Capítulo 5– Entre o silêncio e o ciúme
Naquela noite, Elena estava no quarto junto com Bia estudando, mas não conseguia se concentrar. As palavras dos livros pareciam embaralhadas, e sua mente voltava sempre para o beijo de João.
Pedro apareceu na porta, encostado no batente, com uma expressão séria.
— Elena… pode vir aqui um minuto? — chamou, firme.
Ela hesitou, mas seguiu até a varanda, onde a brisa fresca da noite batia. Pedro fechou a porta atrás dela, cruzando os braços.
— O que tá acontecendo com você? — perguntou direto.
— Como assim? — Elena tentou se esquivar, mas sua voz denunciava nervosismo.
— Você anda estranha comigo. Distante. — ele se aproximou mais um passo. — E não me venha dizer que é por causa da faculdade. Eu te conheço.
Elena desviou o olhar.
— Pedro… eu só não quero que você crie expectativas.
Ele respirou fundo, com os olhos firmes nos dela.
— Então é isso? Você só tem olhos pro meu irmão? — soltou, como se fosse uma acusação que carregava há tempos.
O coração dela disparou.
— Não fala besteira, Pedro.
— Besteira? — ele riu, sem humor. — Você pode até negar, mas eu vejo. O jeito que você fica sem graça perto dele, o jeito que ele te olha quando acha que ninguém tá vendo…
Elena ficou em silêncio, sem conseguir se defender.
Nesse exato momento, João chegou do hospital. Estava exausto, a gravata frouxa, mas ao ver a cena pela varanda — Pedro tão perto de Elena, a encarando como se fosse beijá-la a qualquer instante — o sangue dele ferveu.
— Que porra é essa? — a voz dele ecoou pela sala, firme, cortando o ar.
Pedro se virou lentamente, um meio sorriso nos lábios.
— Conversando com a Elena. Algum problema, João?
João fechou a mandíbula, o olhar fixo em Elena, que se encolheu diante da tensão.
— Problema? — ele deu um passo à frente. — O problema é você achar que pode forçar uma coisa que ela não quer.
Pedro deu uma risada sarcástica.
— E desde quando você se importa tanto com o que a Elena quer, hein, irmão?
O silêncio caiu pesado. Elena sentiu o coração martelar no peito. Os dois se encaravam como se fossem explodir a qualquer segundo.
Ela precisava falar algo, mas sua voz não saía. Tudo o que conseguiu fazer foi recuar, sentindo-se no meio de uma guerra que não queria começar.
João não respondeu ao irmão. Ficou apenas em silêncio, com o maxilar travado, e se virou em direção ao quarto. O som da porta batendo ecoou pela casa.
Pedro passou a mão nos cabelos, nervoso, e voltou-se para Elena.
— Me desculpa… eu tô passando do limite. Preciso respirar. — disse baixo, antes de sair pela varanda, deixando-a sozinha com Bia.
A melhor amiga ainda estava de boca aberta com a cena.
— Elena… pelo amor de Deus, o que tá acontecendo entre você, o João e o Pedro? — perguntou em choque.
Elena abriu a boca para responder, mas o celular de Bia começou a tocar insistentemente. Ela atendeu e, em seguida, arregalou os olhos.
— Eu preciso sair agora! Mas já volto, não demoro! — disse rapidamente, pegando a bolsa e sumindo pela porta.
Sozinha no quarto, Elena se jogou na cama, abraçando o travesseiro. Sua mente girava como um redemoinho. Pedro estava certo? Ela realmente só enxergava João? Talvez sim… talvez sempre tivesse sido assim.
Mas, por mais que tentasse encontrar lógica, o único pensamento que insistia em voltar era aquele beijo. O gosto, a urgência, o arrepio que ele tinha deixado nela.
Sem pensar duas vezes, levantou-se decidida. O coração batia descompassado, como se cada passo fosse um desafio. Chegou até a porta do quarto de João. Estava entreaberta.
Ela empurrou devagar e entrou. O som da água do chuveiro enchia o ambiente. O vapor já escapava pela porta do banheiro. João estava lá dentro.
Elena respirou fundo. Então trancou a porta atrás de si, como se estivesse apagando todas as saídas possíveis daquela decisão. Seus dedos tremeram levemente enquanto puxava a camisola pela cabeça, deixando a peça cair no chão.
Totalmente nua, ela caminhou até a porta do banheiro. O barulho da água batendo contra o piso parecia intensificar o frenesi que sentia.
Empurrou a porta e foi recebida pelo vapor quente. João estava de costas, a água escorrendo por seu corpo forte e molhando os cabelos escuros.
Elena deu mais dois passos, parando bem atrás dele.
— João… — sua voz saiu baixa, mas carregada de desejo.
Ele se virou lentamente, surpreso, e congelou ao vê-la ali, nua, os olhos firmes nos dele.
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Atualizado até capítulo 47
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