loira envergonhada

No final da tarde, Klaus observava discretamente pela janela da sala, com uma taça de vinho na mão. A luz dourada do pôr do sol iluminava os cabelos loiros de Elena, que ainda ajudava os funcionários a organizarem os móveis em sua nova casa.

Ela parecia natural... mas, de tempos em tempos, lançava olhares rápidos na direção da casa dele. Como se esperasse... ou temesse... um reencontro.

Então, aconteceu.

Já com a mudança praticamente finalizada, ela tomou coragem, atravessou a pequena trilha de pedras que separava as duas mansões e tocou a campainha.

Klaus abriu a porta antes mesmo do segundo toque.

Elena parou, um pouco sem jeito, e forçou um sorriso.

— Eu... estava pensando em te convidar para um café. Só... como vizinha, sabe?

Ele não respondeu de imediato. Seus olhos a prenderam ali por alguns segundos. Havia algo na forma como ela olhava para ele... um brilho de reconhecimento contido.

— Você lembra — disse Klaus, direto, com voz baixa.

Ela mordeu o lábio inferior, envergonhada, e desviou o olhar.

— Lembro...

Silêncio.

— Foi só uma noite... mas ficou marcada — completou ela, num sussurro. — Não achei que nos veríamos de novo. E agora... você é meu vizinho.

Klaus deu um passo à frente. Elena instintivamente recuou meio passo, mas não fugiu.

— Não foi só uma noite pra mim — disse ele, firme. — Desde então, você não saiu da minha mente. E agora que sei que está aqui... não vou deixar você escapar de novo.

Elena arregalou levemente os olhos. Havia intensidade no olhar dele — uma mistura de desejo, saudade e... posse.

— Klaus... você está sendo intenso.

Ele estendeu a mão e acariciou levemente o rosto dela.

— Porque você me pertence. Mesmo que ainda não saiba disso. E eu... pertenço a você.

Elena sentiu o coração disparar. Não sabia o porquê — mas estar perto dele despertava algo que nem ela conseguia explicar. Era como se seus corpos se reconhecessem antes da mente.

— Você quer entrar? — perguntou ela, baixinho, quase como um pedido.

Klaus assentiu, mas antes de atravessar o portão disse, em tom baixo:

— Se alguém tentar te tocar... ou te tirar de perto de mim... vai se arrepender.

Ela o encarou, surpresa com a declaração, mas parte dela se sentia estranhamente protegida, não ameaçada. Como se aquela posse tivesse mais a ver com instinto do que com controle.

E por algum motivo, ela gostava disso.

.

A noite estava tranquila — ao menos, à primeira vista.

Elena havia preparado um jantar simples, mas caprichado, com velas acesas, vinho tinto e música suave preenchendo o ambiente. A presença de Klaus a deixava um pouco nervosa, mas também estranhamente confortável.

— Ainda não acredito que você aceitou jantar aqui — disse ela, sorrindo timidamente.

— Nem eu acredito que você cozinha tão bem — respondeu Klaus, provocando um leve riso.

Elena riu, tímida, sem conseguir sustentar o olhar dele por muito tempo. Klaus, por outro lado, a observava com atenção, fascinado com cada detalhe — o modo como ela gesticulava, os olhos que brilhavam quando sorria, o leve rubor nas bochechas quando tentava disfarçar a timidez.

Mas ele sentiu.

Um ruído sutil.

Um cheiro estranho no ar.

Intenção assassina.

Seus olhos mudaram imediatamente. Não foi visível para ela — mas Klaus havia entrado em modo de alerta total.

CRASH!

A janela da cozinha explodiu em estilhaços. Um homem mascarado invadiu a casa, armado com uma faca longa e um olhar direto para Elena.

— NO CHÃO, AGORA! — gritou o agressor.

Elena gritou, em pânico, derrubando a taça de vinho. Antes que pudesse reagir, Klaus já estava de pé, imóvel... entre ela e o assassino.

O agressor hesitou. Não esperava que alguém ficasse parado na sua frente. Muito menos com aquele olhar calmo e impiedoso.

— Última chance — disse Klaus. — Fuja... ou morra.

— Você pensa que pode me parar?! — gritou o homem, avançando com a faca.

Erro fatal.

Com um movimento quase invisível, Klaus agarrou o pulso do assassino e o torceu, quebrando-o com um estalo seco. A faca caiu no chão, mas Klaus não parou por aí — golpeou o peito do homem com tanta força que o jogou contra a parede. O impacto quebrou o reboco.

O agressor tossiu sangue, mas ainda respirava.

BANG!

Outro homem apareceu na porta, armado com uma pistola. Sem hesitar, disparou direto no peito de Klaus.

Elena gritou:

— KLAUS!

O impacto fez Klaus dar um passo para trás. A camisa rasgou, mas... nenhum sangue escorreu.

Nada.

Klaus olhou para o próprio peito, depois para o novo agressor, com o mesmo olhar calmo — agora com uma pitada de desprezo.

— Sério?

O agressor engasgou de medo.

— N-não pode ser... Eu atirei! Eu vi o impacto! Isso devia ter te matado!

— Devia — respondeu Klaus. — Mas não sou alguém fácil de matar.

Ele deu dois passos à frente. O agressor tentou recuar, mas Klaus já estava diante dele. Um soco certeiro. Crack! A arma voou longe. Outro golpe. O corpo caiu.

Silêncio.

Elena estava no canto da sala, encolhida, os olhos arregalados. Tremia. Não pelo que tinha visto... mas pelo que ainda não conseguia entender.

— Você... levou um tiro... e... — ela balbuciava.

Klaus caminhou até ela lentamente, sem ferimentos, e se ajoelhou ao seu lado.

— Eu estou bem.

— Mas... mas isso não é possível — disse ela, olhando para o buraco na camisa dele e a pele intocada. — Quem... o que é você?

Ele hesitou. Não queria mentir. Mas também não podia contar tudo ainda.

— Sou só alguém que não vai deixar que ninguém te machuque. Nunca.

Ela olhou para ele, assustada, confusa... mas parte de si, lá no fundo, confiava nele.

Mesmo sem entender como, sentia que, ao lado dele, estava mais segura do que em qualquer outro lugar do mundo.

A casa estava em silêncio após o ataque.

O corpo do agressor jazia no chão, morto com um único golpe de Klaus. Elena tremia, tentando compreender o que acabara de acontecer — não só o atentado, mas o que Klaus era capaz de fazer. Ela o havia visto tomar um tiro... e não só sobreviver, mas continuar de pé, ileso, como se nada o pudesse ferir.

Antes que ela conseguisse formular uma pergunta, duas figuras apareceram na sala.

Um homem de terno escuro, alto, expressão fria.

E uma mulher elegante, de olhos prateados e rosto sereno, mas com presença mortal.

Ambos se ajoelharam diante de Klaus, com a cabeça baixa.

— Mestre Klaus. Respondemos à sua convocação. — disseram em uníssono.

Elena recuou um passo, pasma.

— Eles se ajoelharam... diante de você?

Klaus apenas assentiu, impassível.

— Levantem-se. Relatório.

O homem falou primeiro:

— O ataque não teve ligação com o senhor, Mestre. Foi direcionado à mulher. Descobrimos a origem da ordem de execução.

A mulher prosseguiu:

— O mandante é Leonhart Dalvermont, jovem mestre da Casa Dalvermont — uma das famílias aristocráticas mais antigas do país. O contrato foi executado por um grupo de mercenários associados à Guilda Escarlate, mas sem envolvimento direto da organização.

Elena sentiu o chão sumir sob os pés.

— Leonhart...? Não... não pode ser...

Klaus virou-se lentamente para ela.

— Você o conhece?

Ela assentiu, atônita.

— Ele é meu primo...

Klaus permaneceu em silêncio por alguns segundos. Os membros da organização apenas aguardavam, imóveis.

Elena passou a mão pelo rosto, tentando assimilar tudo.

— Isso... isso não faz sentido. Por que ele mandaria me matar? Somos da mesma família. Eu nunca fiz nada contra ele...

O agente olhou para Klaus, que autorizou com um aceno. Ele ativou uma pequena tela holográfica, exibindo documentos e registros antigos.

— Há dois anos, a senhorita Elena trabalhou em uma obra financiada por empresas ligadas à Casa Dalvermont. Uma denúncia anônima, registrada por sua senha interna, alertou a Receita Federal sobre desvio de verbas e superfaturamento. Leonhart perdeu milhões em contratos ocultos. Sua posição dentro da família foi abalada. Ele jurou vingança, mas manteve o nome da senhorita fora dos arquivos públicos.

Elena levou as mãos à cabeça, em choque.

— Eu só... fiz o que era certo...

Klaus se aproximou, seus olhos intensos sobre ela.

— E agora ele quer apagar o que restou do problema. Você.

Ela olhou para ele, trêmula.

— E você... você tem pessoas que se ajoelham... que limpam cenas de crime... que rastreiam aristocratas...

— Tenho — respondeu Klaus, sem hesitar. — Porque eu sou mais perigoso do que qualquer nobre mimado tentando brincar de senhor feudal.

Ela recuou um passo, confusa, atônita.

— Quem é você?

Ele se aproximou, sua voz agora mais baixa, porém carregada de convicção.

— Eu sou o que protege você agora, Elena. Isso é tudo o que precisa saber por enquanto.

Klaus então se virou para seus dois subordinados:

— Preparem tudo. A senhorita Elena vai se mudar amanhã para a Vila Esmeralda. Quero segurança tripla. Ninguém entra, ninguém sai sem minha autorização.

Os dois assentiram.

— E quanto ao jovem mestre Leonhart? — perguntou o agente.

Klaus olhou para ele com frieza.

— Ainda não. Antes quero que ele sinta medo. Quero que comece a duvidar da própria sombra. Quando estiver dormindo com uma arma embaixo do travesseiro... aí sim, eu apareço.

Os dois agentes sorriram de leve, assentindo. Depois, desapareceram na noite como fantasmas.

Elena sentou-se no sofá, sem saber o que pensar.

Klaus, agora mais calmo, se sentou ao lado dela.

— Você está segura, Elena. Comigo, ninguém mais vai te tocar.

Ela o olhou, assustada... e ao mesmo tempo fascinada.

— O que você é...?

Ele não respondeu de imediato. Apenas a encarou, sério.

— Um monstro, talvez. Ou apenas um homem... que nunca vai deixar ninguém te machucar de novo.

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Alucard

Alucard

Me deixa na mão não, autora, atualiza já!

2025-08-04

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