No dia que começaria a trabalhar na nova sede da empresa, Íris acordou cedo. Escolheu uma calça cinza, blusa preta de manga comprida e fez o mesmo coque. Ao entrar em seu carro sentiu um frio na barriga, mas seguiu, chegando na empresa poucos minutos antes do horário.
A nova recepção, resultado da fusão, estava movimentada. Dois logotipos, agora unidos, brilhavam na parede de vidro: Essência Salvatore Móveis.
Os funcionários das duas empresas circulavam, alguns trocando cumprimentos formais, outros apenas observando os novos colegas. Entre eles, a equipe de criação de Íris, entraram junto com ela, carregando pastas e tubos com projetos.
Bruno estava no centro do saguão, conversando com dois supervisores de fábrica e um gerente comercial. Vestia um terno claro, camisa azul e exibia o mesmo ar de quem dominava o ambiente. Ao notar a chegada de Íris e seu grupo, encerrou a conversa e caminhou em direção a eles.
_Bom dia, sócia. Bruno saudou, com um leve sorriso. _Então, essa é sua tropa de elite?
_ Bom dia… e essa é a minha equipe de criação e design. Iris respondeu, apresentando todos para Bruno. _Vamos trabalhar junto com a sua equipe, tanto de design quanto de produção, para garantir que as peças tenham qualidade e personalidade.
_Ótimo. Bruno avaliou rapidamente os rostos dos membros da equipe. _Bem-vindos à Salvatore Móveis… ou melhor: a Essência Salvatore Móveis?
Ele caminhou ao lado de Íris até a nova sala de Design.
_Aqui é onde vamos fazer mágica! Bruno abriu a porta para um espaço amplo, com duas mesas principais posicionadas frente a frente, uma para cada sócio. No canto, estações de trabalho adicionais para a equipe de design, com amostras de tecidos, madeiras e catálogos. Pelas paredes de vidro, a vista para a cidade competia com a visão do enorme galpão de produção no andar inferior.
_Bruno, mágica não existe.,Existe estratégia, trabalho, pesquisa. Disse Iris, pousando a bolsa na cadeira.
Bruno sorriu de lado, pois já tinha imaginado aquela resposta vindo dela
_Ainda vou fazer você acreditar um pouco em mágica, Íris Almeida.
Ela apenas ligou o notebook, ignorando o comentário. Mas, no fundo, já sabia que trabalhar frente a frente com Bruno todos os dias seria, no mínimo, um teste de paciência.
Pouco depois de se instalarem, Bruno apareceu na mesa de Íris com uma pilha de catálogos e amostras de madeira.
_Pensei em começarmos o projeto da primeira linha de móveis que vamos lançar. Quero algo impactante, que faça as pessoas olharem e dizerem “uau”.
Íris folheou rapidamente um dos catálogos e balançou a cabeça.
_“Uau” não significa funcionalidade. Impacto não é só cor ou exagero. Design precisa ter propósito, não ser apenas bonito em foto.
_Mas foto vende, Íris. Bruno rebateu, inclinando-se para frente, apoiando uma das mãos na mesa dela. _Se não chamar atenção de cara, ninguém se aproxima para descobrir o restante.
O perfume dele invadiu o espaço dela, e Íris precisou de um esforço consciente para tentar sentir o aroma que vinha dele, mantendo o olhar firme, sem se intimidar.
_Prefiro que se aproximem pela qualidade e fiquem por ela.
Bruno a observou em silêncio por alguns segundos. Postura reta, expressão calma, argumentos afiados.
"Tão séria, pensou. Tão certinha… parece que foi moldada para não sorrir... chata como usar gravata..."
Pensava foi nesse instante que, mentalmente, batizou de Senhorita Gravata. Não porque ela usasse uma, mas porque parecia viver em um código rígido, engomado, sem espaço para diversão, exatamente o oposto dele.
_Ok, Senhorita Gravata… Deixou escapar baixinho, o apelido saindo antes que ele pudesse segurar.
_ O que você disse? Questionou Iris desconfiada.
_ Nada… ele disfarçou com um sorriso, ajeitando sua postura. _ Vamos começar a trabalhar…
_ Vamos. Ela respondeu sem hesitar e ele sorriu.
Era só o primeiro dia, e Bruno já sabia que trabalhar com Íris seria como tentar domar uma força que não queria ser domada. E, curiosamente, isso o deixava ansioso pelo próximo embate.
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O relógio marcava quase uma da tarde quando Bruno apareceu na porta da sala de design, onde Íris revisava alguns rascunhos com a equipe. Ele estava sem o paletó, com as mangas da camisa dobradas até os cotovelos e aquele ar relaxado que parecia calculado para atrair atenção.
_Não é hora deparar para almoçar? Perguntou recostando-se no batente da porta.
Íris levantou os olhar devagar para ele
_ Sim, eu já vou descer para almoçar.
_Ótimo, então vamos juntos. Avisou Bruno se aproximando.
_Não! A resposta veio firme, sem pausa. _Vou almoçar com minha equipe. Temos alguns ajustes para discutir.
Bruno arqueou uma sobrancelha.
_Você trabalha até na hora do almoço?
_Um pouco... Ela voltou o olhar para os papéis, como se ele já não estivesse ali.
Bruno se aproximou, apoiando as mãos na mesa ao lado dela.
_Ou está fugindo de mim...
Íris ergueu o queixo, encarando-o.
_Não costumo fugir de nada, senhor Salvatore. Só não misturo trabalho com… distrações.
Bruno sorriu.
_ Distração? Eu?
_Exato! Íris pegou uma caneta e rabiscou em um.dos croquis, encerrando o assunto.
Bruno deu um passo para trás, levantando as mãos num gesto de rendição.
_ Tudo bem, Senhorita gra… Ele parou antes de chamá-la pelo apelodo. _Mas um dia, você vai aceitar meu convite. E nesse dia… Bruno fez uma pausa dramática, inclinando-se ligeiramente para ela. _Vou provar que distraçõe... também podem ser produtivas.
Íris apenas o olhou por um segundo e voltou a trabalhar, ignorando o comentário.
Bruno se sintou ignorando, percebndo que a barreira que Iris levantava, só o desafiava mais.
_ Iris, mas nós nunca falamos de trabalho durante o almoço, porque disse isso? Questionou Anne, que fazia parte equipe dela. _ Inclusive, você sempre diz que na hora do almoço, não é hora de trabalhar, e sim curtir a refeição
_ Sim, mas ele não sabe disso! Respondeu Iris esboçando um sorriso cúmplice para a Anne, sem perceber que, do corredor, Bruno ainda a observava. E era justamente aquele sorriso que fazia qualquer distância entre eles parecer temporária.
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O expediente já estava quase no fim, e a maior parte dos funcionários já havia saído, deixando o andar silencioso, exceto pelo som distante de máquinas trabalhando no galpão de produção.
Bruno estava em sua mesa revisando contratos, quando percebeu movimento na sala de design. Íris estava recolhendo amostras de tecido e madeira, empilhando catálogos e fechando pastas. O cabelo, antes preso em um coque impecável, agora tinha alguns fios soltos que caíam sobre o rosto.
Ele se pegou observando como ela movia, as mãos, precisas e ágeis. A forma como mordia levemente o lábio inferior enquanto conferia um detalhe na prancheta, percebendo que havia um contraste entre a postura sempre ereta e aquele momento mais descontraído, com um pé descalço apoiado na lateral da cadeira.
Por alguns segundos, a imagem dela o prendeu mais do que deveria.
_Bonita? Não… não é isso. Ele se recostou na cadeira, forçando um sorriso irônico. _ Ela não faz o meu tipo... ela é muito fechada, muito controlada. Não tem nada a ver comigo.
Ainda assim, quando Iris pegou a bolsa e cruzou o corredor, o aroma doce do perfume dela se espalhou no ar, e Bruno instintivamente acompanhou com os olhos até ela desaparecer pelo elevador.
"Definitivamente não é atração". Ele repetiu mentalmente, como se quisesse se convencer.
_ É só… curiosidade.
Mas, no fundo, Bruno sabia que estava mentindo para si mesmo.
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Atualizado até capítulo 27
Comments
Andreia Cristina
hum será kkkk não é isso que estou vendo senhor Salvatore já tá caidinho por ela kkkk
2025-08-15
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Patrícia Helena
🤣🤣🤣"Senhorita gravata " é Bruno, pois se prepare vc vai querer ela te amarrando pela sua gravata logo logo.
Drica meus maus pensamentos já estão pensando no hot desses dois com esse apelido 🤣🤣🤣🤣
2025-08-16
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Sthela Oliveira
tô gostando da história e já vi que vou.me.divertir muito com esses dois brincando de gato e rato kkk
2025-08-19
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