Me Apaixonei por um... Gay?!
Obsessões Mal-Disfarçadas
O fim do expediente chegou.
O som do motor de uma moto ecoou pela rua estreita, chamando atenção de alguns curiosos na saída do prédio onde Dreicon trabalhava.
Ele ajeitou a mochila no ombro e sorriu quando reconheceu Nolan tirando o capacete, deixando os cabelos bagunçados pelo vento.
Nolan perguntou, arqueando uma sobrancelha e oferecendo um meio sorriso.
Dreicon respondeu, já caminhando até ele.
Foi nesse instante que Aaron, encostado no poste a poucos metros dali, observou a cena com um olhar fechado.
Ele não tinha planejado ficar ali, mas por algum motivo havia parado.
Viu Nolan inclinar-se para Dreicon, viu a mão dele tocar o ombro do outro com intimidade… e sentiu o estômago revirar.
Ele inspirou fundo, mas o incômodo cresceu.
Aquele sorriso que Dreicon dava não era para ele. Aquele toque não era para ele.
Aaron rangeu o maxilar, tentando se convencer de que não se importava.
Aaron
Por que eu me importaria com esse viadinho?
Mas a raiva veio como uma maré, abafando qualquer outra coisa.
Nolan entregou o capacete para Dreicon, que colocou rápido e subiu na moto.
Em segundos, a dupla desapareceu pela esquina, deixando Aaron sozinho com um silêncio irritante nos ouvidos.
O apartamento de Nolan tinha aquele cheiro familiar de cigarro e perfume amadeirado.
Assim que entraram, Dreicon encostou na parede perto da porta, e Nolan se aproximou, apoiando uma mão ao lado de seu rosto.
Nolan
Você tá com cara de que sentiu minha falta.
Nolan murmurou, com um sorriso enviesado.
Dreicon provocou, puxando-o pela camisa.
Dreicon
E se eu disser que senti?
O beijo veio quente, com Nolan pressionando o corpo contra o dele, e as mãos de ambos explorando sem pressa, mas sem deixar o clima esfriar.
Dreicon soltou um riso breve entre um toque e outro, sentindo a tensão da rua se dissipar ali.
Enquanto isso, Aaron estava numa loja de conveniência, com um Monster gelado numa mão e um cigarro na outra.
Ficou parado na calçada, olhando o movimento da rua, mas a mente estava longe.
Aaron
Eu vou acabar com ele. Humilhar até não sobrar nada.
Deu um gole no energético, tragou fundo e soltou a fumaça lentamente, como se isso aliviasse algo.
Mas não aliviava. Porque, no fundo, ele sabia que a raiva que sentia de Dreicon… não era só raiva.
O quarto estava mergulhado num silencio. Nolan e Dreicon estavam deitados, nus, os corpos ainda quentes e relaxados depois de horas de beijos e toques.
O lençol cobria apenas até a cintura de Nolan, que se apoiava de lado, olhando o outro com um sorriso preguiçoso
Nolan começou, passando um dedo pelo peito de Dreicon.
Nolan
Como foi no trabalho hoje?
Dreicon soltou um suspiro, ajeitando-se no travesseiro.
Dreicon
Foi o de sempre… cliente chato, chefe irritante e… Aaron.
Nolan arqueou a sobrancelha.
Nolan
Esse Aaron é o que você vive citando?
Dreicon
Infelizmente, sim.
Dreicon
Aquele cara consegue me tirar do sério de um jeito… que dá vontade de socar a cara dele toda vez que abre a boca.
Nolan
Você fica diferente quando fala dele.
Nolan
Sua voz muda… parece raiva pura.
Dreicon
Porque é raiva pura, Nolan.
Respondeu Dreicon, encarando o teto.
Dreicon
Ele é arrogante, se acha o centro do universo… e ainda por cima acha que pode me provocar como se fosse algum jogo.
Nolan
Vai ver ele só gosta de te irritar porque você é fácil de provocar.
Dreicon resmungou, virando-se de lado para encará-lo.
Dreicon
É só que ele sabe apertar os botões certos.
Nolan
Você devia aprender a apertar os dele também..
Sugeriu Nolan com um sorriso de canto.
Nolan
Aposto que ele não ia gostar.
Dreicon
Hm… talvez eu devesse.
Respondeu Dreicon, com um brilho malicioso nos olhos.
No outro dia – Faculdade, 07:15 da manhã
O campus ainda estava meio silencioso, com poucos alunos chegando.
Dreicon desceu do ônibus e, assim que olhou para a entrada, viu Lua encostada numa pilastra, esperando.
Disse ela, ajeitando a mochila no ombro
Lua
Achei que ia se atrasar.
Dreicon Abrindo um pequeno sorriso e caminhando ao lado dela.
Lua
Mas me conta, ontem você sumiu cedo.
Disse Dreicon sem dar muitos detalhes.
Lua
Agora entendi a cara de satisfeito.
Dreicon apenas riu e desviou o assunto, falando sobre as matérias e os professores enquanto os dois atravessavam o corredor principal.
Ao se despedirem, Dreicon virou para a porta da sala… e lá estava Aaron, já sentado na carteira dele, com um sorriso que irritava só de olhar.
Aaron
Mas olha só… o príncipe chegou.
Disse Aaron, cruzando os braços
Aaron
Achei que tinha desistido da faculdade.
Dreicon
Desculpa te decepcionar.
Respondeu Dreicon seco, jogando a mochila na mesa.
Dreicon
Você devia estar preocupado com a sua vida, não com a minha.
Aaron
Minha vida anda ótima.
Disse Aaron com um sorriso falso.
Aaron
Aparentemente, melhor que a sua.
Aaron
Você parece… cansado. Passou a noite fazendo o quê, hein?
Dreicon
Não é da sua conta.
Retrucou Dreicon, travando o maxilar.
Aaron inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa.
Aaron
Aposto que não foi nada produtivo… mas aposto também que foi divertido pra você.
Dreicon
Se você continuar falando, vai engolir os dentes.
Disse Dreicon, encarando-o firme.
Respondeu Aaron, sorrindo como se aquilo fosse um prêmio.
Aaron
Essa é a cara que eu gosto de ver.
Dreicon
Você é insuportável.
Aaron girava a caneta entre os dedos, com aquele sorriso de canto que Dreicon já conhecia bem.
Assim que o outro se acomodou na cadeira, ele soltou, sem disfarçar o tom maldoso:
Aaron
Soube da bronca que você levou ontem… Foi bom de ver. Ver o viadinho sendo humilhado foi muito bom.
Dreicon parou o movimento de abrir o caderno e o encarou com frieza.
Dreicon
Você não cansa de falar merda, né?
Aaron
Não quando é sobre você.
Respondeu Aaron, inclinando-se para a frente.
Aaron
Você já se olhou no espelho? Esse seu jeito, esse seu sorrisinho… é patético.
Aaron
E você ainda acha que alguém te leva a sério?
Dreicon apoiou o queixo na mão, com um meio sorriso.
Dreicon
Eu estava conversando ontem com o Nolan sobre você. Sabe o que ele disse?
Dreicon
Que sua fixação por mim é tão óbvia que chega a ser ridícula.
Aaron franziu o cenho, mas manteve a pose.
Aaron
Fixação? Não se ache.
Dreicon
Ah, claro. Então me explica.
Continuou Dreicon, com a voz calma, porém carregada de provocação.
Dreicon
Por que você se importa tanto com o que eu faço, com quem eu fico, ou até quando eu levo bronca?
Dreicon
É engraçado… parece até que você pensa mais em mim do que eu mesmo.
Aaron apertou a caneta com força.
Aaron
Não começa,Viadinho.
Dreicon
Começar? Eu nem terminei.
Disse ele, inclinando-se na mesa.
Dreicon
Você pode chamar de raiva, de desprezo, do que quiser.
Dreicon
Mas é obsessão, Aaron.
Dreicon
Você não consegue tirar o 'viadinho' da cabeça. E isso te corrói, né?
Aaron
Você tá pedindo pra eu levantar dessa cadeira agora e—
Aaron parou no meio da frase, a mandíbula travada.
Dreicon sorriu, satisfeito com a reação.
Dreicon
O quê? Vai provar que eu estou certo? Vai mostrar pra todo mundo que eu mexo mais com você do que deveria?
O silêncio que veio depois foi denso, e Aaron desviou o olhar, respirando fundo, visivelmente irritado.
Dreicon aproveitou o momento para se recostar e acrescentar, como quem crava a última estaca:
Dreicon
Quanto mais você me ataca, mais deixa claro que sou eu que te incomodo de verdade.
Aaron abriu a boca para responder, mas o som da porta se abrindo interrompeu a tensão.
O professor entrou, pedindo que todos abrissem os livros, e os dois se calaram, embora o clima entre eles continuasse fervendo.
Comments