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📖 Capítulo 3 – Entre a Tempestade e o Que Sinto
A previsão dizia "chuva leve". Mentiram. Era quase meia-noite quando os pingos viraram tempestade, engolindo as ruas da cidade com o tipo de fúria que parecia combinar com o que Soren sentia por dentro. Ele estava no campus ainda, terminando uma pesquisa no laboratório de informática. Claro. Ele sempre era o último a sair. Ou pensava que era. Até ouvir passos atrás dele.
kael
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— Você é mesmo viciado em fingir que não tem vida? — disse uma voz conhecida.
Soren se virou devagar.
soren
soren
— Kael.
kael
kael
— Achei que fosse o único burro o bastante pra estar aqui essa hora. Mas você me superou. De novo.
soren
soren
Soren bufou. — Eu não tenho tempo pra você hoje.
kael
kael
— Mentira. Você sempre tem. Só finge que não.
Soren pegou a mochila e ignorou. Saiu andando. Kael foi atrás. De novo.
soren
soren
— Sério, você não se cansa? — Soren disparou. — De ficar me cercando, provocando, testando?
kael
kael
— Não. Porque toda vez que você responde, eu ganho mais uma prova de que você liga.
Eles pararam na porta do prédio. A chuva do lado de fora parecia um muro de água
soren
soren
Soren franziu a testa. — Droga.
kael
kael
Kael sorriu. — Esqueci o guarda-chuva. Mas se quiser, podemos dividir o meu casaco e fingir que somos amigos.
soren
soren
— Eu prefiro me molhar.
kael
kael
— Claro que prefere. Porque você é orgulhoso até quando tá tremendo.
Soren hesitou. A chuva estava piorando. E Kael… já tirava a jaqueta. Sem dizer nada, estendeu pra ele
kael
kael
— Pega. Antes que você derreta nessa pose de gente fria.
Soren o olhou. Com raiva. Com medo. Mas pegou. E os dois saíram correndo pra fora do prédio. Rindo — mesmo que por impulso. Porque a chuva gelada queimava e o casaco não cobria tudo. Correram até um ponto de ônibus vazio e coberto. E ficaram ali, ofegantes, encharcados, lado a lado. Por alguns segundos, esqueceram do mundo. Até Kael dizer, entre um suspiro e outro:
kael
kael
— Você riu
soren
soren
—não
kael
kael
— Riu sim. Eu ouvi.
soren
soren
— Foi reflexo. Não se empolga.
Kael virou o rosto, encarando-o.
kael
kael
— Por que você tem tanto medo de mim?
Soren travou.
soren
soren
— Eu não tenho medo de você.
kael
kael
— Tem sim. Não de mim exatamente. Do que sente quando eu tô perto. E do que isso te obriga a encarar
Silêncio. A chuva ainda caía forte. Mas o silêncio entre os dois… era muito mais alto.
soren
soren
Que entrega vira arma. — Soren falou, de repente. — E você aparece… e me desmonta como se fosse fácil.
Kael não sorriu. Apenas se aproximou
kael
kael
— Eu não quero te desmontar. Só quero que você pare de lutar com o que sente. Só por hoje.
soren
soren
— Só por hoje? — Soren perguntou, a voz quase falhando.
kael
kael
— É. Amanhã a gente pode voltar a fingir que se odeia. Mas hoje… deixa eu te mostrar que não precisa doer.
Os olhos de Soren se encheram. Não de lágrimas, mas de tudo que ele segurou por tempo demais. E pela primeira vez, ele não fugiu. Deixou Kael encostar. Deixou Kael segurar sua mão. Deixou Kael beijá-lo… devagar, como se dissesse: "Eu tô aqui. E não vou embora."
..
..
✦ Cena extra – mensagem enviada (enfim) Mais tarde, no quarto, Soren enviou: > “Talvez eu não saiba como amar alguém direito. Mas, com você… eu posso tentar.” Kael respondeu em segundos: > “Comigo, você não precisa saber tudo. Só sentir.”
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