04

Marcov, não tirava os olhos de Malu.

— Você é diferente das outras

— comentou, quase num tom de confissão.

— Mais… reservada. Isso me intriga.

Malu sentiu o coração acelerar, mas manteve o tom calmo.

— Talvez você só não tenha olhado direito antes.

Marcov riu baixo, e foi nessa troca silenciosa que a tensão cresceu…

Meu rosto estava em chamas. Eu sabia que estava vermelha, mas não tinha como esconder.

— Olha… eu te achei lindo demais. Só que… você parece só querer diversão. E eu sou romântica… intensa. Infelizmente, não vai rolar …

— falei, tentando soar firme, mas minha voz quase falhou.

Ele se inclinou, os olhos fixos nos meus como se pudesse ver tudo o que eu estava sentindo.

— Te ver assim, vermelhinha… só me dá mais vontade de te morder …— disse, com aquele sorriso perigoso no canto da boca.

— E só uns beijinhos não matam ninguém.

Eu engoli seco.

— Eu… não sou assim. Não sei se suportaria só uns beijinhos. Agora… me dá licença.

Quando tentei me afastar, senti a mão dele na minha cintura. Firme, quente. Meu coração começou a bater tão rápido que achei que fosse desmaiar.

Meu Deus… que homem é esse?

Acabei sorrindo, nervosa, e percebi o olhar dele mudar.

— Se sorrir assim pra mais alguém… vai causar uma guerra. Igual a sua mãe …

— ele disse baixo, quase um sussurro.

— Quantos anos você tem?

— Vinte

— respondi, a voz quase trêmula.

Ele resmungou, como se fosse um insulto.

— Merda… que pena. Você foi a única que me despertou… algo que estava adormecido.

— O quê?

— perguntei, mas ele só balançou a cabeça.

— Melhor ir pra casa. O lobo mau vai ficar mais um pouco.

Saí de perto, mas parecia que o toque dele tinha ficado grudado na minha pele. O calor ainda subia pelo meu corpo, e minha mente não parava de repassar cada segundo.

Uma hora depois, Valentina me encontrou.

— Vamos embora .

— ela disse, e eu só assenti.

Eu não tinha cabeça pra mais nada. O pior é que ele sabia exatamente o efeito que tinha causado.

Por que seus olhos não me deixou por um segundo se quer …

"Deixei Malu na casa dela e, por algum motivo que nem eu sei explicar, Valentina veio muda no carro. O silêncio entre nós não era desconfortável… pelo contrário. Era denso, quase palpável. Eu podia sentir o calor dela no banco ao lado, e cada vez que ela olhava pela janela, eu tinha vontade de puxar seu queixo pra mim.

Quando estacionamos na frente da casa, ela desceu sem pressa, mas os passos dela eram leves, como se quisesse me guiar.

— Vem…

— disse, sem me encarar.

Subi atrás dela até o quarto. Ela parou na porta, segurando a maçaneta, e falou baixo:

— Seu quarto… pode descansar.

— Só isso?

— perguntei, cruzando os braços.

Ela piscou rápido, desviou o olhar e respondeu:

— É… boa noite.

Dei um meio sorriso.

— Tá fugindo de mim, Valentini?

— Não estou…