Mesmo Quando Brigo e por Vc...
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📖 Capítulo 4 – Me Ama em Silêncio, Mas Me Ama de Verdade
As coisas mudaram.
Mas só entre eles.
Do lado de fora, Soren ainda era o mesmo: sério, controlado, distante. Kael ainda fazia piada, ainda chegava atrasado, ainda provocava a sala inteira — só não provocava mais Soren na frente dos outros.
Era como se aquele beijo, aquela entrega, aquela noite na chuva... tivessem acontecido em um mundo só deles.
Um mundo secreto.
E Soren precisava que continuasse assim.
📚 Cena: Biblioteca, quarta-feira à tarde
Kael se aproximou sorrindo, o mesmo jeito de sempre — mas havia algo diferente nos olhos. Um calor discreto, uma leveza nova
kael
— Trouxe aquele livro que você queria — disse, baixinho, deixando o exemplar na mesa onde Soren estudava.
soren
— Obrigado — Soren respondeu, sem encará-lo por muito tempo. — Mas você podia ter me entregado depois. Em outro lugar.
kael
Kael levantou uma sobrancelha. — Você não quer que vejam?
Soren olhou rápido pros lados.
soren
— Eu não quero… complicações.
kael
— Eu já sou uma complicação, Soren.
soren
— É exatamente isso que me assusta
kael
— Então o que a gente tem... é só um segredo?
soren
— Eu não sei o que a gente tem.
A frase doeu.
Kael ficou em silêncio por um momento.
Depois, só disse:
kael
— Quando você souber, me avisa. Até lá, eu não vou forçar. Mas também não vou fingir que não sinto
E saiu.
Soren ficou com os dedos apertando o canto do livro. E o coração… apertado igual.
📱 Cena: grupo de mensagens
[📱 Grupo – “Trabalho Final Marketing”]
Lucas: “Vamos fazer a parte da apresentação amanhã, todo mundo junto?”
Kael: “Bora. Na minha casa ou na do Soren?”
Lucas: “Haha, sério. Tem que ser num lugar com TV.”
Kael: “Soren tem uma tela gigante. Eu voto nele.”
Lucas: “Tô dentro.”
Soren digitando... parando... digitando de novo.
Soren: “Pode ser. Mas sem bagunça.”
[📱 Kael (privado) → Soren]
Kael: “Vai mesmo deixar eu ir aí? Ou vai fingir que nem me conhece quando chegar?”
Soren: “Só... se comporta.”
Kael: “Eu me comporto. Mas se você ficar me olhando do jeito que olha... não prometo nada.”
🏠 Cena: Na casa de Soren – noite
A galera conversava, comia pizza e ajeitava os slides. Música baixa tocando ao fundo. Tudo normal.
Menos o jeito como Kael e Soren se olhavam quando achavam que ninguém via.
Uma troca de olhares. Um toque rápido nos dedos. Um quase sorriso.
Mas foi só quando ficaram sozinhos na cozinha — Kael pegando refrigerante, Soren secando um copo — que o silêncio falou mais alto.
kael
— Você tá estranho — Kael disse. — Digo… mais do que o normal.
soren
— Tô só… tentando manter o controle.
kael
— Controlar o quê? O que sente ou o medo de alguém perceber?
Soren largou o copo.
Virou-se, encarando Kael. Olhos duros, mas voz baixa.
soren
— Eu não sei ser como você. Eu não sei andar por aí de peito aberto, Kael. Eu aprendi a esconder. A me proteger. A não deixar ninguém ter esse poder sobre mim
Kael deu um passo à frente.
kael
— E eu aprendi a amar mesmo assim. Mesmo com medo. Mesmo doendo. Você não precisa se mostrar pro mundo inteiro. Mas... me mostra que é real, Soren. Só pra mim.
Soren o olhou por um tempo longo demais.
E então, finalmente… tocou sua mão.
kael
— Então para de fugir — Kael sussurrou, apertando os dedos dele.
E dessa vez, Soren não soltou.
Na varanda, depois que todos foram embora
Kael estava sentado na beira do parapeito, olhando pro céu escuro.
Soren apareceu com uma manta e dois chocolates quentes.
soren
— Ainda não sei como amar direito — Soren disse.
kael
— E eu ainda sou um caos — Kael respondeu.
soren
— Então acho que somos um problema compatível.
Riram.
E se encostaram um no outro.
Ali, na varanda.
Sem pressa. Sem fuga.
Sem ninguém olhando.
Só eles.
E aquilo que, finalmente, não precisava mais se esconder.
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