Eu fico observando ele dormindo como se fosse a coisa mais preciosa que esse mundo ainda me permitiu tocar. Sebastian tem aquele jeito bagunçado de deitar, o lençol sempre enrolado nas pernas, uma das mãos jogada por cima da cabeça, o cabelo uma bagunça quase intencional. Eu poderia passar horas olhando para ele, e talvez passe.
Sinto uma sensação idiota de paz, como se bastasse ele estar ali para que o mundo inteiro fosse menos cruel comigo. Me pego pensando nisso com uma certa vergonha. Eu era uma mulher decidida, livre, cheia de planos. Agora sou só essa pessoa que gira ao redor de um homem como se ele fosse o centro da minha gravidade.
Ele mexe a cabeça e eu paraliso. Meu coração acelera como se ele fosse acordar e me flagrar nesse estado patético de adoração silenciosa. Mas ele não acorda. Só vira de lado, e a camiseta sobe um pouco revelando aquela parte das costas que eu gosto de beijar. Eu sorrio.
Desde que ele entrou na minha vida, tudo o que era certo virou questionável. Meus limites, minha dignidade, minha noção de amor próprio. Eu sei. Em algum lugar aqui dentro eu sei que tem algo errado. Mas também sei que nunca amei alguém assim. Não desse jeito.
E isso me apavora.
Ele acorda pouco depois das sete, arrasta os pés até a cozinha e volta com duas canecas de café. Uma pra mim. Ele lembra do jeito que eu gosto, com duas colheres de açúcar e sem adoçante. Eu me derreto por coisas pequenas. Ele sabe disso. Ele sempre sabe como me prender.
— Dormiu bem? — ele pergunta, sentando ao meu lado.
Eu sorrio com a xícara entre os dedos.
— Melhor agora.
A gente se olha por tempo demais. Não como se fosse romântico, mas como se cada um estivesse tentando descobrir o que o outro está escondendo.
Sebastian tem esse mistério constante nos olhos. Ele nunca mostra tudo. Nunca se entrega totalmente. Isso me enlouquece. Não suporto saber que ele guarda coisas de mim. Que ele não me pertence por inteiro.
E ao mesmo tempo... talvez eu nem queira que ele pertença. Talvez o que me atraia seja essa sensação constante de que estou lutando por algo que não é meu.
Ele sai para trabalhar e eu conto cada minuto que ele está fora.
Não é saudade, é falta de controle.
Me pego olhando a tela do celular, esperando que ele mande uma mensagem. Qualquer coisa. "Oi". "Tô ocupado, mas pensei em você". Eu criaria um altar para uma mensagem dessas. Mas ele não é assim.
Quando ele chega, é como se o ar voltasse pros meus pulmões. Ele nem precisa fazer muito. Basta existir. Me olhar de um jeito certo. Me abraçar forte, e por um segundo tudo fica bem.
Mas só por um segundo.
Naquela noite, nós saímos. Jantar com amigos. Eu odeio quando tem outras mulheres na mesa. Eu rio das piadas antes delas. Eu o toco mais do que o necessário. Eu viro uma sombra possessiva, camuflada de namorada compreensiva. E ele nota. Sempre nota.
— Selena, relaxa. Elas são só minhas amigas.
— E eu sou só sua namorada?
Ele revira os olhos. Eu me odeio por perguntar. Me odeio por sentir. Mas o que eu posso fazer se ele é a minha droga favorita?
Quando voltamos para casa, brinco com o colar que ele me deu. Um presente de desculpas. Ele é bom nisso. Em fazer com que as pequenas coisas pareçam provas de amor. E talvez sejam. Ou talvez sejam algemas.
Eu deito do lado dele naquela noite e penso se ele tem medo de me perder.
Porque eu tenho pavor de perdê-lo.
E talvez seja essa a diferença entre nós.
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Atualizado até capítulo 54
Comments
Danielle Pereira
essa mulher é doente 🙄🙄🙄🙄 precisa se tratar não é normal uma pessoa dessa chega ser chata 🙄🙄🙄😏
2025-07-19
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