou pegar prisão perpétua se eu te matar. Acorda, homem, era para eu morrer e não o senhor, vamos lá.

Ele faz cara de dor e abre os olhos bem devagar. Solto um suspiro de alívio, e ajudo ele a se sentar. Ele passa a mão na cabeça, e a olha, mas por sorte a mão dele vem limpa. Mas, eu também faço o mesmo, passando a mão na cabeça dele e posso sentir o galo se formando.

— O senhor está bem? — Pergunto trêmula, já vi que vem processo para cima de mim. — Olha, eu não fiz por mal, não sabia que era o senhor que estava me puxando. Eu jamais faria algo assim, o senhor sabe, não sabe?

— Porque... — Ele solta um resmungo de dor, e depois continua. — Porque você queria se jogar?

— Eu...eu não quero mentir para o senhor, mas também não quero falar a verdade. É um problema particular só meu.

— E se você se jogasse, e morresse, resolveria tudo? — Abaixo a minha cabeça e concordo. — Porque? Porque a confeiteira que faz o bolo mais gostoso da Califórnia, faria isso?

— Acho que o senhor já está bem. — Olho para o lado e me levanto, mas ele me puxa fazendo eu cair novamente sobre o seu corpo, de uma forma que nossos rosto ficam bem próximos.

— Eu não estou bem, e acho que você vai ter que cuidar de mim, até eu melhorar, não acha? — Pronto, mais um para eu cuidar. Porque esses homens são tão frágeis? — Jéssica, eu me machuquei porque eu salvei a sua vida, isso é justo.

— Tá bom, mas a culpa não foi minha, eu não escorreguei e quase cai, a culpa é sua por ter me puxado.

— Não podia deixa a mulher mais linda do mundo morrer assim. — Eu fico sem palavras, porque ele é assim? — Me ajude a levantar e ir até o carro, vamos para a minha casa, lá eu vejo o que eu faço.

— Não. Eu vou te ajudar, mas você vai para casa e eu para a empresa, eu preciso trabalhar agora mais do que nunca.

— E se algo me acontecer na empresa? Vamos para o meu apartamento, por favor? — Sem escolhas, eu acabo concordando com ele. Ele me olha de um jeito estranho, que arrepia até a minha alma. Saio de cima dele e o ajudo a se levantar, mas quando ele fica de pé, ele até cambaleia para o lado e eu o seguro, para que não caia.

Vou levando ele até o carro e o coloco no banco do motorista. Antes que eu feche a porta, ele segura em meu braço e manda eu entrar também, para não correr o risco de eu subir na ponte de novo. De novo sem escolhas, acabou entrando também. Abro a minha bolsa, e vejo que o meu spray de pimenta está aqui. Afinal, ele é homem, e se me levar para a casa dele onde mora sozinho, pode querer tentar algo comigo. Mas eu estou bem preparada.

Ele para o carro em um prédio que faz a minha boca cair no chão. Sério, parece que foi feito todo de vidro. Seguimos para dentro, e no elevador ele se apoia na barra. Agora estou com dó dele, realmente se machucou, não é fingimento.

O elevador para no último andar, e eu dou o meu braço para ele se apoiar. Ele passa o cartão e a porta se abre. Entramos, e ele vai direto para o sofá enquanto eu babo pelo apartamento bonito que ele tem. Realmente é a cara dele.

— Na cozinha, no armário de baixo tem uma caixinha de remédios, pega um para dor de cabeça, por favor. — concordo e sigo até a cozinha, pegando o remédio dele. Peço licença para ele e abro o congelador, para pegar pedras de gelo. Coloco em uma sacola, enrolo em um pano e sigo para sala.

Peço para ele levantar a cabeça, e coloco o gelo atrás e dou o remédio para ele tomar.

— Não trouxe a água. — Ele diz rindo, e eu balanço a cabeça pelo meu erro. Volto na cozinha, e quando eu pego o copo e encho de água, parece que minha mão tem óleo, e o copo escapa da minha mão. — O que aconteceu aí?

— Nada senhor Forth, já estou indo.— Merda, esse copo deve valer o meu salário. Pego um pano, junto todos os caquinhos e jogo tudo lixo. Tomara que ele não sinta falta. Pego outro copo e seguro na parte de baixo e encho de água.

Levo para ele, e ele se senta para tomar o remédio e beber a água. Ele volta a se deitar e fica me olhando. Parece que está me condenando com os olhos, como se soubesse que eu quebrei o seu bendito copo.

— Olha senhor Forth, me desculpa, mas ele escorregou da minha mão e caiu. Eu juro que não foi minha intenção.

— Do que está falando? — Ele pergunta rindo, e eu vejo que ele não sabia de nada mesmo, mas eu e minha boca me entregou. — Derrubou um copo, foi isso? — Concordo com a cabeça quase chorando. — Não tem problema, não precisa ficar assim.

— Olha, se for descontar do meu salário, pode ser em dez vezes? Tipo, se descontar de uma vez, eu vou acabar ficando sem pagamento esse mês.

— Eu não vou descontar nada. Mas terá que ficar hoje aqui comigo, para que eu não faça nenhum esforço. Hoje você não será a faxineira da empresa, será a minha cuidadora, ok?

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***