ALEKSANDER ZIELIŃSKI.
A cada semáforo, a lembrança daquela garota volta à minha mente: o olhar desafiador, o jeito impetuoso, a coragem de me enfrentar como se soubesse com quem estava lidando.
Minutos depois, chego à sede da Dominion Global Security, um prédio moderno e imponente, reflexo de anos de trabalho implacável.
Lucas estaciona na vaga reservada e saio do carro, o terno impecável, a postura firme — como se nada tivesse acontecido.
Ao entrar no prédio, funcionários me cumprimentam com respeito. Eu apenas aceno de volta, a expressão séria.
MARTIN SCHULZ — Senhor Zieliński — Martin, meu braço direito, se aproxima. — Temos um problema com um contrato internacional. O cliente exige falar apenas com você.
ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Já estou sabendo. — respondo, a voz firme.
— Quero todos os relatórios prontos na sala de reuniões em quinze minutos.
Ele assente e se afasta.
Entro no elevador e aperto o botão do último andar. Me encosto na parede de aço escovado e, pela primeira vez, permito que o sorriso volte aos lábios.
A imagem dela ainda está fresca na minha mente. O jeito que me enfrentou... ousado demais para alguém como ela.
Mas logo volto ao meu foco. Trabalho primeiro.
As portas do elevador se abrem, revelando o andar mais alto da Dominion Global Security.
Meus passos ecoam firmes pelo corredor até a sala de reuniões. Assim que entro, Viktor e mais dois diretores já me esperam, com pastas e tablets sobre a mesa.
MARTIN SCHULZ — Senhor Zieliński — Martin começa, entregando-me um relatório. — O contrato com o cliente árabe está em risco. Eles afirmam que houve falhas na última operação e ameaçam romper o acordo.
Pego o relatório, folheando as páginas com atenção.
ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Falhas? — minha voz é fria. — Na minha empresa não existem falhas. Se algo deu errado, quero saber quem errou.
Os diretores trocam olhares tensos. Martin engole em seco.
MARTIN SCHULZ — Estamos investigando, senhor. Mas o cliente está... digamos...
impaciente. Ele quer falar diretamente com você.
Fecho o relatório e apoio as mãos na mesa, olhando um por um nos olhos.
ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Agendem a chamada. Quero todos os detalhes antes disso. Se houve incompetência, alguém vai pagar caro.
Eles assentem rapidamente.
Me recosto na cadeira, olhando pela janela panorâmica da sala, o horizonte da cidade refletindo no vidro. Por um instante, minha mente volta para a garota do acidente.
Martin retorna alguns minutos depois, interrompendo meus pensamentos.
MARTIN SCHULZ — Senhor, a chamada com o cliente árabe foi marcada para daqui a meia hora. E... — ele hesita — também temos um problema interno.
Levanto o olhar lentamente, estreitando os olhos.
ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Fale.
MARTIN SCHULZ — Parece que alguém de dentro vazou informações de um dos nossos contratos mais recentes. Estamos tentando rastrear, mas os sinais levam a um funcionário de alto nível.
Cruzo os braços, sentindo aquele velho instinto de caça despertar.
ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Traição, então. — minha voz sai baixa, porém cortante. — Quero nome, provas e localização.
MARTIN SCHULZ — Sim, senhor. Já estamos nisso.
Assinto, voltando a olhar pela janela. Lá embaixo, a cidade segue seu ritmo normal, mas dentro de mim, a adrenalina está pronta para disparar — como sempre que sinto cheiro de jogo sujo.
E, enquanto Martin sai para resolver a situação, minha mente insiste em voltar para ela.
Jovem, impulsiva, ousada demais para o próprio bem.
Martin retorna rapidamente com mais informações sobre a possível traição.
MARTIN SCHULZ — Senhor, temos três suspeitos principais. Mas o rastro é limpo demais, parece alguém com acesso interno de alto escalão.
ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Continue investigando. — digo, a voz firme. — Mas já preparem uma auditoria silenciosa em todos os contratos. Quero nomes antes do final do dia.
MARTIN SCHULZ — Entendido, senhor.
Ele sai, e eu volto a encarar o reflexo da cidade
no vidro.
O cliente árabe, a traição interna... isso é o que importa. Problemas assim sempre foram minha especialidade.
Por um instante, a lembrança da garota volta à minha mente, mas logo balanço a cabeça e deixo escapar um sorriso curto e irônico.
MARTIN SCHULZ — Besteira... — murmuro. — Tenho coisa mais importante para fazer.
Bloqueio qualquer pensamento sobre ela e volto a focar no relatório à minha frente.
Distrações nunca fizeram parte da minha vida — e não seria agora que eu abriria espaço para elas.
Sento-me à mesa de reuniões, abrindo os relatórios detalhados que Martin deixou. Minha mente entra naquele modo automático, frio e calculista, que sempre me trouxe até aqui.
Cada número, cada cláusula de contrato, cada movimentação financeira — nada escapa do meu olhar.
Minutos depois, Martin retorna com mais informações.
MARTIN SCHULZ — Senhor, conseguimos rastrear parte dos dados vazados. Descobrimos que o acesso ocorreu fora do expediente, usando credenciais de alto nível.
ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Então temos um traidor confiante... — comento, folheando os documentos. — Quero uma auditoria completa nos últimos três meses. Ninguém deve saber disso ainda.
MARTIN SCHULZ — Já estou providenciando.
Assinto, mantendo o tom frio e focado.
ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Boa. Até o fim do dia quero respostas. Se alguém acha que pode brincar comigo, vai descobrir o preço da traição.
Quando Martin sai novamente, apoio as mãos sobre a mesa, respirando fundo.
Minha cabeça está onde deve estar: no trabalho, nos problemas que importam.
Sobre a garota? Apenas um incidente casual. Uma distração que não faz parte da minha vida.
A única coisa que importa é manter o controle.
E isso... sempre foi o que eu faço de melhor.
A reunião com o cliente árabe começa alguns minutos depois. Entro na sala de conferências, ajeito o terno e ativo a chamada em vídeo.
Do outro lado, três homens com semblantes fechados me encaram. Sei exatamente o tipo de gente que são — poderosos, mas acostumados a serem bajulados.
ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Senhores. — minha voz sai firme, controlada. — Recebi suas preocupações e quero esclarecer tudo agora.
O mais velho deles, claramente o porta-voz, inclina o corpo para frente.
PORTA VOZ — Senhor Zieliński, houve falhas graves na última operação. Nossa confiança foi abalada.
Olho diretamente para a câmera, a expressão séria, mas sem perder a calma.
ALEKSANDER ZIELIŃSKI — A Dominion Global Security não falha. Se algo saiu errado, garanto que será corrigido e punido.
O contrato de vocês será cumprido como sempre foi: com perfeição.
Há um silêncio breve. Eles trocam olhares, talvez esperando hesitação da minha parte — coisa que nunca vai acontecer.
ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Resolverei pessoalmente este problema. — concluo. — E até amanhã vocês terão uma resposta definitiva.
A chamada é encerrada.
Fico alguns segundos olhando para a tela apagada, sentindo aquela velha sensação de controle absoluto.
É assim que tem que ser.
É assim que sempre foi.
E é exatamente por isso que não existe espaço na minha vida para distrações como ela.
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Atualizado até capítulo 43
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