📖 Capítulo 5
A lua estava minguante, mas seu brilho parecia mais forte do que nunca.
Kaelya caminhava devagar pela mata densa, os olhos atentos a cada movimento das folhas, cada som abafado sob a terra.
O colar pulsava em sua pele.
Kirya estava inquieta — não por medo, mas por instinto.
> “Estamos sendo vigiadas,” murmurou ela para si mesma.
“E não é por qualquer criatura…”
Ela sabia: estava cruzando os limites. O antigo território dos Myrak acabava ali.
À frente, começava a terra onde nenhum lobo ousava entrar sem permissão.
A Floresta de Vetharn.
Lar do Alfa Primordial.
Território de Rhydian.
Mas Kaelya não recuou.
Era como se os galhos se afastassem para ela passar.
Como se a própria floresta soubesse quem ela era.
A cada passo, o ar ficava mais denso.
Mais escuro.
Mais... vivo.
As sombras entre as árvores se moviam com inteligência silenciosa. Corvos a seguiam nos galhos. Um uivo distante cortou o céu — longo, profundo, ancestral.
Kirya estremeceu dentro dela.
> “Ele sabe que estou aqui,” sussurrou Kaelya.
Ela chegou a uma clareira circular com pedras negras em volta, cobertas por musgos espessos.
No centro, uma estátua antiga de uma loba com olhos vazados.
Estava rachada, mas ainda de pé.
Ela tocou a base e uma runa brilhou.
> “Aquela que carrega o coração da lua é bem-vinda neste solo.”
Kaelya fechou os olhos. Respirou fundo.
E então… sentiu.
Não era um som.
Nem um cheiro.
Era uma presença.
Densa. Envolvente. Quente. Selvagem.
Seus pelos se arrepiaram. O colar brilhou.
Kirya se ergueu dentro dela com força. A loba queria sair, correr, rosnar, se mostrar.
Mas Kaelya permaneceu firme.
Seus olhos prateados brilharam enquanto ela sussurrava:
> “Eu sei que você está aí.”
Do alto da colina, entre as sombras das pedras, ele apareceu.
Rhydian.
Alto, de ombros largos, o corpo coberto por couro negro e cicatrizes visíveis até no frio da distância.
Os olhos dele... verdes, intensos, perigosos.
Seu cheiro cortava o ar — uma mistura de pinho, ferro e poder.
O lobo dentro dele, Blend, caminhava sob a pele. Quase visível.
Eles se encararam por longos segundos.
Não houve palavras.
Apenas reconhecimento.
> “Você...” ele disse, a voz rouca como trovão distante.
“É real.”
Kaelya não respondeu. Seus olhos estavam fixos nos dele.
Corações batendo em sintonia.
Lobos inquietos.
> “Ele é o que me faltava,” pensou ela.
“Mas também... o que pode me destruir.”
A tensão entre eles era palpável.
A floresta ficou em silêncio absoluto.
As runas no chão brilharam.
E por um instante, o tempo parou.
Mas antes que pudessem se aproximar, algo os interrompeu.
Um rosnado violento cortou o ar.
Das sombras, surgiu uma criatura — deformada, selvagem, com pelagem cinza suja e olhos ocos.
Um Vheron.
> “Não pode ser…” Rhydian murmurou, o punho se cerrando.
Kaelya recuou, mas não fugiu. Kirya rugiu por dentro, sedenta por lutar.
O Vheron atacou com velocidade sobrenatural.
Rhydian se lançou como um raio.
Em segundos, o monstro estava no chão, o peito rasgado pelas garras do Alfa Primordial.
A respiração dele era pesada. Os olhos, agora, brilhavam como brasa viva.
> “Eles não deviam existir mais...” disse ele, olhando para o corpo morto.
Kaelya deu um passo à frente.
> “Alguém está despertando os que deveriam estar adormecidos.”
Rhydian a encarou. Dessa vez, mais de perto.
Seu olhar percorreu o colar no pescoço dela.
Reconhecimento.
> “Você carrega a pedra de Elyra Myrak.”
Kaelya assentiu.
> “Minha mãe.”
Um silêncio profundo caiu entre eles.
> “Então é você...” ele murmurou, como se falasse consigo mesmo.
“A Filha da Lua Sangrenta.”
Kaelya sentiu o mundo girar ao redor dela.
Não por medo.
Mas por causa da força invisível que agora os ligava.
Rhydian deu um passo à frente. Kirya e Blend se agitaram como se quisessem se tocar. Mas os corpos não se moveram.
> “Ainda não,” ele disse.
“Se dermos esse passo agora… não haverá volta.”
Kaelya concordou com a cabeça.
> “Então espere por mim,” sussurrou ela.
“Eu ainda preciso lembrar quem eu sou por completo.”
Rhydian assentiu.
Mas seus olhos diziam tudo: ele a esperaria... ou destruiria o mundo por ela.
Kaelya se virou.
As runas a guiaram de volta pela floresta.
Mas nada seria como antes.
Agora, ela não era apenas uma loba.
Era herdeira de uma linhagem esquecida.
E havia olhado nos olhos do Alfa Primordial…
Sem tremer.
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Atualizado até capítulo 50
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