Só o essencial

...Yuna...

Sorridente, sempre com aquele ar confiante

Sincera até demais, fala o que pensa sem rodeios

Um toque de sarcasmo e humor provocativo

Linda e sabe disso, mas não se gaba

Apesar da dor que carrega, não é fria – é só realista

Então vamos refazer tudinho com essa Yuna mais vibrante e sincera, na visão dela, a caminho da missão na casa da Emily.

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🦊 Capítulo 9 – “Só o Essencial (E Uns Sorrisos Extras)”

Narração de Seo Yuna

Quando deixei o QG da corporação, só consegui pensar em uma coisa:

“Espero que a Emily tenha um sofá confortável. E wi-fi decente.”

A missão era simples.

Proteger a filha do Sr. Richard. Celebridade. Influencer. Sorriso de milhões. Cabelo de comercial de xampu. Fofa. Linda. Aparentemente, uma bagunça emocional ambulante.

Claro que ele precisava de alguém como eu.

E não tô dizendo isso por arrogância. É que, bem… quando se é uma raridade genética com força de rinoceronte, sentidos de raposa e aparência de modelo andrógina, a escolha é óbvia.

Dirigi até minha casa cantarolando baixinho uma música da própria Emily.

Sim. Eu escuto. Mas nunca vou admitir isso em voz alta.

A casa estava do jeitinho que deixei. Organizada, aconchegante, com cheiro de chá verde e móveis que gritam: “sou adulta, mas estilosa”.

Entrei, tirei a jaqueta e fui direto ao closet.

Roupa confortável? Check.

Kit de emergência? Check.

Colete de proteção leve? Check.

Carregador do celular, pasta da missão, uma cueca box porque eu gosto (sim, cueca. Joga melhor no corpo) e pronto.

Peguei meu suéter roxo de pelúcia – o famoso “abraço de urso” – e joguei na mochila também. Se vou dormir fora de casa, quero meu conforto.

Me olhei no espelho e sorri de lado. Cabelos brancos curtos um pouco bagunçados, olheiras de raposa bem visíveis, olhos cor de sangue vibrando sob a luz. Linda? Talvez. Mas, acima de tudo, preparada.

— Ok, Seo Yuna. Hora de encantar uma influencer.

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A casa da Emily era enorme. Daquelas que você vê em revista de celebridades.

A cerca era baixa demais. Ponto fraco. Câmeras boas. Sistema de segurança? Precário.

Desci do carro. Toquei a campainha.

E a porta quase explodiu de tão rápido que ela abriu.

— Yunaaaa!! 😁

E ali estava ela.

Shortinho, moletom largo cor de pêssego, cabelo castanho solto em ondas meio bagunçadas. Olhos violetas gigantes e cheios de brilho. Um pé descalço, outro com meia de gato.

— Oi — disse, sorrindo, com a mochila pendurada em um ombro. — Você tá sempre assim? Ou tá tentando me seduzir de propósito?

Ela travou. Ficou vermelha.

— E-Eu… não! Quer dizer… talvez? N-não sei!

Soltei uma risadinha e entrei.

— Relaxa, Emily. Eu só falo a verdade. Se você é bonita, eu vou falar. Se a roupa tá torta, eu vou falar também.

Ela se olhou no espelho do hall e ajeitou o cabelo, rindo nervosa.

— Eu gosto disso. De gente sincera. E você tem uma vibe… diferente.

— É o que todas dizem.

Subimos pro andar de cima. Ela me mostrou o quarto de hóspedes, que era fofo até demais. Roupa de cama lilás, estante de livros, velas com cheirinho de morango.

— Isso aqui é um spa ou um quarto?

— Eu queria que você se sentisse em casa — ela disse, sincera.

— Olha… falta cerveja na geladeira e uma playlist de rock, mas tá quase perfeito.

Ela riu e me puxou pela manga do casaco.

— Vem ver a sala! Tem sofá retrátil, chocolate quente e uma playlist de lo-fi! Quer ver filme comigo?

— Só se for legendado. Dublagem me dá alergia.

— VOCÊ TAMBÉM ODEIA DUBLAGEM? Casamento marcado.

— Devagar aí, dona Emily. Eu acabei de chegar e ainda nem soltei a cauda.

Ela parou, arregalando os olhos.

— Você… tem uma cauda mesmo?

— Claro. Raposa branca rara. Posição 7 no catálogo nacional de criaturas híbridas. Você achou que era fantasia?

— Posso ver?

— Não. Mas ponto pela ousadia.

Ela fez biquinho, cruzou os braços.

— Eu tô tentando ser fofa aqui, poxa…

— Você não precisa tentar. Já é.

Ela mordeu o lábio e desviou o olhar.

— …eu vou pegar o chocolate quente.

Ela desceu correndo, e eu aproveitei pra deixar a mochila no quarto. Tirei o sobretudo, prendi o cabelo num coque bagunçado, e coloquei meus óculos — os de armação fina que eu só uso quando quero parecer mais “fofa e letal”.

Me encarei no espelho.

— Você tá ferrada, Yuna.

Porque, vamos ser honestas… ela é um perigo.

Um perigo cor-de-rosa que sorri demais e fala com brilho nos olhos.

E eu?

Eu sou uma raposa com histórico de isolamento emocional, colegas que me zoam o dia inteiro, e agora… eu tô morando com uma garota que perguntou se eu posso aquecer ela à noite.

O que pode dar errado, né?

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Eu estava no quarto, organizando as minhas coisas, dobrando cada peça com precisão militar (mas com carinho, tá? Não sou uma máquina), quando ouvi a porta se abrir devagar.

Não precisei virar pra saber quem era.

O cheiro de morango doce e shampoo caro denunciava.

Emily.

— Tá perdida? Ou só queria me ver de óculos? — falei sem tirar os olhos da mochila.

Ela ficou em silêncio por um segundo.

— …Você fica diferente com eles. Tipo… fofa. Mas perigosa também. Como se fosse uma professora de matemática que também é uma espiã.

Virei pra ela com um sorrisinho no canto dos lábios, ajustando a armação com o dedo.

— Hm. Professora de matemática? Isso foi um elogio ou um trauma?

Ela riu baixinho, e aí encarou meus olhos por mais tempo do que o normal.

Aquele olhar dela era curioso.

Parecia que queria ler meus pensamentos.

— Você tem… olhos de peixe morto — ela disse, e se corrigiu correndo — Não no sentido ruim! Eles são lindos! Mas tem aquele vazio… tipo, você sorri, mas os olhos parecem que escondem coisas.

Fiquei em silêncio por um segundo.

Respirei fundo.

— É porque escondem mesmo. Mas você não veio aqui pra analisar meu histórico emocional, né?

— Não — ela disse, sem graça, chutando o tapete com a ponta do pé. — Eu vim… porque queria conversar.

— Tô ouvindo.

Ela se aproximou, com os braços cruzados, meio encolhida.

— Eu sei que meu pai te contratou pra me proteger, mas… eu não quero parecer frágil. Não quero que as pessoas pensem que eu tô quebrada, que preciso de um guarda-costas grudado em mim 24 horas.

Pousei uma blusa dentro da gaveta, com calma, e então encarei ela de verdade.

— Mas você precisa, Emily. Isso não é sobre parecer forte. É sobre estar segura. E a real é… as coisas não tão normais. Se estivessem, eu tava em casa, comendo miojo e assistindo reality de canto coreano.

Ela mordeu o lábio, desviando o olhar.

— Eu só… Queria que parecesse normal. Pelo menos um pouco. E com você vestida igual a um segurança da SWAT, isso fica meio difícil…

Arqueei uma sobrancelha.

— Você tá dizendo que eu devo me misturar melhor?

— Tipo… usar roupas normais. Como se fosse só mais uma amiga minha. Nada de colete, rádio, nem bota tática…

Cruzei os braços, fingindo refletir.

— Hmm. Então você quer uma raposa rara, especialista em combate corpo a corpo, armada até os dentes… de moletom e jeans skinny?

— Isso! Jeans skinny fica ótimo em você, aliás.

— Sabia que você ia falar isso.

Ela sorriu, e aí eu me aproximei.

Um passo.

Dois.

Ela recuou até encostar na estante, os olhos arregalados, a respiração presa.

Fiquei a poucos centímetros do rosto dela, o suficiente pra sentir o calor das bochechas coradas.

— Tudo bem — sussurrei. — Eu uso roupas normais. Mas, em troca, você vai ter que ler isso.

Tirei da mochila um maço de folhas grampeadas. Um pequeno bloco com o logo da empresa na capa: Protocolos de Convivência com Agentes Especiais Nível A+.

Joguei nas mãos dela. Era pesado. Ela quase deixou cair.

— Isso é um livro?

— São as normas de segurança. Se você quer fingir que tá tudo normal, tem que saber como fingir direito.

Emily olhou pra folha da primeira página e arregalou os olhos.

— “Regra número 1: o agente deve ter total acesso à casa, aos pertences e aos horários da pessoa protegida”? Isso é invasão de privacidade!

— Não é invasão. É cuidado com estilo.

Ela continuou folheando.

— “Regra número 3: em caso de perigo, a pessoa protegida deve seguir ordens sem discutir, mesmo que pareçam ridículas”?

— Tipo se eu mandar você se esconder dentro de uma geladeira. Vai parecer loucura, mas pode salvar sua vida.

— Eu… não caibo numa geladeira.

— A gente vai trabalhar nisso.

Ela riu, fechando as folhas e colocando no criado-mudo, suspirando.

— Você sempre foi assim?

— Assim como?

— Direta. Sem filtro. Confiante.

— Sim. Porque mentir cansa. E agradar todo mundo é perda de tempo. Mas não se preocupa, Emily. Eu posso ser sincera, mas também sou boa de abraço.

— Eu ainda quero testar essa parte do “abraço que aquece à noite”.

Revirei os olhos, rindo.

— Você é persistente.

— Você é quente?

— Emily.

— O quê?

— Vai ler os protocolos.

Ela saiu do quarto rindo sozinha e, antes de fechar a porta, gritou do corredor:

— Mas se eu ficar com frio, vou chamar! E aí não pode negar!

Eu balancei a cabeça e me joguei na cama do quarto.

A missão ia ser complicada.

Mas, se eu tivesse sorte… talvez também fosse divertida.

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