O tempo parecia congelado naquela cidade que, um dia, fora o cenário dos seus momentos mais felizes. As ruas por onde ela caminhava agora pareciam mais vazias, como se carregassem o silêncio pesado da ausência dele.
Ao voltar para a casa onde haviam compartilhado tantos sonhos, ela se sentiu invadida por memórias que lhe cortavam o peito. Cada objeto, cada canto, era um lembrete cruel do que havia perdido — e do que não poderia mais recuperar.
Sentou-se na sala, observando o telefone no canto da mesa. Aquele aparelho que, um ano atrás, havia recebido a última mensagem dele, o último pedido de desculpas, o último “eu te amo” que jamais seria respondido.
Ela tentou chamar a atenção para o presente, para as tarefas do dia, mas tudo parecia sem sentido. A dor apertava o coração, e um sentimento de culpa insistia em sussurrar que, talvez, se ela tivesse cedido naquela briga, ele estaria vivo.
Não conseguia compartilhar o peso do seu luto — nem com a própria família, que tentava ser forte, nem com os amigos que evitavam tocar no assunto para não a magoar.
Ela sentia-se sozinha, naufragada em um mar de tristeza, esperando encontrar um porto seguro que parecesse real de novo.
Mas, no fundo, sabia que só ela poderia dar esse passo. Olhar para aquela dor, aceitar que o amor deles havia sido verdadeiro, e aprender a seguir com ele — não ao lado dele, mas com os momentos que viveram dentro de si, para não esquecê-los.
E então, naquela tarde, ela se levantou devagar, tentando sacudir a névoa que parecia envolver sua mente. Caminhou até a cozinha, onde os utensílios e ingredientes estavam ali, quase como se esperassem por ela.
Com as mãos ainda trêmulas, começou a preparar o prato favorito dele: lasanha de carne. Enquanto cortava a cebola e refogava o molho, as memórias vinham em ondas — ele rindo da maneira como ela queimava a borda da lasanha, ou reclamando, com um sorriso torto, que ela colocava muito queijo.
O cheiro do molho tomando conta da cozinha trouxe um conforto estranho, uma sensação de proximidade que parecia quase mágica. Era como se, por um instante, ele estivesse ali, naquela casa, naquela cozinha, compartilhando aquele momento simples, mas cheio de significado.
Ela colocou a lasanha no forno e, enquanto esperava, sentou-se à mesa. Pegou o celular, abriu a conversa antiga, relendo as últimas mensagens. O último “me perdoa” dele ficou ali, preso na tela, uma lembrança dolorosa do que nunca pôde ser consertado.
Um nó apertou sua garganta, mas ela respirou fundo. Por um momento, pensou que estava cozinhando para ele — um jeito de pedir desculpas por não ter conseguido salvá-lo. Mas não era para ele que ela cozinhava, nem apenas para a saudade que a consumia, e sim para si mesma. Para tentar aceitar que o amor que sentia podia continuar vivo, mesmo que ele não estivesse mais.
Quando o timer do forno apitou, ela serviu a lasanha em um prato branco, com cuidado, e levou até a mesa sozinha, tentando se reconectar com os momentos bons, com a força que o amor deles ainda podia lhe oferecer para ficar bem consigo mesma.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
riez onetwo
Não me mata de curiosidade, autora, posta logo a próxima parte!
2025-08-12
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