Capítulo 3

Desde que eu me entendo por gente, percebi que ser a irmã mais velha é uma das tarefas mais difícil da vida. Quando era só eu, toda atenção era voltada só para mim, mas depois que o Jefferson nasceu, minha vida virou de cabeça para baixo.

Não podia ter as coisa só minhas, pois se eu o fizesse, era chamada de egoísta, mas quando eu pegava uma coisa dele, era chamada de ruim. Lembro de um dos meus aniversário, que eu queria um bolo de chocolate, mas ele fez um escândalo, porque queria um bolo de ninho com Nutella, e eu fui obrigada a aceitar o bolo que ele escolheu.

Somos cinco anos de diferença, eu tenho 24 e ele 19. Mas, ele ainda parece uma criança, que mesmo sendo adulto, maior de idade, ainda sim, acha que o mundo todo rodeia em torno dele. Então, quero ter a minha liberdade, e para isso, sempre quis fazer curso de confeitaria, pois tudo que eu sei, foi de vídeos tirados da internet.

Comecei a trabalhar na empresa dos Forth's, então, o dinheiro que eu ganho, tiro uma parte para comprar as coisas para fazer bolos, e a outra, eu nem vejo, pois o meu pai toma tudo, dizendo que é para pagar as contas. Eu fico só com o vale alimentação, que eu uso para fazer as compras de casa. Mas a minha renda mesmo, eu tiro dos bolos, porque ele não sabe o valor exato do meu salário, ou nem com esse eu ficaria.

Os dois passam o dia em casa, eu passo o dia trabalhando, e quando eu chego, ainda tenho que dar conta da casa, para depois fazer os bolos e doces que consigo por encomenda. Meu sonho mesmo, é abrir uma loja de confeitaria, ter todos os tipos de bolos e doces, então, guardo uma reserva escondida no meu quarto, e um dia eu chego lá.

— Jéssica, porque a janta ainda não está feita? — Mal cheguei do trabalho, e não tenho tempo nem de respirar com as ordens do meu pai, e sabe o que é pior? Nem posso reclamar, pois o remédio dele é me bater.

— Vou fazer pai, acabei de chegar do trabalho.

— Anda logo, eu estou com fome. Cadê o o seu irmão, não viu ele na rua não? Ele não comeu nada o dia todo, a comida que você deixou para o almoço, só deu para mim. Amanhã faça mais.

Apenas concordo e sigo para a cozinha. O problema de eu fazer mais comida, é que eu compro a quantidade certa para durar o mês todo, se eu fazer a mais, será mais custo para mim, já que eu que banco tudo nessa casa. Se eles não sabem dividir o que tem, um vai acabar ficando sem, e eu não posso fazer nada.

Faço uma comida rápido, sorte que o meu pai gosta de frituras, então, é mais rápido que fazer uma carne na panela de pressão. Depois de pronto, coloco tudo sobre a mesa, e vou para o meu quarto, agora sim, posso relaxar por meia hora.

Acabo dormindo, e acordo assustada, antes mesmo do celular despertar. Esqueci de arrumar a casa antes de ir dormir. Então, me levanto, faço a minha higiene matinal e começo a arrumar a casa, enquanto preparo o almoço dos dois.

Depois que coloco tudo no prato, e deixo na geladeira, sigo para me arrumar para o trabalho, hoje vou tentar sair mais cedo, pois tenho duas encomendas de bolo para entregar. Mas, preciso pegar um dinheiro da minha reserva para comprar os ingredientes, pois não posso nem se quer fazer um estoque na minha casa, ou meu irmão e meu pai, acabam comendo tudo.

Levanto o meu colchão, e pego a bolsinha que guardo no rasgo que ele tem embaixo, mas, quando eu a abro, está sem dinheiro nenhum.

— Não, não... — Esse dinheiro era a única forma de saída que eu tinha para fugir dessa escravidão que eu tinha. — Eu sei que deixei você aqui, onde você está. — Procuro no fundo da bolsinha, como se fosse possível ter um fundo secreto.

— Oi maninha, procurando isso? — Olho para trás e vejo o meu irmão com o dinheiro na mão.

— Me devolve isso, Jeferson, não é seu! — Me aproximo dele, tentando pegar da sua mão, mas ele a levanta e chama pelo nosso pai. — O que você está fazendo, seu idiota.

— O que foi, meu filho. — Ele mostra o dinheiro pro pai, e ele pega em sua mão e olha para mim. — O que significa isso, Jéssica? Porque tem esse dinheiro escondido?

— Uma parte eu guardo para alguma emergência pai, e a outra é para fazer a compra do mês. — Minto, rezando para que ele acredite.

— A surra de ontem não foi o suficiente? Quantas vezes eu tenho que falar que não é para mentir e nem esconder nada de mim? — Dou um passo para trás, enquanto ele vem caminhando lentamente em minha direção. — Vai no meu quarto e escolhe a cinta que você quer apanhar.

— Pai, por favor... Eu não estou mentindo, eu vou fazer as compras da casa...

— Você já fez a semanas passada, e você só faz uma vez no mês. Fora que você usa o cartao, não em dinheiro. Esse dinheiro é para quê? Para fugir de casa? — Olho para o Jefferson, que se fosse um irmão de verdade, me defenderia, e não me entregaria para o meu pai. — Filho, vai você e escolhe a cinta que eu vou bater nela.

Ele sai do quarto praticamente correndo, com um sorriso nos lábios, como se fosse ganhar um presente. Mas quem ganha sou eu, umas dez cintadas, todas elas na minha bunda e na minha lombar. Seguro o choro, não demonstro o quando essa doendo, não só pela dor, mas também por ser pelo homem que deveria me defender. Pelo homem que deveria prover a casa, e não usar a filha de escrava.

— Agora você pode ir trabalhar, mas, a partir de hoje, até mesmo o cartão das compras não ficará mais com você, quero todo o seu salário na minha mão, tanto da empresa quanto dos seus doces, e se eu ou o seu irmãos encontrar dinheiro escondido de novo, a pisa vai ser muito pior.

Ele joga o cinto no chão, e eu me sento, chorando, derrotada, por ver todo o meu esforço indo embora. Para que viver um vida assim? Seria tudo mais fácil se eu simplesmente, parasse de existir.

Me levanto, pego a minha bolsa e saio para o trabalho, vou andando, pois até mesmo o dinheiro da minha passagem de ônibus, meu pai tomou. Vou caminhando chorando, e paro em frente a uma ponte.

— Vamos lá, Jéssica, você consegue...

.

.

.

Por hoje é isso, até manhã meus Loves.

Próximo capítulo às 9:00 da manhã.

Mais populares

Comments

Andreia Cristina

Andreia Cristina

minha nossa isso é humilhante demais além dela tratar desses dois imprestáveis ainda é submetida a surras ela tem que largar esses dois passando fome e ir embora 😠😠😠😠😠

2025-08-19

14

Mary Nunes

Mary Nunes

Meu Jesus q horror esse pai e um .monstro coitada ai senhor nao suporto esse tipo d coisa dessas maldades sera q ela nao tem uma amiga q ajude ela a deixar esses dois vermes fico revoltada com essas coisa autora pois sei q na vida real tambem existe monstros assim.

2025-08-21

0

Cintia Soares

Cintia Soares

que vontade de da uma surra nesse pai e nesse irmão sem vergonha 😡

2025-08-19

6

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!