Capítulo 2: A Casa de Verão
A luz da manhã seguinte filtrava-se através das cortinas de renda do quarto de Lady Flora, trazendo consigo o aroma fresco de flores recém-abertas. O dia prometia ser esplêndido, e enquanto Flora se preparava para o baile de que tanto se falava, não conseguia afastar da mente a imagem de Lorde Henry Blackwood. Ele havia se tornado uma presença constante em seus pensamentos, como uma melodia suave que ecoava em seu coração.
Após um café da manhã que parecia um mero ritual, Flora vestiu-se com um vestido de tecido leve e cor azul celeste, que refletia a cor dos céus de primavera. O vestido, adornado com delicadas rendas brancas, acentuou suas formas jovens e a fez sentir-se radiante. Com um toque final de um broche em forma de flor que sua mãe lhe deixara, Flora estava pronta para enfrentar o mundo.
A casa da família Whitmore era uma construção imponente, rodeada por um jardim exuberante e cuidadosamente planejado. As paredes eram adornadas com treliças cobertas de rosas e glicínias, e o som de água correndo de uma fonte central criava uma atmosfera de tranquilidade. Contudo, por trás dessa beleza, Flora sabia que as expectativas da sociedade eram pesadas como as nuvens de tempestade que poderiam surgir a qualquer momento.
Enquanto caminhava pelos corredores da casa, Flora encontrou sua mãe, Lady Margaret, que estava ocupada com os preparativos finais para o grande evento da noite. O olhar de sua mãe era uma mistura de ansiedade e determinação, marcando o rosto de uma mulher que havia dedicado sua vida a manter a imagem da família intacta.
“Flora, querida, você precisa se lembrar de que a noite de hoje não é apenas um baile. É uma oportunidade de fazer conexões que podem influenciar nosso futuro,” disse Lady Margaret, com uma seriedade que fez o coração de Flora acelerar. “O conde de Blackwood é um homem de prestígio. Ser vista ao lado dele pode ser vantajoso para nós.”
Flora assentiu, embora um pequeno rebelde dentro dela sussurrasse que o amor não deveria ser uma questão de estratégia social. “Sim, mãe. Eu entendo,” respondeu ela, tentando não deixar transparecer a confusão que a dominava. Sua mãe parecia tão focada na imagem que Flora se perguntou se ela realmente enxergava o que estava por trás das aparências.
No entanto, mesmo com as preocupações da sua mãe em mente, Flora não pôde evitar a expectativa que crescia dentro dela. O baile de que tanto ouviu falar era mais do que uma simples reunião social; era uma oportunidade para ver Henry novamente, para conhecer melhor aquele homem que parecia carregar segredos em seu olhar.
Ao longo do dia, a casa estava repleta de atividade. Criados e criadas se moviam rapidamente, decorando o salão principal com flores frescas e velas que iluminariam a noite. A música suave de um pianista ressoava na sala de estar, criando uma atmosfera de alegria e antecipação. Flora observava tudo com um misto de fascínio e nervosismo. Cada detalhe parecia ser cuidadosamente calculado, cada gesto, uma peça do grande tabuleiro da sociedade.
Finalmente, quando a noite chegou e as estrelas começaram a brilhar no céu, Flora se viu em frente ao espelho mais uma vez. O vestido azul celeste brilhava sob a luz suave das velas, e seu coração pulsava em um ritmo acelerado. Com um último toque de perfume e um olhar decidido, ela desceu as escadas da mansão.
O salão estava em plena ebulição. Os convidados se moviam em um elegante balé de saias rodadas e fraques, enquanto risos e conversas se misturavam à música. A cena era deslumbrante, um testemunho da opulência da sociedade aristocrática. Flora sentiu-se um pouco deslocada, como uma borboleta tentando encontrar seu lugar em um mundo de flores exóticas.
Logo, ela avistou Clara, que já estava cercada por um grupo de jovens. A amiga estava radiante, seus olhos brilhando com a emoção do momento. “Flora! Venha, você não vai acreditar quem está aqui!” gritou Clara, puxando-a para mais perto do grupo.
Entre risos e conversas, Flora reconheceu algumas caras conhecidas, mas seu coração estava focado em um único nome: Lorde Henry Blackwood. A ansiedade a envolvia como uma névoa, e sua mente corria com pensamentos sobre como seria a interação entre eles. O que ele pensaria dela? O que ela diria?
Então, como se o universo estivesse conspirando a seu favor, Flora o avistou. Lorde Henry estava em um canto do salão, conversando com um grupo de nobres, sua presença imponente e ao mesmo tempo cativante. Ele parecia à vontade, mas havia uma intensidade em seu olhar que a fascinava.
Com o coração acelerado, Flora decidiu que precisava se aproximar e ser apresentada. Clara, percebendo a determinação da amiga, sorriu encorajadora. “Vá, Flora! O mundo é seu!”
Com um passo hesitante, Flora caminhou em direção ao grupo, lembrando-se das palavras de sua mãe sobre a importância de fazer conexões. Mas, ao se aproximar, ela notou que Lorde Henry estava rindo de algo que um dos outros nobres dissera. O som de sua risada era como música para seus ouvidos, e Flora sentiu um calor subir às suas bochechas.
“Lorde Blackwood, posso apresentar uma amiga muito especial?” Clara interrompeu, puxando Flora para mais perto.
Henry virou-se, seus olhos fixando-se em Flora com uma intensidade que fez seu estômago revirar. “Claro, eu adoraria conhecer a amiga de Clara,” disse ele, um sorriso gentil iluminando seu rosto.
“Esta é Lady Flora Whitmore,” Clara anunciou, com um brilho travesso nos olhos.
“Um prazer conhecê-la, Lady Flora,” disse Henry, inclinando-se levemente em um gesto de respeito. “Espero que você esteja se divertindo esta noite.”
Flora sentiu que o mundo ao seu redor parava. “O prazer é meu, Lorde Blackwood,” ela respondeu, sua voz um pouco mais suave do que pretendia. “A atmosfera é encantadora.”
“Sim, é uma noite perfeita para um baile,” ele concordou, seus olhos não se afastando dos dela. “Mas o que realmente torna um baile memorável são as pessoas que o frequentam.”
Flora sorriu, sentindo uma conexão instantânea. “E quem você acha que fará esta noite ser memorável?” perguntou ela, desafiando-se a manter a conversa.
“Bem, isso depende de quem está disposto a dançar,” ele respondeu, um brilho travesso em seus olhos. “Você dança, Lady Flora?”
“Eu danço, sim, mas estou mais interessada em observar as dinâmicas da sociedade,” Flora disse, lembrando-se de sua conversa anterior com Clara. “E você, Lorde Blackwood? O que o traz a um baile como este?”
Henry hesitou por um momento, sua expressão mudando ligeiramente. “Ah, a pressão da sociedade e a expectativa de ser visto. Mas, na verdade, estou aqui para buscar algo mais… autêntico.”
A resposta o deixou à vontade, como se ele estivesse revelando um vislumbre de sua verdadeira essência. Flora sentiu-se intrigada, e o mundo ao redor deles desapareceu, tornando-se um fundo desfocado enquanto se concentrava apenas nele.
“Então, talvez possamos encontrar algo autêntico nesta noite,” ela sugeriu, com um sorriso que expressava sua curiosidade crescente.
“Eu adoraria isso,” ele respondeu, e, naquele instante, Flora soube que esta noite seria mais do que ela jamais poderia imaginar. A música aumentou, e a dança começou, mas para Flora, o verdadeiro baile já havia começado, e o parceiro que ela desejava estava bem diante dela.
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Atualizado até capítulo 63
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