Capitulo 5

O som suave de passos atrás dele o fez virar-se. Mariana, ainda envolta no robe, com os cabelos desgrenhados pelo sono, apareceu na porta.

— Bom dia, dorminhoco — ela brincou, sorrindo, sem saber que ele já estava acordado há um tempo.

Arthur transmitiu, mas seus olhos carregavam uma tristeza que Mariana não notou.

— Bom dia, meu amor — respondeu ele, aproximando-se para envolvê-la em um abraço.

— O que você está fazendo aqui acordado tão cedo? — ela disse, recostando-se contra o peito dele enquanto olhava a paisagem.

— Só aproveitando o silêncio. É raro termos momentos assim — respondeu Arthur, beijando o topo de sua cabeça.

Mariana sinceramente, sentindo-se mais próxima dele do que há meses.

— Eu estava pensando... Vamos fazer o café da manhã juntos? Quero que esse dia seja tão especial quanto a noite passada.

Arthur concordou, evitando afastar os pensamentos que o consumiam. Ele sabia que aquela viagem era um esforço para reacender a chama entre eles, e, no fundo, desejava corresponder. Mas cada gesto de carinho que Mariana fazia parecia pesar ainda mais sobre seus ombros.

Ao retornar para casa, ele tentou agir normalmente, ser o marido gentil que Mariana merecia, mas sua mente estava constantemente dividida.

Mariana, por sua vez, parecia mais dedicada do que nunca ao casamento. A viagem para a fazenda havia reacendido sua esperança, e ele passou a planejar pequenas surpresas para mantes a conexão entre eles. Preparava jantares, deixava bilhetes carinhosos pela casa e até começou a falar sobre tirar férias juntos, algo que não fazia há anos.

- O que acha de viajarmos para praia no fim do mês? Só nós dois

Arthur hesitou, parou o garfo no ar por um instante, mas concordou com a esposa.

-Acho uma ótima ideia. - respondeu, forçando um sorriso.

Mariana não percebeu o olhar perdido de Arthur enquanto fingia estar focado no prato.

Naquela mesma semana Arthur encontrou Ana por acaso em um café perto do trabalho. Ele estava saindo para pegar o café rápido quando a viu sentada em uma mesa, mexendo no celular. Arthur tentou ignorar a presença de sua amante e passar despercebido, porem a mesma ao vê-lo abriu um sorriso.

— Artur! Que coincidência — disse ela, acenando para que ele se juntasse a ela.

Arthur hesitou, mas acabou cedendo, sentando-se na cadeira oposta.

— Não esperava te ver aqui — disse ele, tentando subir casualmente.

— Nem eu. Mas já estamos aqui, como você está? — disse Ana, inclinando-se levemente.

— Estou bem... Quer dizer, tanto quanto se pode estar — respondeu ele, desconfortável.

Ana viu a tensão e colocou a mão sobre a dele.

— Arthur, não precisa se culpar tanto. O que aconteceu... foi real. Não precisa ser um segredo sujo.

Ele deixou a mão de volta, olhando ao redor como se temesse que alguém os visse.

— Foi um erro, Ana. Um erro que não pode ser repetido.

Ela suspirou, recostando-se na cadeira.

— Como quiser. Mas, sinceramente, acho que você está pensando em si mesmo.

Arthur deixou o café logo depois, com o coração pesado. Ele sabia que precisava tomar uma decisão, mas a simples ideia de perder Mariana ou machucá-la era insuportável.

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