O Primeiro Jantar
Conquistar o respeito de generais e ministros era uma coisa. Reconstruir a confiança de três consortes que haviam sido feridos repetidas vezes... era outra bem diferente.
Mas eu precisava começar por algum lugar.
Na manhã seguinte, mandei preparar um jantar informal no Pavilhão de Jade — um salão rodeado por lanternas suaves e janelas que se abriam para o lago espelhado. Nada de guardas, nada de criados em fila. Apenas uma mesa baixa, com travessas quentes, vinho suave e o som da água correndo do jardim.
E três lugares. Para eles.
Ren foi o primeiro a chegar.
Vestia roupas simples, mas seu porte ainda exalava autoridade. Sentou-se em silêncio, sem sequer me olhar. Ficou observando os pratos como se fossem parte de uma armadilha militar.
Zian apareceu depois, sorrindo com ironia.
— Então o imperador agora serve jantares? Daqui a pouco vai lavar roupa com a gente no rio.
— Quem sabe. — respondi, oferecendo um copo de vinho. — Seria um bom começo, não?
Ele arqueou uma sobrancelha, claramente sem saber como responder. Aceitou o copo.
Haneul chegou por último, passos leves, quase sem fazer som. Ele hesitou ao ver os dois já sentados, e por um momento pensei que fosse voltar... mas entrou. Silencioso, como uma sombra gentil, e se sentou no canto, sem dizer nada.
Observei os três. Nenhum parecia à vontade.
Respirei fundo.
— Convidei vocês aqui porque... sei que palavras não são suficientes. Mas ainda quero tentar. Nem que eu precise começar com silêncio e comida quente.
Zian foi o primeiro a pegar os hashis. Pegou um bolinho de arroz e mordeu, arqueando a sobrancelha.
— Hm. Pelo menos o sabor não mente.
Ren ainda não havia tocado na comida.
— Isso não muda nada. — disse ele. — Você pode sorrir, se fazer de justo... mas nós lembramos de tudo. De cada ofensa. Cada humilhação.
— Eu sei. — falei baixo. — E é por isso que não vou pedir que me desculpem. Vou apenas... provar com ações. Uma de cada vez.
Haneul finalmente se moveu. Pegou um pouco do ensopado e comeu devagar. Seus olhos se encontraram com os meus por um breve instante. Ele não sorriu, mas assentiu — quase imperceptível.
Zian continuava comendo, despreocupado, mas não zombava tanto quanto de costume.
Ren, porém, parecia inquieto.
— Você tem ideia do que fez com a gente? — sua voz saiu baixa, mas carregada. — Quantas vezes fomos expostos ao ridículo? Trocados por jogos de poder? E agora quer que compartilhemos uma refeição?
— Não. Eu só quero que compartilhem uma chance.
Ren apertou os punhos. Mas então, devagar, pegou um pedaço de carne e mordeu. O silêncio entre nós ficou mais denso. Quase íntimo.
Por um instante, houve paz.
Três corações partidos, um imperador reencarnado, e uma mesa entre nós tentando unir o que antes só existia por obrigação.
O jantar seguiu sem grandes palavras.
Mas no final, Zian se levantou com um sorriso enviesado e comentou:
— Isso foi… suportável. Quase agradável. Não se empolgue.
Ren saiu sem olhar para mim, mas com passos menos duros.
Haneul, por último, parou na porta. Virou-se lentamente.
— Amanhã... posso ir ao jardim. Se quiser conversar.
Meu coração deu um salto.
— Claro. A hora que quiser.
Ele assentiu. E se foi.
Fiquei sozinho na sala, com o cheiro da comida ainda no ar. E pela primeira vez desde que abri os olhos neste novo mundo... me senti menos sozinho.
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Atualizado até capítulo 50
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