... Emily...
Ai… MEU DEUS.
ELA É TÃO BONITA.
Tipo… não é só “bonita” como as atrizes das revistas. É bonita do jeito que me faz esquecer como se respira. Alta, com um cabelo branco que parece neve polida, olhos de sangue (de um jeito muito sexy), e uma cara de “posso te matar com um olhar, mas também posso te abraçar e fazer você nunca mais chorar”.
E aquela roupa? Toda preta. Elegante. Com aquele sobretudo longo…
Ai, socorro.
Ela me encarou com tanta calma que eu quis gritar e sair correndo. Mas não podia. Eu tinha uma reputação a manter. Uma reputação de garota espontânea, divertida e… completamente caótica.
Então respirei fundo. E fui até ela.
Fiquei encantada.
— Você é a raposa branca?! UAU! Eu pensei que seria uma senhora séria e com cara de demônio, mas você é... tipo... MUITO BONITA!
Ela piscou.
SÓ PISCOU.
Ela é fria. Mas daquele tipo que me dá arrepios bons.
Fiquei rodeando ela, tentando decifrar. O cabelo parecia de algodão-doce de inverno, os olhos eram tão intensos que pareciam me atravessar, e aí...
eu vi.
— Espera... — murmurei, me aproximando devagar. — Isso... isso é uma olheira de raposa?!
Me aproximei bem do rosto dela.
Ela não recuou. Só me observou.
Sério, será que ela nem cora?
— Ai, que coisa MAIS FOFA! — eu gritei, tocando de leve aquela manchinha branca em forma de folha que ficava acima da sobrancelha dela. — Parece pintura tribal! Mas é natural, né? Ai, isso é tão injusto, você ser linda até nos detalhes!
Ela arqueou uma sobrancelha. Ligeiramente.
E, por um segundo, juro que ela sorriu.
UM POUQUINHO SÓ.
A vitória foi minha.
Mas ainda não era o bastante.
Dei a volta por trás dela, sussurrando com um sorriso malicioso:
— E a cauda? Onde você escondeu?
Ela virou a cabeça devagar e falou com uma voz calma e profunda:
— Está escondida por baixo do sobretudo. Muito sensível para mostrar em público.
Gelei.
— Q-QUE? Sensível como… tipo… ai! — coloquei as duas mãos nas bochechas, vermelha igual tomate — Meu Deus, eu não devia ter perguntado isso! Ignora, ignora!
Papai tossiu alto.
— Emily.
— Oi, papai!
— Comporte-se. — disse ele, com aquele olhar de “vou mandar te prender mesmo sendo minha filha”.
— Eu tô comportadíssima!
— Hm. — Ele virou-se para a Yuna e depois para mim. — Emily, preste atenção. A partir de hoje, a senhorita Seo Yuna vai morar com você.
Eu congelei.
— M-MORAR?! Tipo… dormir aqui?! No mesmo lugar que eu?!
— Exatamente. Ela será sua guarda-costas, sua sombra, sua protetora. Vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.
Minha alma saiu do corpo por 3 segundos e voltou com um grito interno de pânico e felicidade.
— ELA VAI SER MINHA COMPANHEIRA DE CASA!!! — eu gritei, segurando o rosto da Yuna com as duas mãos (antes de ela afastar calmamente). — MEU DEUS, VOCÊ É MUITO LINDA, ISSO É LEGAL?!
— Emily. — meu pai falou num tom mortal. — Controle-se.
— Tá bom! Tá bom! — respirei fundo e sorri inocente. — Mas posso só fazer uma pergunta?
Ele suspirou. — Uma.
Me virei para a Yuna com as mãos nas costas e disse, com o tom mais doce do mundo:
— Você... acha que poderia me esquentar à noite?
…
Silêncio.
…
O papai tossiu o chá pela garganta. — O QUÊ?!
Yuna só me olhou.
SÉRIO, ELA SÓ ME OLHOU.
Aquela cara impassível, mas os olhos… ah, os olhos… estavam se divertindo. Eu sabia.
— Você sente frio à noite? — ela perguntou, inclinando um pouco a cabeça.
— Sim! — eu disse, toda alegre. — Principalmente nos pés. E nas costas. E nas emoções!
— Hm. — ela respondeu, e virou o rosto, como se estivesse considerando.
Papai se levantou da mesa e massageou as têmporas.
— Eu deveria ter contratado um robô.
— Você contratou uma deusa, pai. Uma deusa com orelhas!
Yuna limpou os lábios com um guardanapo, com toda a delicadeza do mundo, como se estivesse em um restaurante 5 estrelas.
— Vou buscar minhas coisas — disse ela. — Estarei de volta em uma hora.
E saiu.
Assim. Como um vento calmo, mas poderoso.
Fiquei parada, olhando pra porta.
E então me virei pro papai com um sorriso travesso.
— Pai...
— Nem começa, Emily.
— Ela é gostosa.
— EMILY!
... Yuna...
Andar pelos corredores da minha própria empresa nunca foi algo que me incomodasse. As paredes de vidro, o piso impecável, o cheiro de limpeza misturado ao perfume de café vindo da cozinha do térreo... tudo me lembrava do quanto trabalhei para construir aquilo. Era o resultado de esforço, controle e… distância emocional.
Sempre mantive a ordem entre minha equipe. Meu trabalho era proteger. Manter vivos. Liderar.
Só que, agora, eu tinha um novo desafio: Emily Bennett.
A filha do próprio Sr. Richard. Um furacão ambulante de cabelos castanhos, olhos violetas e impulsos perigosamente adoráveis.
Suspirei, abrindo a porta do meu escritório. A sala era minimalista, como eu. Uma mesa preta, dois sofás, a estante com armamentos, documentos, mapas de risco, e a caixa de armamento tático de emergência.
Peguei minha maleta de uso especial. Era compacta e discreta, mas guardava tudo que eu precisava para qualquer situação. Chips de localização, ferramentas de infiltração, sensores de calor, faixas de proteção invisíveis, e, claro… o contrato da Emily.
Mas antes que eu pudesse sair, a porta se abriu.
Max apareceu primeiro. Alto, sorridente, com aquele cabelo bagunçado e a pulseira de couro que ele nunca tirava. Tinha o porte de um leão, e o ego de um também.
— ENTÃO?! — ele disse animado. — A filha do chefe é tão linda quanto nas revistas ou é só Photoshop?
Lili surgiu logo atrás dele, com os braços cruzados, a calça jeans rasgada e a jaqueta de couro. O olhar de tigresa dela nunca me deixava mentir.
— Aposto que ela é mais baixinha do que parece — disse ela, desconfiada.
Gabi, a mais discreta, entrou por último, já encostando o rosto no meu ombro como fazia sempre. Ela tinha olhos de águia e uma curiosidade mortal.
— E aí, Yuna… ela é mesmo tudo isso?
Revirei os olhos e fechei minha maleta com um clique seco.
— Ela é linda, sim.
— AAAAAH! — Max, Lili e Gabi gritaram ao mesmo tempo.
— Mas — acrescentei com firmeza — também é o completo oposto de tudo que eu imaginava.
— Traduzindo? — Lili perguntou, já se sentando na beirada da mesa.
— Caótica. Energética. Imprevisível. Fala mais em dois minutos do que todos vocês em um dia inteiro. E…
Pausei, ajeitando os óculos nos olhos.
— …intensa.
— Isso é o que a gente chama de “perigo gostoso”, né? — Max comentou com um sorrisinho maldoso.
— Não é um relacionamento. É uma missão — corrigi.
— Mas vai morar com ela — Gabi cantarolou. — Dormir na mesma casa. Olhar nos olhinhos dela de noite…
— Ela tem olhos violetas, né? — Lili completou.
Revirei os olhos de novo.
Eles nunca perdiam a chance.
— Meu trabalho é protegê-la. Nada mais.
Estava prestes a sair quando o celular vibrou no bolso do meu sobretudo. Atendi automaticamente.
— Seo Yuna.
Do outro lado da linha, a voz doce e levemente provocadora de Emily ecoou, cheia de energia e sem o menor filtro:
— Você ainda não me respondeu a pergunta de antes...
— …que pergunta?
— Se você vai me aquecer de noite 😚
…
Max, Lili e Gabi estavam colados no meu ombro. Literalmente. Os três encostaram os ouvidos do lado do telefone.
— AI MEU DEUS, ELA TÁ FLERTANDO — Max sussurrou animado.
Eu apenas encarei o teto, em silêncio.
— Emily — falei num tom calmo. — Você está me ligando só pra repetir aquela pergunta?
— Claro! — ela disse com uma risada. — Eu não vou desistir tão fácil. E agora que você vai morar comigo… posso pedir permissão diretamente, né?
— Tecnicamente sim… — suspirei. — Mas só se seguir as regras do contrato. Como sua guarda-costas, meu foco é manter você viva, saudável e em segurança.
— Então você vai me aquecer de noite ou não? 🥺
Fechei os olhos. Do meu lado, Max segurava a risada com tanta força que parecia estar se engasgando.
— Eu… vou colocar isso no meu caso como “pedido especial da protegida”. Mas você terá que ler as normas de segurança da empresa.
— Você quer que eu leia um livro de regras só pra dormir encostadinha em você?
— Exatamente. Capítulo 4: “Contato físico entre guarda-costas e protegidos – limites e consequências”.
Ela deu uma gargalhada do outro lado da linha.
— Você é a pessoa mais divertida do mundo sem nem tentar! Tá bom, senhorita raposa branca, eu vou ler… mas só se você estiver deitada do meu lado.
Max e Lili caíram no chão. Literalmente.
Gabi apenas sorriu, observando tudo como uma coruja sábia.
— Eu te vejo em casa, Yuna! Não esquece de levar pijama. 💜 Tchauzinho!
Ela desligou.
Fiquei parada, olhando para o telefone por alguns segundos.
Silêncio.
Max finalmente falou, quase sufocando de rir:
— Você tá FERRADA, chefe.
Lili completou:
— Essa garota vai destruir sua paz mental em uma semana.
Gabi colocou a mão no meu braço.
— E talvez… seja exatamente isso que você precisava.
Fitei o horizonte da janela do meu escritório.
Emily era o oposto de mim. E, mesmo tendo conhecido ela por menos de um dia… havia algo nela que me puxava.
Como um laço invisível.
Perigoso. Quente. Familiar.
— É só mais uma missão — murmurei, por fim.
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Atualizado até capítulo 32
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