A mão que impediu a porta do elevador de se fechar era forte, com dedos longos e bem cuidados. Então, ele entrou. Meu coração deu um salto, e não foi pelo susto. Ele era alto, muito alto, e seu corpo parecia esculpido sob o terno escuro que vestia. Tinha a pele morena, um bronzeado que parecia beijado pelo sol, e os cabelos escuros, quase pretos, caíam em ondas sobre a testa. Mas o que realmente me prendeu foram os olhos. Verdes. De um verde tão intenso que pareciam esmeraldas, e me olhavam com uma curiosidade que me fazia prender a respiração.
Ele sorriu, um sorriso que iluminou o rosto e revelou uma covinha discreta na bochecha.
"Boa noite", ele disse, e a voz era grave, com um sotaque suave que eu não soube identificar de imediato.
Isabella: "Boa noite", respondi, sentindo minhas bochechas esquentarem. Tentei me recompor, lembrando que estava com sacolas de supermercado e parecia uma bagunça.
O elevador começou a subir, e o silêncio entre nós era preenchido apenas pelo suave som do motor. Eu tentava desviar o olhar, focando nos números do painel, mas sentia a intensidade dos olhos verdes dele sobre mim. Era como se ele estivesse tentando decifrar um enigma.
Quando o elevador parou no meu andar, eu me apressei para sair, equilibrando as sacolas pesadas. Ele, percebendo minha dificuldade, estendeu a mão para segurar a porta.
"Deixe-me ajudá-la", ele ofereceu, com a mesma voz melodiosa.
Isabella: Ah, obrigada, não precisava...eu murmurei, um pouco sem graça, mas aceitei a ajuda. Ele pegou as sacolas mais pesadas com uma facilidade impressionante, como se não pesassem nada.
Caminhamos juntos pelo corredor. O cheiro do perfume dele era amadeirado e sofisticado, e eu me peguei inalando-o discretamente.
"Você é nova no prédio, não é?", ele perguntou, quebrando o silêncio. "Nunca a vi por aqui."
Eu sorri.
Isabella: Sim, acabei de me mudar. Cheguei hoje
"Bem-vinda, então", ele disse, e seus olhos verdes brilharam com um interesse genuíno. "A propósito, sou Ricardo."
Eu, que ainda tentava processar a situação, sorri.
Isabella: Prazer, Ricardo. Eu sou Isabella.
Ricardo:"Isabella", repetiu, saboreando o nome.
"Aqui está" disse ao deixar as sacolas na porta do meu apartamento.
Isabella: Obrigada
Ricardo:Espero vê-la novamente.
Ele se despediu com um aceno de cabeça e se virou para ir embora, em direção ao apartamento 125. Eu fechei a porta lentamente, ainda sentindo o eco de sua voz e a intensidade de seu olhar. Ricardo. Meu vizinho. E, por alguma razão, eu sentia que a minha história em São Paulo havia acabado de ganhar um novo personagem.
Com as sacolas no chão da sala, eu me permiti um suspiro. Aquele encontro inesperado havia injetado uma dose extra de adrenalina no meu dia. Ricardo era, sem dúvida, um homem muito bonito.
Seus olhos verdes pareciam ter deixado uma marca em minha mente, e seu sorriso, mesmo que em breve, tinha um charme inegável. Eu me peguei pensando em como seria tê-lo como vizinho, e um calor estranho se espalhou pelo meu peito.
Sacudi a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Eu acabara de chegar, e meu foco principal era a faculdade e a minha independência. Relacionamentos eram a última coisa na minha lista de prioridades.
Mas era difícil ignorar a sensação de que algo havia mudado no ar do meu novo apartamento.
Comecei a desempacotar as compras do supermercado, organizando os alimentos na geladeira e nos armários. Cada item guardado era um pequeno passo na construção da minha nova vida. Enquanto arrumava a cozinha, meus pensamentos voltavam para Ricardo. Será que ele era solteiro? Será que nos encontraríamos novamente no elevador? Eu ri de mim mesma. Estava agindo como uma adolescente.
Depois de guardar tudo, me sentei no sofá, exausta, mas com uma sensação de dever cumprido. A cidade lá fora zumbia com sua vida noturna, mas dentro do meu apartamento, eu sentia uma paz estranha, uma mistura de solidão e liberdade. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para meus pais, avisando que estava tudo em ordem e que amanhã iria a faculdade. Eles responderam com emojis de coração, me desejaram boa sorte e promessas de uma visita em breve.
Naquela noite, antes de dormir, olhei pela janela. As luzes de São Paulo piscavam como estrelas no chão, uma tapeçaria infinita de sonhos e possibilidades. Eu estava ali, sozinha, mas não me sentia solitária. A aventura havia realmente começado, e eu estava pronta para cada novo capítulo. O rosto de Ricardo, com seus olhos verdes, foi a última imagem em minha mente antes de adormecer, um lembrete sutil de que a vida em São Paulo prometia muito mais do que eu imaginava.
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Atualizado até capítulo 24
Comments
bete 💗
adorando ❤️❤️❤️❤️❤️
2025-09-21
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