Após a conversa com Sofia, Aurora saiu daquela sala com o coração pesado, mas uma determinação renovada. Ela sabia que não podia enfrentar sozinha a tempestade que estava se formando ao seu redor. Precisava de pessoas em quem pudesse confiar — aliados que entendessem os perigos e tivessem motivos para ajudá-la.
No caminho de volta para casa, as ruas de Milão pareciam mais cinzentas e ameaçadoras do que nunca. Cada sombra, cada passo apressado, era um lembrete de que ela não estava mais sozinha.
Naquela noite, Aurora abriu o envelope que Enzo lhe dera. Dentro, havia nomes, números, endereços — pistas valiosas de contatos que, de algum modo, se opunham ao domínio dos Bellucci ou tinham suas próprias razões para desconfiar daquela família.
O primeiro nome era um homem chamado Marco Vitale, um ex-policial que fora afastado da força por tentar investigar os Bellucci anos atrás. O segundo, Luisa Carbone, uma advogada conhecida por defender vítimas de organizações criminosas. O terceiro, um informante misterioso identificado apenas como “Falco”.
Aurora decidiu começar por Marco. Na manhã seguinte, encontrou-o em um bar discreto na periferia. Marco era um homem de meia-idade, rosto marcado por cicatrizes e olhos que carregavam o peso de muitas batalhas.
— Você é a garota que está mexendo com os Bellucci — disse ele assim que Aurora sentou-se.
— E você é o homem que sabe como eles pensam — respondeu ela, firme.
Marco sorriu levemente, um sorriso duro.
— Cuidado. Eles não perdoam. Mas posso te ajudar. Se estiver disposta a pagar o preço.
Aurora assentiu.
— Estou pronta.
E assim, aos poucos, Aurora começou a construir sua rede — uma força silenciosa que poderia desmoronar impérios. Mas ela sabia que o preço seria alto, e que a verdadeira batalha ainda estava por vir.
O bar onde Marco a esperava era escuro, com cheiro de tabaco antigo e café forte. Aurora entrou usando um casaco simples e um lenço cobrindo parte do cabelo ruivo — não queria ser reconhecida. O olhar de Marco a seguiu desde o instante em que a porta se abriu. Ele parecia um homem em constante alerta.
— Você tem os olhos da mãe — disse ele, antes mesmo que ela se sentasse.
Aurora congelou.
— Você conheceu minha mãe?
Marco serviu duas doses de café sem açúcar e empurrou uma para ela.
— Conheci, sim. A Vittoria Bellucci era uma mulher forte. Orgulhosa, corajosa... Mas pagou um preço alto por desobedecer o pai.
Aurora apertou o punho.
— Por isso me tiraram dela?
Marco olhou para os lados, abaixou a voz.
— Sim. Ela tentou fugir com você. Queria te criar longe da máfia. Mas eles encontraram vocês. Houve um confronto... ela sumiu logo depois, e você também. A história que contaram é que você foi sequestrada e provavelmente morta. Mas nem todo mundo acreditou.
Aurora sentiu a garganta fechar.
— E ela... ela está viva?
— Não sei — disse Marco, sério. — Mas conhecendo Vittoria, se ela estiver, está escondida. Esperando a hora certa.
Aurora se calou, absorvendo cada palavra. Marco estudou seu rosto com intensidade.
— Por que está fazendo isso? Você podia continuar vivendo sua vida confortável. Por que cutucar a onça?
— Porque eu preciso saber quem eu sou. E se eles me tiraram da minha mãe, vão pagar por isso — disse ela, firme, encarando-o.
Marco sorriu pela primeira vez.
— Você tem coragem. Vai precisar disso. Porque se você for mesmo assumir seu lugar nessa família... vão tentar te quebrar antes.
Aurora se aproximou.
— E você? Vai me ajudar?
— Vou. Mas com uma condição.
Ela franziu o cenho.
— Qual?
— Se encontrarmos sua mãe... você promete protegê-la. Mesmo que isso vá contra os interesses da família.
Aurora assentiu sem hesitar.
— Eu prometo.
Marco levantou o copo de café como um brinde informal.
— Então temos um acordo. Bem-vinda à guerra, Bellucci.
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Atualizado até capítulo 31
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