Entre Lobos: A Maldição dos Trigêmeos
Capítulo 5 – Três Lobos, Três Corações
Narrado por Bella
O elo tinha se formado.
E com ele, vieram as dúvidas. Os desejos. As sensações estranhas que tomavam conta do meu corpo como se fossem impulsos antigos, ancestrais, despertos pela primeira vez.
Passei a noite em claro, virando de um lado para o outro, como se minha própria pele não me coubesse mais. Estava sensível demais. Viva demais. O mundo ao meu redor parecia respirar comigo. As árvores, os ventos, até a lua — tudo pulsava em outro ritmo.
Um ritmo que vinha deles.
Dos três lobos que agora me cercavam.
Não houve toque. Não houve beijo. Mas o ar entre nós carregava promessas que eu ainda não sabia se queria cumprir. Parte de mim gritava que isso era insano. Que eu precisava fugir, apagar tudo, voltar a ser quem eu era antes.
Mas quem eu era antes... já não existia.
Pela manhã, fui até o riacho ao sul da vila. Sempre que precisava pensar, era ali que eu me escondia. Me sentei numa pedra grande e molhei os pés, respirando o ar gelado e tentando acalmar o coração. Foi então que senti.
Leo.
O cheiro de terra molhada e madeira queimada sempre vinha com ele. Forte. Protetor. Presente.
— Não vim invadir seu espaço — disse ele, aproximando-se com cautela. — Só... queria te ver fora da tensão daquela vila.
Assenti, e ele se sentou ao meu lado.
— Você sempre foi o mais calmo dos três — comentei, olhando para a água.
— Nem sempre — ele sorriu de canto. — Mas com você, é diferente. Meu lobo fica em paz. E eu também.
Silêncio confortável. Quente. Ele não me tocava, mas sua presença me envolvia.
— Está assustada? — ele perguntou.
Assenti de novo.
— Assustada por sentir tanto... por três ao mesmo tempo.
Leo se inclinou levemente, o olhar profundo como o céu antes da tempestade.
— Não precisa escolher. Não agora. O elo nos deu a mesma ligação. Mas só o tempo vai mostrar o que cresce em cada laço. Eu não vou forçar nada. Só quero te proteger. Sempre.
Eu encarei seus olhos. E por um instante, tive vontade de tocá-lo. Mas me contive. Ainda era cedo. Mas não tarde demais.
Ele se levantou e me estendeu a mão. Peguei, sem hesitar. E ali, no simples toque de dedos, havia mais calor do que em qualquer abraço.
Mais tarde, quando voltei à vila, Tony estava me esperando.
Apoiado numa cerca de madeira, braços cruzados, olhar penetrante.
— Ele te viu primeiro hoje, não é? — perguntou.
— Leo?
Tony assentiu. Um sorriso debochado nos lábios, mas havia algo mais nos olhos dele. Uma tensão que me provocava.
— Você não é como as outras — disse. — Nenhuma teria suportado estar entre nós três por mais de um dia sem surtar.
— E você não é como os outros lobos que conheci — retruquei, firme.
Ele riu. Um riso rouco, quase perigoso.
— E ainda assim, aqui estamos.
Se aproximou devagar. Muito mais do que Leo, Tony era feito de instinto e provocações. O tipo de homem que você sente antes de ver. E o tipo de lobo que morde antes de latir.
— Sabe o que mais gosto em você? — sussurrou, parando a centímetros do meu rosto. — Que seu corpo diz “sim” mesmo quando sua boca tenta dizer “não”.
Minha respiração falhou.
Ele ergueu a mão, mas não me tocou. A ponta dos dedos pairava perto do meu queixo, esperando permissão. Eu não dei.
Mas também não me afastei.
Tony se inclinou. E então, devagar, quase reverente… seus lábios roçaram os meus.
Foi um beijo breve.
Mas ardente.
Fechei os olhos, sentindo o gosto dele — selvagem, quente, intenso.
Quando nos separamos, ele não disse nada. Apenas sorriu, como se tivesse ganhado uma batalha silenciosa, e se afastou, me deixando ali, tremendo por dentro.
Ao anoitecer, fui para a colina onde as fogueiras eram acesas nos rituais antigos. Queria ficar sozinha. Mas não havia mais solidão desde o elo.
Victor surgiu na penumbra, silencioso como a própria noite.
— Você beijou Tony.
— Foi só… — parei. Não conseguia mentir.
Ele se sentou ao meu lado, mas não me olhou. Ficou em silêncio por alguns minutos.
— Não me importo — disse enfim. — Não com isso. Só quero entender... quem você é com cada um de nós.
— E quem eu sou com você?
Ele virou o rosto devagar. Os olhos brilhando à luz da lua.
— Comigo… você é a parte que ainda não se conhece.
Arrepios subiram por todo meu corpo.
Victor era sombra e enigma. Mas também era intensidade crua. Quando sua mão tocou a minha, senti como se ele puxasse partes esquecidas de mim para a superfície.
Não houve beijo.
Não houve palavras.
Mas o olhar que trocamos… foi um laço mais profundo que qualquer toque.
Naquela noite, me deitei sem saber o que sentir. Meu corpo queimava com o beijo de Tony, meu peito doía de ternura por Leo, e minha alma ainda vibrava com o silêncio de Victor.
Três lobos.
Três corações.
E o meu… dividido entre eles.
Mas algo me dizia que isso não era o fim do elo. Era só o começo.
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Atualizado até capítulo 34
Comments
kyra Silva
mais eu tô gostando mesmo assim
2025-07-11
0
kyra Silva
tá muito chato muitos textos enormes
2025-07-11
0
Alexandra Moreira da Silva
intensidade
2025-07-09
0