O quarto do hotel estava silencioso, exceto pelo som distante do ar-condicionado. Niran acordou algumas horas depois, ainda um pouco tonto, mas a dor tinha diminuído graças à medicação. Quando abriu os olhos, não esperava encontrar Krit sentado na poltrona, ao lado da cama, com o celular na mão e o semblante sério.
— Você… ainda está aqui? — perguntou Niran, a voz rouca.
— Onde mais eu deveria estar? — respondeu Krit, sem erguer muito o tom.
Niran piscou algumas vezes, tentando compreender. — Achei que você tivesse uma reunião importante hoje à tarde.
— Cancelei.
A resposta foi tão simples e seca que Niran demorou alguns segundos para processar. Krit não cancelava reuniões. Ele era conhecido por comparecer a todos os compromissos, mesmo em situações adversas.
— Você… cancelou? Por quê?
— Porque você está doente — disse Krit, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Niran desviou o olhar, o coração acelerando. — Não precisava fazer isso. Eu não sou… tão importante assim.
— Não diga isso. — O tom de Krit saiu mais firme do que ele pretendia, quase um aviso. Ele respirou fundo, voltando à postura controlada. — Você é importante para mim.
As palavras pairaram no ar. Krit, percebendo que tinha falado mais do que queria, levantou-se e foi até a janela, abrindo um pouco a cortina.
— Você deveria descansar mais um pouco — disse ele, olhando para a rua, evitando encarar Niran.
— Não sei se consigo — murmurou Niran, forçando um pequeno sorriso. — Minha cabeça está cheia demais.
— Cheia com o quê? — Krit perguntou, finalmente virando-se para ele.
Niran hesitou. Parte dele queria dizer tudo — que desde a época da escola guardava sentimentos, que as pequenas gentilezas de Krit sempre o desarmavam, que era difícil entender esse cuidado vindo de alguém que normalmente mantinha distância. Mas se conteve.
— Com trabalho… e coisas aleatórias — respondeu, optando pelo seguro.
Krit estreitou os olhos, mas não insistiu.
Mais tarde, Krit pediu serviço de quarto e trouxe ele mesmo a bandeja até a cama. Era simples — arroz branco, frango cozido e chá — mas o fato de o CEO servir o prato pessoalmente fez Niran sentir algo quente no peito.
— Se não comer, eu mesmo vou alimentar você — disse Krit, sério, mas com um leve traço de provocação nos lábios.
Niran riu baixinho, mas obedeceu, comendo lentamente. Krit permaneceu sentado, observando, como se estivesse garantindo que ele realmente se recuperaria.
Quando a noite chegou, Niran percebeu que Krit não havia saído do quarto nem por um segundo, exceto para atender ligações no corredor. Era como se ele tivesse decidido montar guarda ali.
Antes de dormir, Niran arriscou perguntar:
— Krit… por que você está fazendo tudo isso?
Krit, parado ao lado da cama, demorou para responder. Então, de forma quase imperceptível, disse:
— Porque eu não suporto a ideia de que algo aconteça com você.
E saiu para apagar as luzes.
Niran fechou os olhos, mas o sono não veio imediatamente. As palavras de Krit se repetiam em sua mente, junto com a sensação estranha e irresistível de que a barreira entre eles estava prestes a ruir.
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Atualizado até capítulo 50
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