Capítulo 4 – O Beijo Proibido
A madrugada estava silenciosa quando Elena desceu até a cozinha para beber água. A casa parecia dormir em paz, até que um barulho seco ecoou pela escada.
— João?! — ela correu, assustada, e encontrou-o caído no último degrau. O cheiro de álcool denunciava o quanto ele havia bebido naquela noite.
Ele tentou se levantar, mas mancou, segurando o tornozelo.
— Droga… acho que torci o pé. — murmurou, com a voz arrastada.
Sem pensar duas vezes, Elena passou o braço dele por seus ombros e começou a ajudá-lo a subir. Foi nesse instante que o copo que ela carregava escorregou da mão dele e virou todo sobre ela.
A água fria escorreu pelo seu pijama minúsculo, deixando o tecido transparente contra a pele. Elena ficou paralisada, o rosto corando, enquanto João a encarava fixamente, incapaz de desviar os olhos.
— Me desculpa… eu não queria… — ele gaguejou, passando a mão pelo rosto em desespero.
— Não tem problema… vamos te levar para o quarto. — Elena respondeu baixinho, tentando ignorar o calor que a invadia sob o olhar dele.
Quando chegaram ao quarto, ela o ajudou a sentar-se na cama. Mas, antes que pudesse se afastar, João a puxou de repente para cima dele.
Elena caiu sobre seu peito, surpresa, e antes que pudesse dizer qualquer coisa, sentiu a boca dele contra a sua. O beijo foi urgente, intenso, carregado de tudo o que ele havia reprimido por tanto tempo.
Ela tentou resistir por um segundo, mas a fraqueza foi imediata. O corpo respondeu antes da mente. Suas mãos se apoiaram nos ombros dele, e ela sentiu quando as mãos de João deslizaram por sua cintura, apertando-a com força, subindo até alcançar a curva de sua cintura e depois mais abaixo, a puxando ainda mais para si.
O pijama úmido e transparente só deixava tudo mais intenso. Elena estava entregue àquele beijo proibido, o coração disparado, o corpo tremendo.
Quando ele finalmente afastou os lábios, ofegante, encarou-a com os olhos escuros e cheios de desejo.
— Elena… eu não deveria… — murmurou, a respiração pesada.
Ela, ainda sem ar, apenas fechou os olhos, sem coragem de dizer nada.
Naquele instante, ambos sabiam: haviam ultrapassado uma linha que não poderiam mais fingir que não existia.
A manhã seguinte chegou rápida demais. O sol atravessava as cortinas do quarto de hóspedes quando Elena abriu os olhos. A cabeça ainda girava com a lembrança da noite passada: o beijo urgente, as mãos de João em sua cintura, a forma como ele a puxou contra si.
Ela se levantou devagar, evitando qualquer barulho, como se isso pudesse apagar o que aconteceu. Vestiu-se rapidamente e desceu para a cozinha, tentando agir com normalidade.
João já estava lá. De pé, apoiado no balcão, tomando café. O rosto sério, os cabelos levemente bagunçados, o olhar fixo na xícara como se pensasse em mil coisas ao mesmo tempo.
Elena sentiu o coração acelerar, mas se obrigou a falar:
— Bom dia…
João levantou os olhos para ela. Por um segundo, a lembrança da noite anterior brilhou na mente dos dois, mas ele desviou o olhar quase de imediato.
— Bom dia. — respondeu curto, sem emoção.
O silêncio entre eles era quase palpável. Nenhum ousava tocar no assunto, como se tivesse sido apenas um devaneio, um erro causado pelo álcool. Mas os olhos de João a traíam: por mais que tentasse disfarçar, ele não conseguia evitar olhar para ela quando achava que Elena não percebia.
Bia entrou na cozinha rindo, falando sem parar sobre a faculdade e quebrando o clima tenso. Elena agradeceu mentalmente, respirando aliviada.
João logo terminou seu café e se despediu.
— Tenho cirurgias hoje. Vou passar o dia no hospital.
Saiu sem olhar para trás, mas por dentro estava em guerra.
“Droga… eu não podia ter feito aquilo. Ela é a melhor amiga da Bia. Ela é só uma garota. Mas por que eu não consigo parar de pensar nela?”
Elena, por sua vez, passou o dia tentando se convencer de que nada tinha mudado. Fingiu para si mesma que conseguia separar o que sentia, que poderia continuar levando sua vida normalmente. Mas, no fundo, seu corpo ainda queimava com a lembrança do toque de João. E ele não parava de pensar no beijo dela, o melhor beijo da vida dele.
À noite, quando ele voltou, o clima não era diferente: olhares rápidos, silêncios prolongados, e uma tensão invisível que Pedro percebeu imediatamente.
Ele estreitou os olhos, analisando os dois. Algo havia acontecido. E ele não deixaria barato.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 47
Comments