capítulo 3." O Encontro Inesperado."

Naquela tarde, quando o sol já descia preguiçoso atrás das colinas, Fiama decidiu fazer algo que lhe aquietava o coração: observar os balões subindo e descendo no horizonte. Era um espetáculo silencioso, quase poético, que sempre a fazia sonhar. As cores vibrantes das cestas e dos tecidos inflados dançavam no céu como se fossem pinceladas vivas de uma aquarela, e cada um deles levava um grupo de visitantes encantados com a paisagem .

Fiama se sentou na cerca de madeira, que cercava o pomar de amoras e blueberries, e ficou ali, com o rosto levemente inclinado para cima, acompanhando o vai e vem dos balões. Era como se cada um deles carregasse promessas de novas histórias, de encontros e despedidas, de sorrisos e olhares trocados lá de cima, onde o mundo parecia tão pequeno.

Seus pensamentos vagavam. Pensava na vida que levava, nos desafios que ainda estavam por vir e nos sonhos que, por vezes, pareciam distantes. Tinha apenas vinte e dois anos, mas já sabia o que era lutar por algo maior do que si mesma. Desde a morte de seu pai, Eduardo, a responsabilidade de manter o hotel da família em pé havia se tornado uma espécie de missão silenciosa.

Suspirou fundo, sentindo a brisa fresca que carregava o cheiro adocicado das frutas maduras e o aroma amadeirado das árvores que rodeavam o hotel. Quando se levantou para voltar, não imaginava que aquela tarde mudaria algo dentro dela.

Ao retornar para o Bluberry Hotel ,Fiama avistou um carro estacionado próximo à entrada. Nele, desciam quatro homens. Entre eles, um chamou sua atenção de forma imediata — e quase inquietante.

Ele tinha cerca de 1,80m de altura, corpo forte, como quem estava acostumado a esportes e aventuras ao ar livre. Cabelos pretos, levemente bagunçados, pele bronzeada pelo sol e olhos cor de mel, com um brilho tão hipnotizante que Fiama sentiu algo inexplicável no peito, como se uma corrente elétrica lhe percorresse a espinha. Era um olhar que parecia sorrir antes mesmo que os lábios o fizessem, carregando uma energia contagiante e, ao mesmo tempo, uma serenidade desarmante.

Por um instante, Fiama esqueceu de respirar. Sentiu o rosto esquentar, as mãos ficarem inquietas. Não sabia o porquê daquela sensação, mas tinha a impressão de que algo profundo acabava de ser despertado dentro dela.

Ele estava acompanhado de três amigos, igualmente animados, com roupas esportivas e bicicletas potentes, projetadas para aventuras extremas pelas trilhas da região. Conversavam entre si, rindo, como se o dia tivesse sido todo deles — e talvez tivesse mesmo.

Fiama os observou discretamente, escondida atrás da porta do hotel, enquanto eles conversavam com seu padrasto. David, com seu jeito acolhedor e direto, ofereceu para que deixassem as bicicletas na casa ao lado, onde seria mais seguro do que no estacionamento aberto. Eles agradeceram com um entusiasmo sincero, e o homem dos olhos de mel, aquele que já havia capturado a mente de Fiama, trocou um aperto de mão firme com David.

Por um momento, Fiama se perguntou quem ele era. E, principalmente, por que bastava olhá-lo para sentir o coração bater mais rápido, como se estivesse prestes a correr uma maratona.

Mais tarde, enquanto o grupo seguia para seus quartos, Fiama desviou o olhar, tentando disfarçar o rubor que ainda insistia em colorir suas bochechas. Ela não sabia explicar, mas aquele homem tinha algo diferente. Um magnetismo natural. Um encanto silencioso, como se carregasse segredos e aventuras guardados em algum canto da alma.

Enquanto arrumava as mesas do café do hotel, sua mente não conseguia se desligar dele. O seu coração parecia pulsar mais forte a cada lembrança dos olhos cor de mel e do sorriso fácil que havia visto de relance.

Quando o grupo saiu novamente, para explorar a cidade, Fiama os observou da janela do hotel.

Procurava apenas por um rosto e quando o encontrou, o peito se apertou. Ele parecia tão à vontade, tão confiante. Era o tipo de homem que, apenas ao caminhar, parecia ter o mundo ao seu redor sob controle.

Fiama suspirou, apoiando-se no parapeito da janela. Talvez estivesse apenas cansada, sensível demais depois de um longo dia de trabalho. Talvez fosse apenas uma tolice passageira. Afinal, quantas pessoas passavam pelo hotel todos os meses? Visitantes vinham e iam, cada um com seus destinos, e ela permanecia ali, firme como as colinas que cercavam Bluberry.

Mas, dessa vez, sentia algo diferente.

Enquanto eles saíam para se divertir na cidade — provavelmente em algum restaurante com música ao vivo ou uma cervejaria local, onde os turistas sempre gostavam de ir —, Fiama se voltou para sua última tarefa do dia: preparar as geleias de blueberry que seriam servidas no café da manhã dos hóspedes.

Na cozinha, o ambiente era silencioso, quebrado apenas pelo som do borbulhar lento da fruta na panela. O aroma doce e levemente ácido das blueberries cozidas preenchia todo o espaço, envolvendo-a como uma espécie de abraço invisível. Para Fiama, preparar geleia era quase um ritual. Desde pequena, ajudava a mãe a escolher as melhores frutas, lavar cada uma com cuidado e, depois, acompanhar pacientemente o processo até que a mistura alcançasse o ponto ideal.

Enquanto mexia a colher de pau, seus pensamentos voltaram — inevitavelmente — para aquele homem, um turista que nunca mais veria depois daquela semana. Talvez fosse apenas isso. Mas, ainda assim, ela não conseguia ignorar a forma como sentira seu coração bater descompassado quando o viu.

— Está sonhando acordada, Fiama? — a voz suave de, sua mãe, ecoou atrás dela.

Fiama sorriu, meio envergonhada. — Só pensando na receita, mãe.

Mais tarde, quando as geleias estavam prontas e a cozinha limpa, Fiama subiu para o terraço do hotel. Gostava de ver as estrelas dali. Era como se o céu inteiro descesse para abraçar a cidade, com suas luzes piscando preguiçosas, como segredos guardados no alto.

Encostou-se na mureta e fechou os olhos por um instante, sentindo o vento frio da noite. Queria afastar os pensamentos, mas eles sempre voltavam ao mesmo ponto: os olhos de mel, o sorriso fácil, a presença marcante daquele homem.

Ela se perguntava se ele também teria notado algo nela. Talvez não. Talvez, para ele, ela fosse apenas mais uma garota do interior, com o avental sujo de geleia e as mãos marcadas pelo trabalho.

Enquanto Fiama terminava suas tarefas no hotel, o grupo de amigos atravessava as ruas iluminadas da pequena cidade de Sky Blue que ficava a baixo da.montnaha . As luzes dos postes refletiam nas fachadas de pedra das lojas e restaurantes, dando ao lugar um charme. Era sábado, e o centro estava mais vivo do que o habitual: turistas enchiam os cafés, e os músicos locais se apresentavam nas praças, tocando violão ou violino, espalhando melodias suaves que se misturavam ao burburinho das conversas.

O homem dos olhos cor de mel, cujo nome era Mario liderava o grupo com naturalidade. **Ele tinha um sorriso fácil e um jeito tranquilo de observar tudo à sua volta, como quem absorve cada detalhe do mundo.** Seus amigos riam, comentando sobre as trilhas que haviam percorrido naquele dia com as bicicletas. Haviam subido caminhos estreitos e desafiadores, e o cansaço agora dava lugar a uma fome voraz.

— Vamos para a cervejaria do centro? — sugeriu **Lucas**, um dos amigos, de barba rala e olhar brincalhão.

— Eu ouvi falar de um restaurante que serve trutas frescas da região, acompanhado de um vinho branco excelente — disse Gael, o mais reservado do grupo, olhando o celular em busca de recomendações.

— Tanto faz para mim, mas eu quero algo que combine com essa cidade. Tudo aqui parece ter saído de um filme — comentou Mario, com aquele tom de admiração que despertava curiosidade em quem o ouvia.

Eles acabaram entrando em uma pequena taverna iluminada por luzes de velas, onde um trio tocava jazz. O ambiente era acolhedor, com mesas de madeira rústica e um aroma irresistível de ervas e queijos derretidos vindo da cozinha.

— Vamos brindar — disse Lucas, erguendo o copo de cerveja artesanal. — Aos ventos de Star Blue e à nossa aventura!

Os quatro riram e bateram os copos, brindando à amizade e aos dias de liberdade que estavam vivendo. Mario, porém, parecia distraído por um instante. **Enquanto todos conversavam, ele lembrava do rosto da jovem que havia visto no hotel.

A imagem dela lhe vinha à mente como um quadro delicado: os cabelos levemente presos, o olhar curioso e, sobretudo, a serenidade com que parecia observar o mundo. Não era uma beleza gritante, mas havia algo genuíno, quase encantador, que lhe chamava atenção.

— Tá pensando em quê, Mario? — perguntou Lucas, percebendo que ele havia se perdido em pensamentos.

— Em nada… — respondeu com um meio sorriso. — Só estou aproveitando o momento.

Mas, por dentro, sabia que aquela imagem não sairia tão cedo de sua mente.

Capítulos
1 Capítulo 01."Primavera no Coração de Bluberry."
2 Capítulo 2. "As Primeiras Colheitas de Bluberry."
3 capítulo 3." O Encontro Inesperado."
4 O Segredo de Bluberry.
5 Capítulo 4. " Fiama e a noite silenciosa."
6 Capítulo 5. "A aproximação."
7 Capítulo 6. "A Trilha para a Cachoeira."
8 Capítulo 7° "Noite no Terraço."
9 Capítulo 8° " Despedidas e Duvidas".
10 Capítulo 9°. O Décimo dia."
11 Capítulo 10°. "A Receita do Recomeço."
12 Capítulo 11. " O Retorno".
13 Capítulo 12. "O Nome por Trás do Mistério."
14 Capítulo 13. " Café Amargo."
15 Capítulo 14. "Invasão Silenciosa."
16 Capítulo 15." Sussurros Pela Porta."
17 Capítulo 16. " A Escolha do Silêncio."
18 Capítulo 17. "A Casa Que Já Não é Minha."
19 Capítulo 18. " Estrada Sem Nome."
20 Capítulo 19. " Herança Silenciosa."
21 Capítulo 20." "Permanecer"
22 Capítulo 21. “Ruptura”
23 Capítulo 22. “O Grito que Todos Ouviram”.
24 Capítulo 23. "A Coragem de Ir"
25 Capítulo 24 "Onde Está Fiama?"
26 Capítulo 25. "Do Orgulho ao Arrependimento".
27 Capítulo 26. "A Escolha que Fere".
28 Capítulo 27. 'O Homem Que Estendeu a Mão"
29 Capítulo 28. “A Joia e o Mistério”
30 Capítulo 29. “Do Ciclista ao Enigma”.
31 Capítulo 30.' “A Escolha É Minha”.
32 Capítulo 31." “Silêncios Entre Mãe e Filha”.
33 Capítulo 32. "O Que Direi a Ela?"
34 Capítulo 33. "Primeiras Impressões"
35 Capítulo 34. "O Peso das Primeiras Impressões".
36 Capítulo 35. "Justiça de Mãe" .
37 Capítulo.36 " Sob a Luz do Anel."
38 Capítulo 37." Noite de Estratégias'.
Capítulos

Atualizado até capítulo 38

1
Capítulo 01."Primavera no Coração de Bluberry."
2
Capítulo 2. "As Primeiras Colheitas de Bluberry."
3
capítulo 3." O Encontro Inesperado."
4
O Segredo de Bluberry.
5
Capítulo 4. " Fiama e a noite silenciosa."
6
Capítulo 5. "A aproximação."
7
Capítulo 6. "A Trilha para a Cachoeira."
8
Capítulo 7° "Noite no Terraço."
9
Capítulo 8° " Despedidas e Duvidas".
10
Capítulo 9°. O Décimo dia."
11
Capítulo 10°. "A Receita do Recomeço."
12
Capítulo 11. " O Retorno".
13
Capítulo 12. "O Nome por Trás do Mistério."
14
Capítulo 13. " Café Amargo."
15
Capítulo 14. "Invasão Silenciosa."
16
Capítulo 15." Sussurros Pela Porta."
17
Capítulo 16. " A Escolha do Silêncio."
18
Capítulo 17. "A Casa Que Já Não é Minha."
19
Capítulo 18. " Estrada Sem Nome."
20
Capítulo 19. " Herança Silenciosa."
21
Capítulo 20." "Permanecer"
22
Capítulo 21. “Ruptura”
23
Capítulo 22. “O Grito que Todos Ouviram”.
24
Capítulo 23. "A Coragem de Ir"
25
Capítulo 24 "Onde Está Fiama?"
26
Capítulo 25. "Do Orgulho ao Arrependimento".
27
Capítulo 26. "A Escolha que Fere".
28
Capítulo 27. 'O Homem Que Estendeu a Mão"
29
Capítulo 28. “A Joia e o Mistério”
30
Capítulo 29. “Do Ciclista ao Enigma”.
31
Capítulo 30.' “A Escolha É Minha”.
32
Capítulo 31." “Silêncios Entre Mãe e Filha”.
33
Capítulo 32. "O Que Direi a Ela?"
34
Capítulo 33. "Primeiras Impressões"
35
Capítulo 34. "O Peso das Primeiras Impressões".
36
Capítulo 35. "Justiça de Mãe" .
37
Capítulo.36 " Sob a Luz do Anel."
38
Capítulo 37." Noite de Estratégias'.

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