Capítulo 3: Os Segredos da Sociedade
A música envolvente do baile ressoava ao redor de Lady Flora, criando uma atmosfera de alegria e expectativa. Os convidados dançavam, seus vestidos e fraques girando em um espetáculo de cores e movimentos. No entanto, mesmo em meio à alegria, um sussurro de incerteza pairava sobre Flora. Enquanto a dança prosseguia, suas conversas com Lorde Henry Blackwood ecoavam em sua mente, como se ele estivesse ali, ao seu lado, mesmo quando se afastaram um do outro.
Flora observou o salão, onde rostos conhecidos e desconhecidos se misturavam. Os nobres, com seus sorrisos calculados e olhares avaliativos, eram como peças de um tabuleiro de xadrez, cada um jogando seu próprio jogo. A sociedade estava repleta de segredos e intrigas, e Flora, que sempre fora uma observadora atenta, começou a notar as dinâmicas que pulsavam ao seu redor.
“Você viu como a Senhora Beatrice olhou para o Conde de Ravenswood?” murmurou Clara, que se aproximou, puxando Flora para mais perto da janela, onde a luz da lua iluminava suas faces.
“Sim, parece que ela não esconde seu interesse,” Flora respondeu, olhando para a mulher elegante que, com um vestido vermelho vibrante, estava no centro da atenção de um grupo de homens. “Mas ele parece mais interessado em manter sua reputação intacta do que em se envolver em um romance.”
“Ah, você está aprendendo, Flora! Cada movimento aqui é uma dança por si só,” Clara sorriu, em um tom conspiratório. “Mas você deve ter cuidado. A sociedade tem seus próprios olhos e ouvidos, e uma palavra errada pode arruinar uma reputação.”
Flora assentiu, sentindo-se um pouco mais consciente de sua posição. O que ela pensava ser uma simples dança estava se revelando como uma rede complexa de expectativas e percepções. Enquanto Clara continuava a comentar sobre os casais dançando e as estratégias sociais em jogo, Flora sentiu seu olhar voltar para Henry, que agora conversava com um grupo de nobres em um canto do salão.
Ele parecia confortável, mas havia uma tensão em seu comportamento, como se ele estivesse lutando contra algo que não era imediatamente aparente. Flora não conseguia evitar a vontade de se aproximar dele novamente. Com um suspiro determinado, ela se despediu de Clara e caminhou em direção ao conde, que a viu se aproximar e acenou levemente, seu sorriso iluminando seu rosto.
“Lady Flora, você se perdeu em seus pensamentos?” perguntou Henry, sua voz baixa e cativante.
“Eu estava apenas observando meus arredores e refletindo sobre a natureza da sociedade,” Flora respondeu, tentando esconder a ansiedade em sua voz. “Parece que cada pessoa tem seu próprio jogo a jogar.”
“Você está absolutamente certa,” ele respondeu, olhando ao redor do salão. “A sociedade é um palco, e cada um de nós desempenha um papel. Mas é importante lembrar que nem todos os papéis são o que parecem.”
Flora franziu o cenho, intrigada. “O que você quer dizer com isso?”
“Alguns dançam por prazer, outros por obrigação. Alguns sorriem, mas escondem preocupações profundas. E há aqueles que, mesmo em meio à dança, anseiam por liberdade,” Henry disse, sua expressão tornando-se mais séria. “Você se sente presa a esse jogo?”
Flora hesitou. “Às vezes, sinto que as expectativas são pesadas. Mas também acredito que há beleza nas conexões humanas. Que talvez possamos encontrar algo verdadeiro, mesmo nesse ambiente cheio de aparências.”
Henry a observou por um momento, como se estivesse avaliando cada palavra que ela dissera. “Você é uma alma rara, Lady Flora. Não deixe que o mundo a transforme em algo que você não é. A autenticidade é um bem precioso.”
As palavras dele ressoaram profundamente em Flora, e ela se sentiu animada pela sinceridade que parecia emanar dele. “E você, Lorde Blackwood? O que busca em meio a este baile?”
“Eu busco algo que possa se sentir real. Algo que não seja apenas parte do espetáculo,” ele respondeu, olhando diretamente nos olhos dela. “E talvez, se tiver sorte, encontre alguém que também anseie por isso.”
Antes que Flora pudesse responder, uma nova figura se juntou a eles. Era Lady Beatrice, com seu vestido vermelho deslumbrante e um sorriso que parecia mais predatório do que acolhedor. “Ah, Lorde Blackwood, como é encantador vê-lo tão envolvido em conversas tão profundas,” disse ela, sua voz melódica, mas com um subtom de competição.
“Lady Beatrice,” Henry respondeu, sua postura mudando ligeiramente, como se estivesse se preparando para um duelo social. “É sempre um prazer.”
Flora percebeu que a tensão entre os dois era palpável. Enquanto Beatrice começava a puxar Henry para uma conversa mais superficial, Flora sentiu-se como uma intrusa. Havia algo em seu olhar que dizia que ela não era bem-vinda ali. Em um impulso, Flora decidiu se afastar um pouco, observando a interação de longe, enquanto a música continuava a tocar.
Lady Beatrice parecia ter um talento especial para capturar a atenção, e Flora não pôde deixar de se perguntar se havia algo mais por trás do encanto da mulher. Ela era conhecida por ser astuta e manipuladora, e Flora sentiu um frio na espinha ao pensar nas possíveis consequências de se envolver mais com Henry.
Enquanto a dança prosseguia e os nobres continuavam a rir e a se entreter, Flora se viu em um dilema. Ela queria se aproximar de Henry novamente, mas a presença de Beatrice e o jogo de aparências a deixavam hesitante. Poderia ela realmente encontrar algo autêntico em meio a um mar de segredos e desilusões?
Com esses pensamentos em mente, Flora decidiu que precisava se afastar um pouco, buscando um refúgio no jardim externo da mansão. O ar fresco e a luz da lua iluminavam as flores, criando um cenário sereno que contrastava com a agitação do baile. Flora se permitiu um momento de reflexão, permitindo que a brisa suave acariciasse seu rosto.
“Por que você está aqui sozinha, Lady Flora?” uma voz familiar perguntou, fazendo-a se virar rapidamente. Era Lorde Henry, que a havia seguido para o jardim.
“Eu precisava de um momento de paz,” Flora respondeu, tentando esconder a confusão que ainda a dominava. “A sociedade pode ser avassaladora, e eu… eu não estou certa de como me encaixar.”
Henry a observou atentamente, e ela pôde ver uma centelha de compreensão em seu olhar. “Às vezes, é necessário se afastar do barulho para encontrar sua própria voz. E se você se sentir perdida, lembre-se de que não está sozinha.”
Flora sentiu uma onda de gratidão por suas palavras. “Obrigada, Lorde Blackwood. É reconfortante saber que há alguém que entende.”
“Por favor, me chame de Henry,” ele disse, um sorriso suave nos lábios. “E eu gostaria de conhecê-la melhor, sem as distrações da sociedade.”
Com isso, Flora percebeu que, talvez, mesmo em meio a tantos segredos e intrigas, havia uma possibilidade de autenticidade. E enquanto a noite se desenrolava, ela sentiu uma centelha de esperança crescendo dentro de si, uma expectativa por um amor que poderia florescer em meio às sombras da sociedade.
---
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 63
Comments