Capítulo III

ALEKSANDER ZIELIŃSKI.

A cada semáforo, a lembrança daquela garota volta à minha mente: o olhar desafiador, o jeito impetuoso, a coragem de me enfrentar como se soubesse com quem estava lidando.

Minutos depois, chego à sede da Dominion Global Security, um prédio moderno e imponente, reflexo de anos de trabalho implacável.

Lucas estaciona na vaga reservada e saio do carro, o terno impecável, a postura firme — como se nada tivesse acontecido.

Ao entrar no prédio, funcionários me cumprimentam com respeito. Eu apenas aceno de volta, a expressão séria.

MARTIN SCHULZ — Senhor Zieliński — Martin, meu braço direito, se aproxima. — Temos um problema com um contrato internacional. O cliente exige falar apenas com você.

ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Já estou sabendo. — respondo, a voz firme.

— Quero todos os relatórios prontos na sala de reuniões em quinze minutos.

Ele assente e se afasta.

Entro no elevador e aperto o botão do último andar. Me encosto na parede de aço escovado e, pela primeira vez, permito que o sorriso volte aos lábios.

A imagem dela ainda está fresca na minha mente. O jeito que me enfrentou... ousado demais para alguém como ela.

Mas logo volto ao meu foco. Trabalho primeiro.

As portas do elevador se abrem, revelando o andar mais alto da Dominion Global Security.

Meus passos ecoam firmes pelo corredor até a sala de reuniões. Assim que entro, Viktor e mais dois diretores já me esperam, com pastas e tablets sobre a mesa.

MARTIN SCHULZ — Senhor Zieliński — Martin começa, entregando-me um relatório. — O contrato com o cliente árabe está em risco. Eles afirmam que houve falhas na última operação e ameaçam romper o acordo.

Pego o relatório, folheando as páginas com atenção.

ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Falhas? — minha voz é fria. — Na minha empresa não existem falhas. Se algo deu errado, quero saber quem errou.

Os diretores trocam olhares tensos. Martin engole em seco.

MARTIN SCHULZ — Estamos investigando, senhor. Mas o cliente está... digamos...

impaciente. Ele quer falar diretamente com você.

Fecho o relatório e apoio as mãos na mesa, olhando um por um nos olhos.

ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Agendem a chamada. Quero todos os detalhes antes disso. Se houve incompetência, alguém vai pagar caro.

Eles assentem rapidamente.

Me recosto na cadeira, olhando pela janela panorâmica da sala, o horizonte da cidade refletindo no vidro. Por um instante, minha mente volta para a garota do acidente.

Martin retorna alguns minutos depois, interrompendo meus pensamentos.

MARTIN SCHULZ — Senhor, a chamada com o cliente árabe foi marcada para daqui a meia hora. E... — ele hesita — também temos um problema interno.

Levanto o olhar lentamente, estreitando os olhos.

ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Fale.

MARTIN SCHULZ — Parece que alguém de dentro vazou informações de um dos nossos contratos mais recentes. Estamos tentando rastrear, mas os sinais levam a um funcionário de alto nível.

Cruzo os braços, sentindo aquele velho instinto de caça despertar.

ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Traição, então. — minha voz sai baixa, porém cortante. — Quero nome, provas e localização.

MARTIN SCHULZ — Sim, senhor. Já estamos nisso.

Assinto, voltando a olhar pela janela. Lá embaixo, a cidade segue seu ritmo normal, mas dentro de mim, a adrenalina está pronta para disparar — como sempre que sinto cheiro de jogo sujo.

E, enquanto Martin sai para resolver a situação, minha mente insiste em voltar para ela.

Jovem, impulsiva, ousada demais para o próprio bem.

Martin retorna rapidamente com mais informações sobre a possível traição.

MARTIN SCHULZ — Senhor, temos três suspeitos principais. Mas o rastro é limpo demais, parece alguém com acesso interno de alto escalão.

ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Continue investigando. — digo, a voz firme. — Mas já preparem uma auditoria silenciosa em todos os contratos. Quero nomes antes do final do dia.

MARTIN SCHULZ — Entendido, senhor.

Ele sai, e eu volto a encarar o reflexo da cidade

no vidro.

O cliente árabe, a traição interna... isso é o que importa. Problemas assim sempre foram minha especialidade.

Por um instante, a lembrança da garota volta à minha mente, mas logo balanço a cabeça e deixo escapar um sorriso curto e irônico.

MARTIN SCHULZ — Besteira... — murmuro. — Tenho coisa mais importante para fazer.

Bloqueio qualquer pensamento sobre ela e volto a focar no relatório à minha frente.

Distrações nunca fizeram parte da minha vida — e não seria agora que eu abriria espaço para elas.

Sento-me à mesa de reuniões, abrindo os relatórios detalhados que Martin deixou. Minha mente entra naquele modo automático, frio e calculista, que sempre me trouxe até aqui.

Cada número, cada cláusula de contrato, cada movimentação financeira — nada escapa do meu olhar.

Minutos depois, Martin retorna com mais informações.

MARTIN SCHULZ — Senhor, conseguimos rastrear parte dos dados vazados. Descobrimos que o acesso ocorreu fora do expediente, usando credenciais de alto nível.

ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Então temos um traidor confiante... — comento, folheando os documentos. — Quero uma auditoria completa nos últimos três meses. Ninguém deve saber disso ainda.

MARTIN SCHULZ — Já estou providenciando.

Assinto, mantendo o tom frio e focado.

ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Boa. Até o fim do dia quero respostas. Se alguém acha que pode brincar comigo, vai descobrir o preço da traição.

Quando Martin sai novamente, apoio as mãos sobre a mesa, respirando fundo.

Minha cabeça está onde deve estar: no trabalho, nos problemas que importam.

Sobre a garota? Apenas um incidente casual. Uma distração que não faz parte da minha vida.

A única coisa que importa é manter o controle.

E isso... sempre foi o que eu faço de melhor.

A reunião com o cliente árabe começa alguns minutos depois. Entro na sala de conferências, ajeito o terno e ativo a chamada em vídeo.

Do outro lado, três homens com semblantes fechados me encaram. Sei exatamente o tipo de gente que são — poderosos, mas acostumados a serem bajulados.

ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Senhores. — minha voz sai firme, controlada. — Recebi suas preocupações e quero esclarecer tudo agora.

O mais velho deles, claramente o porta-voz, inclina o corpo para frente.

PORTA VOZ — Senhor Zieliński, houve falhas graves na última operação. Nossa confiança foi abalada.

Olho diretamente para a câmera, a expressão séria, mas sem perder a calma.

ALEKSANDER ZIELIŃSKI — A Dominion Global Security não falha. Se algo saiu errado, garanto que será corrigido e punido.

O contrato de vocês será cumprido como sempre foi: com perfeição.

Há um silêncio breve. Eles trocam olhares, talvez esperando hesitação da minha parte — coisa que nunca vai acontecer.

ALEKSANDER ZIELIŃSKI — Resolverei pessoalmente este problema. — concluo. — E até amanhã vocês terão uma resposta definitiva.

A chamada é encerrada.

Fico alguns segundos olhando para a tela apagada, sentindo aquela velha sensação de controle absoluto.

É assim que tem que ser.

É assim que sempre foi.

E é exatamente por isso que não existe espaço na minha vida para distrações como ela.

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