O jardim das camélias era um espetáculo grandioso, um mar de cores vibrantes onde o rosa suave das camélias se misturava ao vermelho intenso das rosas e ao púrpura aveludado das orquídeas que pendiam de árvores antigas. Mas, sem dúvida, o coração daquele paraíso era o lago de lótus, um espelho d’água sereno adornado por milhares de flores de lótus em tons de branco puro e rosa pálido, suas pétalas se abrindo suavemente ao sol da manhã. Cisnes deslizam elegantemente pela superfície, deixando um rastro de ondulações que quebravam a perfeição do reflexo do céu. O ar estava perfumado com uma mistura inebriante de jasmim e orquídea, uma fragrância que Liam, mesmo vindo de uma era de arranha-céus e poluição, achava estranhamente familiar e reconfortante.
Era um cenário de tirar o fôlego, um bálsamo para a alma de alguém que, como Liam, havia sido arrancado de sua realidade e lançado em um novo mundo. Ele, agora o Imperador, sentia o peso não apenas de uma coroa, mas de todo um reino. Um reino que havia sido governado por um tirano cruel, cujas sombras ainda pairavam sobre cada canto do palácio. Mas Liam estava determinado a mudar isso. As consequências do passado eram agora suas para lidar, e ele as aceitaria com a cabeça erguida.
Enquanto seus pensamentos o levavam para longe, uma figura delicada aproximou-se com uma cautela quase imperceptível. O Consorte Haneul movia-se como uma brisa, tão silencioso que Liam só percebeu sua presença quando o perfume suave de sândalo e orquídea que emanava dele chegou aos seus sentidos. Haneul estava vestido com um hanbok de seda azul-claro, as mangas longas cobrindo as mãos, e seus olhos grandes e escuros estavam fixos no chão, como se temesse erguer o olhar.
__"Pensei que não viria," Liam disse, um leve sorriso gentil despontando em seus lábios. Ele tentava, com todas as suas forças, transmitir uma calma que raramente sentia em sua nova pele.
A voz de Haneul era um sussurro quase inaudível, carregada de um medo profundo e enraizado.
___"Eu realmente pensei em não vir."
O sorriso de Liam desvaneceu-se um pouco. Era doloroso saber que as cicatrizes deixadas pelo antigo imperador eram tão profundas que o simples ato de aparecer em sua presença era um tormento para Haneul. Uma onda de tristeza inundou o peito de Liam. Como ele poderia desfazer anos de terror e opressão?
___"Gostaria de dizer que, a partir de agora, tudo vai mudar," Liam começou, sua voz suave, mas firme, um contraste com a hesitação de Haneul.
___"Não precisa ter medo. Sei que as mágoas são físicas e mentais, e que o passado foi cruel."
Ele escolheu as palavras com o máximo cuidado, temendo assustar ainda mais o jovem consorte.
Haneul, no entanto, não levantou o olhar. Sua voz era um lamento quase inaudível.
__ "Majestade... por que está tentando mudar agora?"
Liam respirou fundo, tentando manter a paciência.
__"Todos merecem uma segunda chance,"
ele respondeu, com um sorriso gentil. A frase parecia simples, mas carregava consigo todo o peso de sua determinação. Ele se esforçava para manter a conversa, para construir uma ponte onde antes havia apenas um abismo, mas era incrivelmente difícil.
Haneul era, de fato, o mais quieto e calado entre os consortes. Enquanto os outros demonstravam sua raiva e sarcasmo em palavras mordazes, Haneul era uma figura de melancolia profunda, quase depressiva. Era como se ele mal existisse. Não sorria, não fazia barulho ao andar, sua presença era quase imperceptível, uma sombra que se fundia ao fundo. Liam sentia seu coração apertar ao ver a tristeza estampada nos olhos de Haneul, uma dor que ele mal conseguia suportar. Como poderia mudar a situação deles, de todos os consortes, que viviam sob o jugo do medo?
Apesar da dificuldade em manter o diálogo, um silêncio confortável se instalou entre eles. Era uma companhia silenciosa, mas significativa, um primeiro passo hesitante para um novo tipo de relacionamento. Liam aproveitou o momento para observar a serenidade do lago, imaginando o que Haneul pensava.
___"Você pode ficar à vontade para passear pelo jardim, sempre que tiver vontade,"
Liam disse, com um sorriso que esperava transmitir sinceridade e acolhimento.
Aquelas palavras causaram um pequeno choque em Haneul. Ele finalmente ergueu o olhar, seus olhos grandes se encontrando com os de Liam por um breve instante. __"Sério, Majestade?"
Ele parecia genuinamente surpreso. ___" Majestade sempre proibiu que a gente chegasse perto... disse que não éramos dignos de tal beleza."
Uma onda de alegria silenciosa percorreu o coração de Haneul. A permissão de Liam era mais do que um simples convite; era uma libertação. Passara tanto tempo confinado em seus aposentos, com medo de sair, com medo de tudo. Poder passear no jardim de lótus, um lugar que antes era um sonho proibido, era como um raio de sol atravessando a escuridão. O pequeno, quase imperceptível sorriso que despontou nos lábios de Haneul era um testemunho da esperança que Liam acabara de reacender.
O que acontecerá agora que Haneul tem a liberdade de explorar o jardim? E como Liam continuará a desmantelar os legados do tirano que o precedeu?
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Atualizado até capítulo 50
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