Cap. IV
Eu tinha acabado de completar 18 anos... e na minha cabeça tudo parecia tão confuso, mas ao mesmo tempo claro demais pra ser ignorado.
Leonard sempre foi presente... gentil demais pra ser só o pai do meu melhor amigo.
Eu sentia, com o tempo, que algo crescia dentro de mim toda vez que ele falava meu nome... ou me olhava daquele jeito meio rápido, meio hesitante, mas profundo.
Eu achava que era loucura. Mas com o passar dos meses, percebi que ele também deixava pistas. Comentários soltos, toques demorados demais.
Até que chegou aquele dia...
Matteo tinha dormido cedo depois da comemoração simples de aniversário que fizeram em casa para mim.
Eu fiquei pra ajudar a guardar as coisas.
Leonard me observava desde a porta da sala, apoiado no batente com um copo de vinho na mão.
Camisa levemente aberta no peito e aquele olhar que aprendi a decifrar aos poucos.
Leonard
Cresceu rápido demais mais... [disse com um sorriso que escondia outra coisa]
Angel
[se virou, com o coração a mil]
Angel
Agora ninguém mais pode me chamar de menino...
Angel
[tentou brincar, mas a tensão no ar deixava tudo mais denso]
Um silêncio que quase ardia.
Leonard
[largou o copo na mesa e se aproximou]
Angel
Eu preciso dizer algo!
Angel
[o interrompeu. E apenas o encarou, com a respiração presa, travado por um breve momento como se buscando todas as forças e coragem para aquilo]
E mesmo assim, mesmo com tudo gritando que era errado, eu disse:
Angel
Desde que me entendo por gente...
Angel
Eu te vejo de um jeito que nunca consegui explicar.
Sempre soube que algo em mim queimava diferente quando ele estava por perto.
Mesmo antes de entender o que era desejo, era ele que eu procurava na multidão.
Era o som da risada dele, a forma como me tratava com um cuidado disfarçado, como se eu fosse algo frágil demais pro mundo.
Angel
Crescer vindo aqui, vendo você...
Angel
Te achava tão fora do meu alcance.
Leonard
[ergueu uma sobrancelha, curioso]
Leonard
[com leve sorriso] Que foi isso agora?
Leonard
Tá filosófico porque ficou mais velho?
Angel
[se aproximou mais dele, com o coração acelerado. Era agora. Não podia mais fugir.]
Angel
[voz trêmula] Não... é só que...
Angel
Você sempre foi mais do que o pai do Matteo pra mim.
Leonard
[o olhou por um instante que pareceu durar minutos]
Nenhum som além do leve farfalhar da cortina na janela.
Angel
[tom de voz baixo] Eu... te vejo de outro jeito. Há muito tempo.
Angel
E por mais que eu tente, isso não muda.
Angel
Hoje… eu precisava dizer.
Angel
Nem que você me odeie depois...
Leonard
[os olhos se suavizaram, e suspirou intervindo]
Leonard
[sério] Você acha mesmo que eu não sabia?
Leonard
Você acha que eu nunca percebi seus olhares?
Leonard
Sua voz mudando quando falava comigo?
Leonard
Cada vez que você fingia não me ver, mas parava de respirar quando eu passava perto?
Leonard
Eu só não sabia se era certo…
Leonard
Mas você já é maior de idade agora. Então... se ainda sente mesmo isso….
Lembro-me perfeitamente da sensação fervente dentro de mim...
Como se eu já não tivesse lugar nenhum no mundo para me enfiar e me esconder.
E não tinha. Era tudo ou nada naquele momento.
Não o respondi com palavras.
O beijo chegou hesitante, quase tímido. Um toque de lábios cheio de medo, mas também cheio de verdade.
Leonard correspondeu com calma no início… e depois com fome.
As luzes estavam apagadas no corredor quando nós dois subimos, em silêncio, até o quarto de hóspedes.
Fui o primeiro a entrar. A porta se fechou atrás dele. E o mundo lá fora deixou de existir.
Leonard se aproximou, tocando meu rosto com as pontas dos dedos, traçando o contorno da minha mandíbula.
Seu toque era gentil, mas faziam-me queimar. Quanto aos seus olhos? ah! estes devoravam-me como um predador e ainda assim... com a paciência de toda uma vida ele sussurrou contra os meus lábios:
Leonard
Tem certeza disso?
Leonard beijou-me, um beijo tão intenso, tão prufundo, tão necessitado... E somente paramos quando a necessidade de fôłego foi maior do que a urgência do momento.
Mas seus lábios não cessaram, seguiram uma trilha úmida e quente até meu pescoço, o queixo, e os lábios novamente.
Com cuidado, foi tirando minha camiseta, revelando a pele ainda jovem, ansiosa, trêmula.
Ansioso puxei a dele também, admirando o corpo que tantas vezes imaginei em segredo.
Toquei o peıto dele com as mãos inseguras, mas desejosas.
Cada toque era uma explosão.
Cada suspiro dele no meu ouvido parecia acender algo que eu não sabia nomear…
Mas queria sentir. Viver. Marcar em mim.
Deitamos juntos, lentamente.
Os lençóis cheiravam a lavanda.
Nossas respirações se misturavam em gemiđos baixos, abafados.
Leonard guiava os movimentos com paciência, como se quisesse que eu sentisse cada detalhe.
As mãos grandes explorando meu corpo com reverência.
Nossos corpos se encaixando como se já pertencêssemos um ao outro há anos.
Foi ali que deixei de ser menino.
Foi naquela noite que meu corpo se moldou ao dele e eu soube...
mesmo que o tempo nos afastasse, mesmo que o mundo não permitisse... ele seria meu.
De alguma forma, ele sempre seria meu.
Um barulho de porta batendo faz Angel e Leonard se separarem.
O mais velho encosta a testa na do rapaz e, antes de se afastar, sussurra com um leve sorriso nos lábios:
Leonard
Se Matteo te convidar pra dormir aqui...
E com um último beijo na testa de Angel, ele sai para o quintal, apagando a churrasqueira e recolhendo as demais coisas esquecidas no jardim.
Comments
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aff, quer também, que inveja
2025-07-22
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off
Depois de uma dessas, eu mesmo me convidava pra ficar
2025-07-22
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off
Agora já pode sentar na pika sem culpa
2025-07-22
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